sábado, 25 de maio de 2013

PROPOSTAS PARA O FIM-DE-SEMANA



Rui Peralta, Luanda

Este fim-de-semana vamos concluir a viagem ao Imaginário e às dimensões do Fantástico, que iniciámos no passado fim-de-semana, para quebrar a rotina do emprego ou do desemprego. Como já sabem, não precisam de preparar bagagens nem de ter dinheiro. Basta ir. Tão-somente. Comecemos então.

O Reino do Grande Ocidente

O Reino do Grande Ocidente comporta uma fauna imensa de seres exóticos. Nas cavernas profundas vivem os Dragões do Ocidente, que mais não são do que enormes serpentes aladas que exalam fogo e fumo através das suas enormes narinas. Nos bosques e florestas deste reino habitam os Hidebehind, um pequeno e inofensivo animal, que tem a particularidade de se esconder por detrás de quem quer fugir, permanecendo escondido, nas costas do adversário. O viajante encontrará também o Roperite, do tamanho de uma criança, mas com um bico maleável flexível, em forma de corda, com o qual enlaça as suas presas favoritas: os coelhos. De certeza que vai irritar-se com o Teakettler, pequeno, barulhento, que fumega pelas narinas e caminha para trás, uma espécie inofensiva mas que incomoda, pelo barulho que produz, semelhante ao de uma chaleira e ficará deslumbrado com o Axehandle Hound, um animal em forma de machado de lenhador e que se alimenta de madeira.

Nos bosques e nas pradarias, abundam os Gatos de Kilkenny, gatos peludos, enormes, de várias cores, que riem como hienas e que se não estiverem com a barriga cheia, devoram-se uns aos outros. Mas há também uns animais complicadíssimos, os Hankrafz Azraniel, seres alados, com corpo de lobo e com 4 cabeças, uma de urso, outra de águia, uma de javali e outra de coruja. Ficam imóveis durante o dia, mas durante a noite, têm o hábito de provocarem distúrbios na floresta. A sua dieta inclui alguns animais de pequeno porte e insectos. Adoram mel e doçarias.

Outra das espécies que por aqui são encontradas é a Lebre Lunar, uma pequena lebre cinzenta, que uiva nas noites de Lua cheia. Um dos animais mais perigosos e com o qual devem ter imenso cuidado, é o Peludo, um animal esférico, com cabeça de serpente e corpo coberto de pelo verde, armado de aguilhões mortais, na sua imensa cauda. Quando se enraivece lança fétidas chamas das suas narinas. Vive nas margens dos rios onde se esconde.

No Norte do Reino habita o Javali Acorrentado, assim chamado porque o seu corpo é protegido por uma carapaça de ferro, em forma de correntes em torno do corpo. Partilha o espaço com a Quimera, de cabeça de urso, corpo de cabra e cauda de serpente. São animais tímidos, que nunca se deixam observar, assim como o Réptil de Lewis, um anfíbio do tamanho de um homem, com corpo de vespa, cabeça de salamandra e patas de centopeia. Nas províncias do Sul predominam os Squonk, símios de pequeno porte, que imitam um som semelhante ao choro e que têm os olhos constantemente a lacrimejar Um dos animais mais curiosos desta região é a Truta das Árvores, uma truta voadora que faz o seu ninho nas árvores e que não vive, nunca, na água.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       
Nos céus dominam os Goofus, um pássaro que voa para trás, o Gillygaloo, cujos ovos são quadrados e o Pinnacle Grouse, que só tem uma asa e que, por isso, voa em círculos. Um animal deslumbrante que habita neste reino é a Fénix, uma ave imensa, idêntica á águia-real, mas muito maior, com penas douradas e bico cor de carmesim Habita nas Grandes Montanhas, uma região montanhosa a grande altitude no Reino do Grande Ocidente. Estas aves põem ovos, mas engolem-nos logo de seguida e as suas crias são geradas dentro dos ovos, mas no interior dos seus ventres. Tem a capacidade de resistir ao fogo e pode atravessar um mar de chamas que nem fica chamuscada. A sua alimentação é igual á de qualquer ave carnívora.

