terça-feira, 21 de maio de 2013

SÍMBOLO DOS EUA NO BANCO DOS RÉUS



Mário Augusto Jakobskind – Direto da Redação

Estados Unidos tem dois símbolos que remetem ao chamado american way of life: McDonald`s e a Coca-Cola, esta conhecida também com “acqua nera del imperialismo”. Volta e meia, os dois símbolos têm sido questionados criminalmente em várias partes do mundo por violarem direitos trabalhistas. É o caso aqui no Brasil, do MCDonald, que esta sendo investigado pela Polícia Federal.

A acusação é a de que uma funcionária não recebeu salário durante oito meses, ou seja, uma brasileira foi submetida à condição análoga de trabalho escravo. O fato, praticamente desconhecido da população brasileira, é de responsabilidade da Arcos Dourado, a maior franqueadora do McDonald.

A Polícia Fedral, que investiga a denúncia desde outubro do ano passado, ainda não concluiu o trabalho ou se concluiu não divulgou o resultado. A alegação para o silêncio é a de que o inquérito corre em segredo de Justiça. Dois meses depois da abertura do inquérito, um delegado da Polícia Federal de nome Oscar Kouti pediu mais tempo para investigar o caso e alegou então que “há indícios suficientes da prática do crime de redução à condição análoga a de escravo” por parte da empresa de fast food.

É importante que os brasileiros sejam informados sobre este caso e de outros que correm na Justiça do Trabalho contra o McDonald, porque a empresa em sua propaganda (enganosa) se apresenta como defensora de muita coisa e tem como alvo principal as crianças.

Uma vez por ano, o McDonald faz até campanha de ajuda a pessoas doentes de câncer, quando se sabe que os seus produtos são responsáveis por uma série de doenças, coronarianas e até mesmo o próprio câncer.

A Justiça do Trabalho, depois de marchas e contramarchas deu ganho de causa a funcionários que entraram com ações trabalhistas, porque a empresa de fast food proibia que eles trouxessem de casa refeições, obrigando-os a ingerir apenas os seus produtos.

Monsanto – O site WikiLeaks prestou mais um serviço de utilidade pública ao mundo ao divulgar 260 mil telegramas expedidos pelo Departamento de Estado desde 2010. Com isso, o grupo de proteção ao consumidor Food & Water Watch divulgou informe segundo o qual o governo estadunidense colabora com algumas empresas do setor de biotecnología, entre as quais a Monsanto, que nos últimos anos inundaram o mercado mundial com seus produtos geneticamente modificados.

Quer dizer, o Departamento de Estado se colocou à serviço da Monsanto e outras empresas do gênero pressionando governos estrangeiros a darem apoio total às empresas de biotecnologia.

Da estratégia montada constam quatro etapas: promover os interesses comerciais dessas indústrias, relaxamento no exterior dos regulamentos em matéria de biotecnología, proteção às referidas indústrias e ainda pressão sobre os governos dos países em desenvolvimento (ou subdesenvolvidos, para quem preferir o termo) a adotarem os cultivos em questão.

Leilões das bacias petrolíferas – Em matéria de pressões, vale o registro do que aconteceu neste dias aqui no Brasil. Sob os aplausos entusiásticos da mídia de mercado e de figuras do gênero do ex-genro de FHC, David Zilberstain, foi realizado o 11o. leilão de bacias petrolíferas. Algo que vale mais de 3 trilhões de reais foi arrematado por cerca de 2,8 bilhões de reais. Ziberstain é o tal que numa reunião com representantes de multinacionais do setor petrolífero disse textualmente que “o petróleo é vosso”.

O maior prejudicado nesta história toda é o povo brasileiro, que inclusive não é informado suficientemente para saber o que aconteceu. Os jornalões no dia seguinte ao leilão abriram páginas e páginas para louvar a presença de grupos estrangeiros na área petrolífera e abordar os lucros inexistentes.

Defender a entrega de riquezas da nação faz parte do DNA de alguns meios de comunicação de mercado, daí a euforia, que seria ainda maior se conseguissem privatizar a Petrobras.

Está marcado para novembro deste ano um novo leilão, desta vez para que grupos estrangeiros abocanhem áreas do pré-sal. Resta saber se o site WikiLeaks em algum momento divulgará telegramas mostrando que o Departamento de Estado pressionou governos estrangeiros a abrirem as comportas petrolíferas.

Se quando Barak Obama esteve no Brasil e daqui mesmo autorizou os bombardeios da OTAN na Líbia, não seria de se estranhar que também tivesse se apresentado como porta-voz de petrolíferas interessadas nas riquezas do setor.

Personagem hediondo - Rafael Videla pelo menos morreu cumprindo pena pelas atrocidades que cometeu depois de tomar o poder na Argentina. Outros ditadores desta América Latina responsáveis por crimes de lesa humanidade morreram impunes. Por aqui, torturadores do gênero Videla receberam até nome de rua. Nesta altura, o inferno para Videla, que nunca se arrependeu das atrocidades cometidas, é pouco. O único a lamentar é que o criminoso argentino levou para o inferno muitos segredos da época da ditadura.

*É correspondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor, entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes - Fantástico/IBOPE

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