Rui Peralta, Luanda
(Ler a 1ª parte)
VI - O pretexto das
armas químicas pode ainda não ser suficiente para a tomada de posição aberta
dos USA, mas está a ser utilizado para justificar ajuda militar ao ELS e aos
restantes bandos armados. A tentativa de criar uma zona de interdição de voo é
arriscada, devido ao sistema russo S-300 SAM, russo, utilizado pela Síria pelo
que a única opção é o rearmamento da oposição militar e aguardar por um melhor
momento, que possa pelo menos permitir uma “intervenção humanitária”.
Para além do
rearmamento do ELS, a NATO utiliza o financiamento dos estados do golfo e
treina qualquer tipo de forças, inclusive da ramificação da al-Qaeda, a Ferente
al-Nusra. Este é um período em que o papel preponderante cabe á propaganda, na
frente externa, concernente a acções de manipulação da opinião pública
internacional e á logística, na frente interna.
A Jordânia
tornou-se um importante ponto logístico, para a NATO e ocupa o segundo lugar,
em termos de importância, a seguir á Turquia. Recentemente foram criados campos
de treino na Jordânia e foram criadas infraestruturas logísticas, na zona
fronteiriça com a Síria. Quanto aos formadores, parecem ser todos de
nacionalidade norte-americana, mas pertencentes ao sector privado, o que engloba
os novos contractos comerciais efectuados entre o Pentágono e as companhias
israelitas do sector da segurança.
Atendendo às
entrelinhas dos relatórios da ONU, é bastante provável que alguns grupos
estejam a ser treinados no manuseamento de armas químicas, o que comprova que
os serviços secretos ocidentais estão a fabricar uma ocorrência que possa
servir de ponto de viragem na situação e proporcionar a intervenção directa,
com a cobertura total da comunidade internacional, neutralizando alguns aliados
da Síria, como a Rússia e obter um avale da China (o que com os chineses não é
difícil, atendendo ao que já aconteceu noutras ocasiões. Dinheiro e negócios
obrigam e os chineses negoceiam com qualquer um, desde que a sua posição
comercial saia fortalecida. As suas posições de força, são meras técnicas de
venda).
Que opção química é
já aplicada, é o que confirma a apreensão de 2 Kg de gás sarin, pela polícia
turca, este mês, na cidade de Adana. O gás estava na posse de uma célula da
Frente al-Nusra, que utiliza a Turquia como um dos seus pontos logísticos, com
a cobertura dos serviços secretos turcos. A polícia apreendeu ainda diversas
armas de fogo e equipamento digital. Foram identificados doze membros desta
célula, mas a polícia turca já não procedeu á sua detenção, pois foram
rapidamente colocados fora do país (a cobertura dos serviços secretos turcos).
Este é um jogo
perigoso e que pode degenerar num cenário incontrolável,
VII - O
Departamento de Estado emendou o Foreign Terrorist Organization (FTO) e a
Executive Order (E.O.) 13224 com as designações da al-Qaeda no Iraque (AQI) a
fim de incluir os seguintes novos pseudônimos: al-Nusra Front, Jabhat
al-Nusra, Jabhet al-Nusra, The Victory Front, e Al-Nusra Front for the People
of the Levant e acrescenta a Frente al-Nusra como nova denominação para a Al
Qaeda. O conselho do Departamento de Estado reconhece que de Novembro de 2011 a
Dezembro de 2012, a al-Nusra reivindicou aproximadamente 600 ataques – dos
quais 40 foram ataques suicidas - em centros de cidade principais incluindo
Damasco, Alepo, Hamah, Dara, Homes, Idlib e Dayr al-Zawr. Durante estes ataques
numerosos sírios inocentes foram mortos e confirma que os USA colocam a Frente
Al Nusrah na lista negra do terrorismo internacional. Apesar de tudo isto a
CIA, o Pentágono e a NSA, continuam a apoiar, em todos os níveis, a Frente
al-Nusra. Será uma desobediência á legislação, ou apenas uma excepção, feita
para confirmar a regra?
Um dos personagens
capazes de responder a esta questão é o general de brigada Salem Idriss, que
depois de abandonar as fileiras governamentais sírias, tornou-se o Chefe do Supremo
Conselho Militar do ELS. É ele quem canaliza, utilizando o ELS como “central de
compras”, as armas e equipamentos fornecidos por Washington e pelos aliados, para
além dos financiamentos dos estados do golfo (que pagam os salários ao ELS) para
a al-Nusra.
Salem Idriss está
em ligação permanente com os comandos militares da al-Nusra e mantem uma rede
em tudo idêntica ao modelo paquistanês, utilizado por Zia Ul Haq, quando era
presidente do Paquistão, para financiamento e abastecimento aos grupos que
combatiam os soviéticos no Afeganistão. Ainda no início deste mês, Idriss
reuniu-se com o senador John McCain, na Síria, junto á fronteira turca,
afirmando-se como um homem que goza da confiança de Washington. Idriss, apesar
de se ocupar apenas do aparelho militar, pode vir a ser um “cavalo de corrida”
futuro, para ser usado pelos norte-americanos, em alternativa aos incompetentes
e patéticos líderes políticos do CNS.
Mesmo com as
decisões legislativas do departamento de Estado e com a inclusão, em Maio
ultimo, da al-Nusra na lista de sanções do Conselho de Segurança da ONU, USA,
França e Grã-Bretanha, três membros permanentes do conselho, continuam a ajudar
a organização, desafiando o direito internacional.