Também os mares deste reino são habitados por seres curiosos. Um dos maiores perigos destas costas são as Rémoras, não pela sua agressividade, pois são pacíficas, ou pelo seu tamanho, mas pelo facto de se agarrarem ao fundo dos barcos, em tão grande quantidade que as embarcações se imobilizam. Uma outra espécie marítima bem mais perigosa é o Zaratan, de um tamanho descomunal, meio baleia, meio tartaruga, com uma forma muito curiosa de caçar: coloca-se, imobilizada, á superfície, criando a ilusão de uma pequena Ilha. Quando os marinheiros incautos nelas desembarcam, o Zaratan arrasta os infelizes para as profundezas do mar, onde os devora. Outro peixe característico deste reino é o Goofang, um peixe grande que nada para trás, completamente inofensivo.

Este reino é governado pelo Rei Talos, uma figura controversa, que tem metal e pedras incrustados no corpo: um tronco de mármore, dentes de ouro, um olho de diamante, um joelho de safira, um braço de ferro e uma mão de aço. Talos é um típico rei guerreiro, beligerante e pouco simpático, mas não é um tirano. Aliás os seus poderes são bastante reduzidos e limitam-se ao garante da defesa do Reino.

As grandes decisões são tomadas pelas Valquírias, essas sim as grandes protectoras do Reino, responsáveis pela segurança dos mares e pela expansão territorial do reino, assim como pela sua administração. É a única tribo do Reino, exclusivamente feminina. Cruzam-se com estrangeiros, que depois são expulsos, podendo, no entanto, permanecer no Reino, como auxiliares de Talos, se este assim o desejar. Quanto às suas crias, só ficam com as do género feminino. Os rapazes, quando fazem 18 anos, são enviados para a Guarda Real, de Talos e ficam ao serviço deste, ou tornam-se sacerdotes auxiliares de Haokah, o sacerdote supremo, Senhor do Trovão.
        
O Reino do Grande Oriente

Existem dois seres que marcam este Reino: o Unicórnio Amarelo e o Zorro Voador. No Unicórnio Amarelo mistura-se o cavalo que lhe dá o corpo, os cascos e a cabeça, o boi, que lhe dá a cauda e o rinoceronte que lhe oferece o corno nascido na frente, entre os olhos. O seu corpo é coberto por um pelo amarelo e é completamente inofensivo para qualquer criatura menos para as malignas, pois anula todos os poderes maléficos. Habita as vastas planícies do reino. Já o Zorro Voador é, em termos fisiológicos e anatómicos, um asno absolutamente normal, só que tem umas enormes asas que lhe proporcionam o poder de voar, para além de ter a capacidade de prever o futuro e criar ilusões nas fadas. Além disso pode provocar incêndios se golpear a terra com a sua cauda e criar vendavais se começar aos coices no ar. Habita nas regiões montanhosas.  

Na fauna exótica deste reino, o viajante será confrontado com o Dragão do Oriente, um ser alado, com dois cornos, enormes garras, escamas hexagonais e o dorso constituído por aguilhões. Cospe fogo e fumo pelas suas narinas. Outros estranhos animais que habitam estas paragens são; o Chiang, um tigre com cabeça de cobra; o Xouti, um cão com duas cabeças, uma em cada extremidade do corpo; o Sihao, uma ave com cara e asas de coruja, corpo de macaco e cauda de cão; o Sing-Sing, macacos de pelo escuro, com enormes patas brancas, que caminham erectos; o Cão das Montanhas, um cão minúsculo, que se move com grande rapidez; a Serpente Musical, uma serpente voadora, com 4 asas e que emite sons idênticos aos de uma flauta transversal; o Ping-Feng, um porco escuro com duas cabeças, cada uma na sua extremidade; o Cavalo Celestial, um cavalo alado, voador e a Fénix anã, uma Fénix que cabe na palma da mão de um homem.

Para além desses o viajante ainda pode apreciar o Galo Celestial, um galo hermafrodita, que põe ovos de várias cores, tem plumagem dourada e três patas; a Óctupla Serpente, uma pequena serpente com 8 cabeças e oito caudas e o Xangiang, um pequeno pássaro cantor que incha com a chuva. Já o Roque, parecido com o condor, mas muito maior, com duas fileiras de dentes, instalados na parte interna da sua boca em forma de bico (devorador de Homens), o Tixiang, um pássaro de plumagem vermelha com 6 patas e 4 asas, sem olhos e o Simurg, um pássaro com pluma alaranjada, cujo canto enlouquece os Homens, só poderão ser observados a uma distância segura e com um guia experiente.

