quarta-feira, 15 de maio de 2013

Racismo no Brasil: USP teve apenas 1 calouro negro entre os cursos mais disputados




Pragmatismo Político

Nos 5 cursos mais disputados, USP teve apenas um calouro preto em 2013. O número de pardos também é baixo: 7,7% do total de alunos. Segundo o Censo, 34,6% da população de São Paulo é composta por pretos e pardos

Sem adotar uma política de cotas raciais, a Universidade de São Paulo (USP) ainda está longe de garantir a inclusão nos cursos mais concorridos da instituição. Dados divulgados nesta sexta-feira pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) apontam que das cinco carreiras que tiveram o maior número de candidatos inscritos na última seleção, apenas a Faculdade de Ciências Médicas de Ribeirão Preto conta com um estudante que se autodeclarou preto – conforme a classificação de cor utilizada pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que não utiliza a palavra negro. Além disso, nas cinco graduações, somente 40 alunos são pardos, de um total de 533 estudantes, o que corresponde a 7,5%.

Apesar de ter um estudante preto, ciências médicas possui uma baixa taxa de inclusão de afrodescendentes: são 87 brancos (84,5%), contra um preto (1%), oito pardos (7,8%), seis amarelos e um indígena. Relações internacionais tem 50 brancos (82%), oito pardos (13,1%) e três amarelos.Medicina, engenharia civil, publicidade e propaganda e relações internacionais não possuem nenhum calouro preto. O número de pardos nesses cursos também é baixo. Em medicina são apenas 18 (7%), contra 198 brancos (77%), 40 amarelos (ocidentais) e um indígena. Em engenharia civil, curso oferecido em São Carlos, a situação é ainda pior: são 52 brancos (82,5%) contra 11 pardos (17,5%). publicidade tem 39 brancos (79,6%), 6 pardos (12,2%) e quatro amarelos.

Em todos os cursos de graduação, 78,7% dos estudantes que ingressaram este ano são brancos, 11,3% são pardos e 2,4% são pretos. O levantamento mostra ainda 7,5% dos calouros são amarelos e 0,2% indígenas.

Os dados não correspondem aos valores verificados pelo Censo de 2010 do IBGE para o Estado de São Paulo, que apontam que 63,9% dos paulistanos se declararam brancos, 29,1% pardos, 5,5% pretos, 1,4% amarelos e 0,1% indígenas.

Resistência às cotas

A USP garante bônus no vestibular para estudantes de escolas públicas, negros e indígenas, mas ainda não adotou uma política de cotas. No final do ano passado, o governador Geraldo Alckmin apresentou, em parceria com os reitores das três universidades estaduais, proposta para a criação de um programa de reserva de vagas para esses estudantes, mas apenas a Universidade Estadual Paulista (Unesp) confirmou que vai adotar o sistema.

Pela proposta, ao menos 50% das matrículas em cada curso de graduação deverão ser ocupadas por alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas. Dentro dessa meta, o percentual de pretos, pardos e indígenas deverá ser de 35%. As metas deveriam ser atingidas ao longo de três anos, a partir de 2014, mas como as universidades ainda resistem em adotar o modelo de cotas, o plano pode ser adiado.

A rede federal, lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff no ano passado já garante a reserva de vagas para alunos de escolas públicas e afrodescendentes.

75% dos candidatos são brancos

Segundo o resultado do questionário de avaliação socioeconômica, respondido pelos 159.609 candidatos que se inscreveram no vestibular para ingresso em 2013, a maioria das pessoas que buscam uma vaga por meio da Fuvest são brancas – 75,6%. Pretos e pardos somam 18,9% dos inscritos, indígenas 0,2% e amarelos, 5,3%.

De acordo com os dados, 59,5% dos estudantes cursaram todo ensino médio em escolas particulares, contra 35,2% em escolas públicas. No ensino fundamental, a taxa de candidatos que estudou todo o período em escola particular é de 54%, contra 32,3% em escola pública.

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*Tem quadros eoutras informações no original

Nota PG: O título foi ligeiramente alterado do original por razões da evidência do racismo existente no Brasil e que assim consideramos mais objetivo. A realidade brasileira relativamente ao racismo não tem sido divulgada na sua maior percentagem. Tal característica de muitos brasileiros racistas não parece coadunar-se com os brasileiros que conhecemos no exterior mas de facto existe e nunca será por demais denunciar, combater e esperar que o Brasil se componha por uma sociedade não racista. Até porque é aos aos índios, aos negros e aos pardos que o Brasil deve muito da sua construção enquanto grande nação. O racismo e o esclavagismo é mancha negra que urge abolir no Brasil.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro,
Gostei muito do pequeno artigo, que de fato nos mostra, matematicamente, os percentuais de vagas x origen racial. No entanto, o que mais me assusta é que esse fato não consiste em subsídios quaisquer, para defender a tese de racismo.
Por ventura, em alguma fase da história contemporânea, diga-se de 50 anos para cá, houve sequer alguma restrição no acesso à educação para os negros ou outras etnias ? Houve algum tipo de segregação racial neste período, que pudéssemos nos valer para argumentar em relação às tais COTAS ?
Não me consta também que devamos, pelo bom censo, distinguir uma pessoa pela sua raça ou cor, estabelecendo ai o racismo verdadeiro e pragmático. Se desta forma agirmos, estaremos praticando o puro racismo, nas suas mais básicas formas.

Não poderemos jamais mudar o passado triste da escravidão, porém, podemos dar educação, trabalho, saúde e dignidade para todas as raças; e não, fazer de algumas, uma segregação triste e repulsiva, como de fato já o fizemos no passado.

Atesto que minha opinião, além de ser pessoal, é, pois, corroborada pela nossa carta magna : Constituição Federal / 1988

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
...
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Abs.
Brasil.

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