Pedro Rainho –
Jornal i
55,3% defendem que
o governo cumpra todo o mandato. Seria o primeiro a fazê-lo em coligação
Mais ou menos
cambaleante, profícuo em confrontos internos, mas aparentemente resistente às
pressões que também chegam da rua, da oposição e dos parceiros sociais - mais
de metade dos portugueses (55,3%) querem o governo em funções até 2015, para
que cumpra, assim, a totalidade do mandato. Mas não sem mudanças na equipa - e
aí o nome de Vítor Gaspar vem à baila.
Há um mês, o
semanário "Sol" escrevia que o primeiro-ministro teria apresentado a
demissão ao Presidente da República. Em causa, o impasse político pela oposição
de Paulo Portas à inscrição na pedra (leia-se a lista de compromissos que
permitiram fechar a sétima avaliação da troika) da chamada TSU dos
pensionistas. Se muitos pensaram "é desta!", outros tantos e mais
alguns terão receado que o executivo estivesse no último suspiro. O CDS aceitou
a nova taxa sobre as pensões como medida de último recurso e a coligação seguiu
caminho.
Uma saída do
impasse duramente negociada, que não terá agradado aos 37,3% dos inquiridos no
barómetro i/Pitagórica - a percentagem corresponde aos participantes para quem
a única solução neste momento é a intervenção de Cavaco Silva. O Presidente
deve dissolver a Assembleia da República e convocar de imediato novas eleições
para que um novo governo guie o país.
É, porém, muito
pouco provável que o chefe de Estado queira contribuir para manter a tradição
das coligações em Portugal. É que das quatro alianças governamentais da
democracia portuguesa nenhuma chegou ao fim do mandato.
saia, sr. ministro
Se o governo escapa à ira geral, o mesmo consolo não pode esperar o ministro
das Finanças. Mais de metade dos inquiridos vê em Vítor Gaspar o bode
expiatório para o impasse económico em que o país se encontra e a aposta na
saída do governante ganha adeptos.
Se 36,6% saem em
defesa do responsável pelas Finanças, o mesmo não se pode dizer de 53,8% dos
506 participantes no barómetro de Maio que querem Gaspar longe do Terreiro do
Paço.
Nem a inversão de
180 graus no discurso ensaiada pelo ministro das Finanças - quando há uma
semana e meia disse (e repetiu) ter chegado "o momento do
investimento", ladeado pelo ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira -
bastou para que Gaspar caísse nas boas graças dos portugueses.
Dois anos de
austeridade e sete previsões de desempenho da economia nacional saldadas como
absolutos tiros ao lado (ou por baixo, em função dos indicadores) representam
hoje um peso grande de mais para que o ministro consiga chegar a esta fase da
maratona com imagem positiva e margem para continuar.
Ainda assim, não
deixa de ser curioso que o voto de saída dos inquiridos chegue quase em
simultâneo com a fase que o ministro equiparou à maratona - o quilómetro
difícil da corrida de fundo do governo. Em Outubro de 2012, Gaspar disse que
"os corredores de maratona, em geral, não desistem ao 27.o quilómetro,
desistem entre o 30.o e o 35.o quilómetro". Em Outubro eram 27. Chegámos à
fase mais dura. Desistirá o ministro?
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