JSD – HB - Lusa
Cidade da Praia, 27
mai (Lusa) - A oposição de Cabo Verde criticou hoje no parlamento a
"ausência de políticas" do Governo para São Vicente, ilha em que a
taxa de desemprego é a maior do país e onde o próprio partido governamental
admite preocupação.
Num debate
parlamentar iniciado hoje sobre a situação que se vive em São Vicente, Carlos
Veiga, líder do Movimento para a Democracia (MpD), afirmou que, além do
desemprego (cerca de 30%), a ilha "está parada e bloqueada", após 12
anos de governação do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
"A estagnação
que afeta o arquipélago é mais profunda e extensa e, em São Vicente, poderá ser
combatido com medidas alternativas concretas que invertam o plano inclinado em
que o país se encontra. A ilha está parada. Está bloqueada", afirmou Carlos
Veiga.
Para Carlos Veiga,
que deixará a liderança do MpD após as eleições diretas de 16 de junho próximo,
deixando o caminho aberto a Ulisses Correia e Silva, vice-presidente do partido
e único candidato, a situação económica, financeira e social do país é "grave
e de verdadeira emergência", fruto de um "modelo desenvolvimento de
reciclagem de ajudas insuficientemente virado para o exterior".
"São Vicente
pagou caro alguns dos erros do Governo (de José Maria Neves) em relação ao
modelo desenvolvimento adotado para Cabo Verde, pois foi abandonada a opção
pela indústria exportadora, deixando desaparecer inúmeras fábricas que davam
milhares de empregos aos mindelenses", sublinhou.
Por seu lado, o
deputado Hermes Santos, do PAICV, admitiu que o desemprego é um problema
"estrutural" de São Vicente e apelou ao Governo para criar condições
para acelerar os projetos previstos para a ilha.
Hermes Santos
defendeu, porém, que São Vicente é a segunda ilha do arquipélago com maior
número de empresas ativas, pelo que se tornam necessário o "empenho de
todos e medidas claras".
"Não podemos
ficar indiferentes face ao desemprego em S. Vicente e isso tem-nos preocupado
imenso, principalmente o desemprego na camada juvenil", sublinhou.
Discursando no
debate, o primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou que a oposição mantém os
"discursos demagógicos" quando diz que os investimentos são feitos
apenas na ilha de Santiago.
"Para angariar
votos, a oposição não de coíbe de pôr umas ilhas contra as outras, na vã
tentativa de dividir para reinar", sublinhou José Maria Neves, garantindo
que o Governo tem investido em todas as ilhas em função das necessidades e da
vocação de cada uma.
José Maria Neves,
também presidente do PAICV, defendeu que tem havido um "grande
equilíbrio" no desenvolvimento das diferentes ilhas, enumerando um
conjunto de realizações fora da de Santiago, onde se localiza a capital, Cidade
da Praia.
O Governo tem
previsto instalar em São Vicente um "hub" de transportes marítimos e
de reparação naval no Atlântico Médio, além de pretender criar um Centro
Internacional de Negócios, de forma a desenvolver a economia local e diminuir a
taxa de desemprego.
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