Fernanda Barbosa - Lusa
São Paulo, 19 jun
(Lusa) - O sexto protesto em São Paulo ocupou, nesta terça-feira, o centro
histórico e voltou à avenida Paulista pacificamente, mas foi marcado por um
grupo que vandalizou a prefeitura e incendiou um carro de reportagem.
Segundo o instituto
de pesquisa Datafolha, 50 mil pessoas reuniram-se na praça da Sé, marco zero da
cidade e palco de importantes manifestações pela democracia, para sair em
protesto.
A prefeitura, sede
do governo municipal, foi atacada por um grupo de dezenas de pessoas, resultando
em vidros partidos com pedras e grades de ferro. Enquanto os radicais retiravam
dos mastros as bandeiras do estado e do município de São Paulo e tentavam
queimá-las, outros grupos gritavam "sem vandalismo" para
dissuadi-los. A Polícia Militar não apareceu.
Um carro de
reportagem da TV Record foi queimado em frente à prefeitura. Reclamações sobre
a imprensa foram comuns durante o protesto, principalmente direcionadas à TV
Globo, que os manifestantes acusavam de parcialidade nas coberturas.
A concentração dos
manifestantes começou por volta das 17:00 horas (21:00 horas) na praça da Sé.
Os presentes dividiram-se em grupos e alguns deles passaram pelo terminal de
autocarros Parque Dom Pedro II (que foi palco de confronto com a polícia na
semana passada), pelo Theatro Municipal, pela sede da Prefeitura e pela Câmara
dos Vereadores (sede do legislativo municipal), até chegarem à avenida
Paulista.
Menos organizado do
que a mega manifestação de segunda-feira, o protesto de terça-feira deixou
clara a divisão entre os grupos participantes. Aqueles que possuem uma agenda
diversa de temas, como ser contra a corrupção, levavam as caras pintadas de
verde e amarelo e gritavam frases como "eu sou brasileiro, com muito
orgulho e muito amor".
Já os que defendem
um foco na redução da tarifa criticavam os outros, afirmando que "não é
sete de setembro" (em alusão à data de independência do país). "Há
pessoas além do movimento, em clima de festa, mas o fato de estarem na rua já é
bom", disse a artista plástica Juliana dos Santos, 26 anos.
O público da
manifestação era predominantemente formado por jovens, mas havia também
adolescentes, um senhor de 85 anos e pais com crianças pequenas. "Decidi
trazê-lo porque ele não entendia direito os protestos, nem a relação do
prefeito com a cidade, por ser pequeno. Mas vamos explicando aos poucos",
afirmou o músico Luciano Botosso, 28 anos, ao lado do filho Eduardo, de cinco
anos.
Houve manifestações
menores simultâneas na zona sul da cidade e na estrada Raposo Tavares, no
município de Cotia (região metropolitana de São Paulo), a oeste da capital. Um
protesto de centenas de pessoas contra a tarifa dos transportes também ocorreu
em Cubatão, no litoral de São Paulo, e bloqueou duas autoestradas, segundo a
imprensa local.
FYB // FV
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