Nos mares o único espécimen curioso é o Hua, um peixe voador, com asas de pássaro, que nidifica nas árvores, mas que habita os mares.

O Reino do Grande Oriente é governado pelo Imperador Vermelho, da tribo Xin, que reúne o apoio das tribos Mon e Gol, guerreiros e pastores, que por sua vez garantem a pacificação do reino e exercem o domínio sobre os Xuaritou, pescadores fluviais, os Singtien, comerciantes e pastores nómadas, os Braços Compridos, pescadores no alto-mar, os Seaman, marinheiros e comerciantes e por fim a tribo dos Braços Raros, célebres artesões e fabricantes de armas. Mas nem sempre foi assim.

A Historia milenar deste reino está recheada de guerras e conflitos. Antes de ser um reino unificado, este território era constituído por 4 reinos, Após um período conturbado, que se prolongou por mais de 200 anos, durante os quais as guerras tingiram os rios de sangue, os Xin conseguiram unificar o território e formaram o Reino do Grande Oriente.

A Terra das Fadas

A Terra das Fadas é uma hierarquia de Republicas. Todas as Republicas devem obediência á Rainha das Fadas, Morgana e estão sobre a sua protecção. As Fadas, propriamente ditas, não têm uma Republica, mas sim um Reino, que domina todo o território.

Nesta hierarquia, sendo o Reino das Fadas o centro principal de decisão, a república dos Elfos ocupa o plano imediato. Os Elfos são seres de baixa estatura, turbulentos, óptimos arqueiros e senhores de práticas mágicas que influenciam os sonhos, dai a sua república ser oficialmente designada por Republica Onírica dos Elfos. Apenas devem obediência ao Reino das Fadas e tê um estatuto superior às restantes repúblicas.

Os terceiros da hierarquia são os Eloi, aristocratas inatos, que passam o seu tempo em jogos ociosos nos seus enormes jardins. São senhores de uma delicada magia, baseada na sedução e na preguiça. Os Elói têm fama de destruidores de economias dos reinos ou repúblicas (excepto a deles, que é financiada pelo Reino das Fadas, para os manterem sob seu controlo).

Seguem-se os Morlocks, cuja república é oficialmente designada por Republica Subterrânea Morlock. São seres parecidos com as toupeiras, construtores de máquinas de perfuração, que habitam no subsolo e todos os seus poderes mágicos são baseados na escuridão. Constituem o oposto dos Eloi, pois são autênticos alienados pelo trabalho.

Em quinto lugar estão os Gnomos, anões barbudos, guardadores de tesouros e senhores de uma poderosa magia provocadora de ilusões. A Republica dos Gnomos, aliás, é um autêntico depósito de tesouros, ou melhor, representa o cofre da Terra das Fadas.
  
As próximas da escala são as Harpias, seres alados, do género feminino, que vivem do rapto. Comedoras de carne humana, as Harpias raptam os homens para se reproduzirem, seduzindo-os com rituais de encantamento. Quando já não precisam das suas vítimas, devoram-nas. A sua chefe é a Presidente Diana, a única Harpia arqueira e a sua república é oficialmente designada por Republica das Fúrias.

A Federação das Republicas Ninfas é o nível seguinte desta hierarquia das Terras das Fadas. Esta é uma Federação de 3 repúblicas: A Republica Hamadríada, habitada pelas Hamadríadas, Ninfas dos bosques; a Republica Nereide, habitada pela Nereides, Ninfas do mar e a Republica Náiade, habitada pelas Náiades, Ninfas dos rios. As Ninfas são hermafroditas e os humanos não as podem ver, pois ficam loucos e se as virem nuas, morrem.

A Federação Sátira é outra Federação de 3 Republicas Autónomas representativas das 3 etnias de Sátiros: Faunos, Pãs e Silvanos. Metade homens, metade bodes, os Sátiros eram senhores de uma intricada magia sexual, grandes tocadores de flauta, principalmente os Pãs e excelentes provadores de vinhos.

A Republica Oceânica das Sereias, uma Republica no mar, com uma direcção colegial é a seguinte na hierarquia. Conhecidas pelo seu canto que enfeitiça os homens portadores da saudade do amor, as Sereias, metade mulheres, metade peixe, reúnem-se em torno de uma ilha viva, um Zaratan, oferecido às sereias pelo Reino do Grande Ocidente, para que os marinheiros deste reino não fossem atraídos pelo canto das sereias. A sua Presidente é Parténope, a mais bela de todas as Sereias.

