Verdade (mz) -
editorial
Na semana passada
ficámos a saber, por intermédio da imprensa, que a empresa pública de
transportes urbanos ia lançar uma carreira de luxo para quem pode, na maior das
comodidades, pagar 70 meticais por viagem. Na ocasião, estávamos convictos de
que o festival de disparates, desrespeito e atropelo aos direitos elementares
dos utentes não poderia chegar mais longe. Puro engano. O pior, afinal, ainda
estava por vir.
No início desta
semana, qual cereja no topo do bolo, a Empresa Municipal de Transportes Públicos
de Maputo (EMTPM) lançou um anúncio de abate, onde torna público que vai
proceder à alienação de 33 autocarros e três viaturas ligeiras, todos
imobilizados. Qualquer coisa não bate certo neste anúncio, sobretudo quando
voltamos no tempo para confrontar a retórica executiva de outrora.
Os mesmos
autocarros que hoje são descartados foram apontados como a bandeira que vinha
salvar o caos no sector dos transportes. A China, disse-o Luísa Diogo, na
altura Primeira-Ministra, era uma boa alternativa. Portanto, a desculpa que se
avança agora, para descartar, em menos de seis anos, autocarros que custaram,
cada um, 141 mil dólares é, na melhor das hipóteses, ridícula.
Afirmar, assim sem
pejo, que o fabricante não produz peças sobressalentes e que, por isso, temos abdicar
de autocarros que significam um prejuízo de 3.5 milhões de dólares aos cofres do
Estado é, à falta de melhor termo, celebrar a irracionalidade de um Governo
eleito por maioria absoluta. O que será daquelas pessoas que outrora defenderam
com unhas e dentes que era melhor comprar na China? Ninguém será
responsabilizado por tamanho desperdício?
A declaração
pública da PCA da EMTPM, em face do abate, aponta para o sentido de que não há
peças sobressalentes. No mínimo, este anúncio concludente reflecte ausência de
planificação sem enquadramento mesmo nas mentes mais torpes. A razão de ser
deste ponto de vista, que ora lançamos, resulta de que mesmo na gestão de uma
barraca é necessário fazer previsões e antecipar os riscos. Não passou pela
cabeça de nenhum gestor público, a ser verdade que já não se fabricam
sobressalentes, que tal poderia ocorrer? Temos de deixar de ser um país que
ataca sintomas.
Temos de
responsabilizar criminalmente os cidadãos que nos impingem hipocritamente esse
tipo de embustes. Moçambique é hoje um lugar caótico em termos de transporte
onde os governantes, apenas porque sim, apenas porque há qualquer coisa dentro
deles que os faz sentirem- -se acima da lei, tomam decisões irresponsáveis.
Basta...
Sem comentários:
Enviar um comentário