A última republica desta hierarquia da Terra das Fadas é a Republica Aérea dos Sílfides, a república dos Silfos, seres intermédios, entre a materialidade e a imaterialidade. Têm a capacidade de voar e de se tornarem invisíveis, para além de se teletransportarem e atravessarem muros e paredes, aparecerem ou desapareceram subitamente e assumirem diversas formas. Não têm qualquer chefe, nem é conhecida nenhuma instituição na sua república, para além da Assembleia dos Silfos, pelo que a sua república é autogestionária.
  
Para além destes povos e repúblicas, há que salientar as 3 Nornas, 3 gémeas que representam o Presente, o Passado e o Futuro e que tecem o destino dos que se perdem. São temidas pelas fadas e Morgana estabeleceu um acordo com as gémeas tecedoras dos destinos das almas perdidas, alojando-as nas profundezas das cavernas do seu palácio real.

Papel importante na estrutura militar, desempenham as Salamandras, que existem em grande número por estas bandas. As Fadas adestram-nas para cumprirem serviços militares diversos, pelo que as Salamandras se tornaram especializadas nas artes do combate e temíveis pela sua tenacidade e argúcia.

A Ilha Suspensa

A Ilha Suspensa é um território suspenso no ar, localizado por cima da Terra das Fadas. Os seus principais habitantes são os Anjos, humanos alados, dedicados á teologia. Não têm chefes, nem instituições. Não são reino nem república. Vivem em comunidade e comunicam por telepatia. São afáveis, generosos e dedicam-se á espiritualidade.

No outro extremo da Ilha situa-se o Reino dos Monóculos. Os Monóculos são constituídos por 4 tribos: os Ciclopes, os Galanteus, os Crifos e os Arimaspos, que se reúnem no Grande Curral, um parlamento de todas as tribos. Os Reis são eleitos por 4 anos, demorando cada ciclo completo tribal 16 anos. O seu Rei actual é um Galanteu chamado Polifemo.

Para além destas duas importantes comunidades, existem diversos seres míticos como o Baldanders, que assume diversas formas e não tem nenhuma; o Basilisco, também ele transformista, mas cuja forma inicial é de estátua de serpente; a Cila, uma ninfa que tem o poder de se metamorfosear; Cronos e Hércules, inseparáveis heróis, sendo que um é mestre do tempo e o outro um exemplo de coragem e tenacidade; o Duplo, um ser que se assume como duplicação do que quer que seja e seja de quem for; a Garuda metade mulher, metade águia; o Golem, um gigante descomunal; Lilith, uma serpente que assume a forma de uma mulher alta, com longos cabelos negros e seios opulentos; o Minotauro, meio touro e meio homem e o Odradek, um simpático pedaço de madeira falante.

No mundo vegetal existem duas preciosidades na Ilha Suspensa: as Flores do Âmbar, uma linda flor cristalina, carnívora, que faz do lobo o seu alimento predilecto e o Borametz, um cordeiro vegetal, coberto com penugem dourada e com raízes de prata, alimento predilecto dos Lobos. Escusado será dizer que onde existe o Borametz existem Flores do Âmbar.

Já a variedade animal é imensa nesta Ilha que flutua nos céus. O viajante depara-se com os Antílopes de 6 Patas, o Asno de 3 Patas, o Catóblepas, um búfalo com uma cabeça enorme e uns chifres grossos e pesado, o Centauro, um gorila cavalo, a Crocota, uma hiena com pelo e cauda de lobo e a Leucrócota, um gnu com cabeça de hiena, o Cat Lamb, um gato selvagem com corpo de ovelha, o Grifo, um leão alado, o Kuyata, um enorme touro, com 4 mil olhos, o Mirmecoleão, um papa-formigas com duas cabeças em cada extremidade e por fim o Aqueronte, um hipopótamo maior que uma montanha, que lança-chamas dos olhos.

No mar suspenso, o grande lago da Ilha Suspensa, podem apreciar as brincadeiras aquáticas do Fastitocalon, uma enorme baleia com formato de golfinho e barbatana de tubarão.

Espero que tenham gostado da proposta. Aproveitem. E um último conselho de viagem- Esqueçam aquela do “Há mar e mar, há ir e voltar”. Viagem sem preconceitos, receios e medos. Opte antes por “Amar e ir, amar e voltar”.

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