VIII - Perante os
reveses militares, o ELS e a al-Nusra, optaram por realizar atentados indiscriminados,
A polícia síria foi vítima de um atentado, este mês, em Damasco, na praça
Marjeh, que provocou 14 mortos e 31 feridos. Mas os “amigos da Síria” estão
preocupados com a situação militar e com as consequências da ofensiva do
governo. O governo francês, que durante este mês esteve frenético e ansioso com
a questão militar síria, anunciou, através do porta-voz do Exterior Philippe
Lalliot que “não se pode deixar a oposição nesta situação”.
Só que as coisas
não são assim tão simples como os franceses desejam. Os grupos militares
oposicionistas têm sido acusados de graves violações dos direitos humanos e de
crimes de guerra. As execuções que estes grupos realizaram nas zonas que
ocuparam, até á chegada das forças armadas sírias, são aos milhares. Os
executados não eram apenas os militares, ou os agentes da segurança, os responsáveis
governamentais, etc. A grande maioria das execuções foram motivadas por
acusações como “apostasia” e blasfémia”. Na província oriental de Deir Ezzor,
os bandos armados atacaram um bairro xiita, assassinando grande parte dos seus
habitantes, que foram degolados. O mesmo se passou em Hatlah, na mesma província,
onde mais de meia centena de xiitas foram degolados.
Estes são apenas
alguns dos milhares de exemplos de crimes realizados pelos bandos armados, que
nas últimas semanas decidiram proceder a ataques às aldeias xiitas, acusados de
“aliados do regime”, “blasfemos e amigos dos infiéis” em represália contra o
Hezbollah e as milícias xiitas sírias que apoiam o governo sírio. Em vários
vídeos, podem ser vistos os bandos armados fascistas-sunitas, como a Brigada
al-Sadeq al-Amine, a espalharem o terror naos bairros xiitas, casas
incendiados, corpos degolados e pessoas espancadas.
São também visíveis
as tensões entre o ELS e a al-Nusra, para além da crescente actividade de novos
grupos como o Liwa al-Tawid, Ahrar al-Sham e o Suqoor al-Sham, todos de
orientação sunita e financiados pelo Qatar, Koweit e Arábia Saudita,
respectivamente. Muitos destes grupos estão melhor equipados que o ELS e
recorrem a frequentes ataques suicidas em Damasco, para alem de serem os
responsáveis pelas operações contra as localidades xiitas.
É também de
destacar os confrontos entre estes grupos e as Unidades Curdas de Protecção
(UCP), na região de Afrin. Apesar dos acordos entre os curdos e o ELS, os
curdos favoreceram as forças armadas sírias e colocaram as suas milícias ao
serviço do governo, na última ofensiva. Após os confrontos entre forças
governamentais e milícias curdas em Alepo, no passado mês de Abril, o governo sírio
efectuou um acordo com as milícias curdas, através da mediação do Hezbollah e
das milícias xiitas sírias, estando os curdos a ter um importante papel na
ofensiva “Tormenta do Norte” levada a cabo pelo governo sírio, para repor a
administração governamental nas áreas ocupados pelo ELS e outros bandos
armados.
IX - No plano internacional, é relevante a recente posição egípcia. O
presidente egípcio, Mohamed Mursi declarou, este mês, o corte de relações
diplomáticas com a Síria, acto que Damasco considerou “irresponsável”. A
decisão egípcia surge depois de uma conferência internacional islâmica de apoio
á oposição síria, efectuada no Cairo. Mas não contente com a decisão de
suspender as relações, o presidente Musri, apelou ainda ao Conselho de
Segurança da ONU que imponha uma zona de exclusão aérea, na Síria.
Pobre Musri. Chegou
tarde e a más horas. O sistema de defesa área síria, equipado pelos S-300
russos, torna esta medida ineficaz, por isso ela ainda não ter sido tomada,
pelos riscos que implica. A própria Turquia, que inicialmente defendia a
exclusão aérea de forma acérrima, moderou as suas posições nesta matéria. Mas
Musri parece não ter lido todos os capítulos da novela.
Esta posição do
governo egípcio vai agravar as suas relações com o Hezbollah, no Líbano e com o
Hamas, em Gaza. Com estes últimos, as relações têm sido difíceis. O Egipto
aposta numa política de asfixia de Gaza, em colaboração com Israel, o que
origina um latente conflito na fronteira entre o Egipto e Gaza. Os Egípcios
tentam impor uma direcção “moderada” ao Hamas, o que obviamente provoca a
desconfiança desta organização em relação ao novo governo egípcio. Com esta medida
sobre a Síria, Musri acaba por cavar ainda mais o fosso com o Hamas, que sempre
teve na Síria um aliado.
Significativa foi
também a decisão do governo iraniano, tomada nas vésperas das eleições que
determinaram Hassan Rohani como novo presidente da Republica Islâmica do Irão,
de movimentar um contingente de 4 mil efectivos da Guarda Revolucionaria Islâmica
do Irão para a região fronteiriça com o objectivo de apoiar o governo sírio. Esta
posição reflecte-se também na política interna iraniana, particularmente nas
tensões entre “moderados” e “radicais”. A Guarda Revolucionaria Islâmica, assim
como os serviços de inteligência iranianos, são dois pontos de referência
controlados pelos “radicais”. A vitória de Rohani, um “moderado” reconhecido,
representa uma nova fase nas tensões internas iranianas e os “radicais” tentam
assegurar os seus referenciais na política iraniana, reforçando as suas
posições internas.
X - Por fim,
Israel. Durante grande parte dos últimos dois anos, Israel manteve-se,
aparentemente, á margem do conflito sírio, numa enigmática posição esfíngica,
sendo difícil de adivinhar as suas intenções. Mas essa inacção terminou e os
sionistas optaram pela interferência aberta e pela agressão. Lançou dois
ataques aéreos contra posições sírias, no passado mês e fez acusações sobre o
uso de armas químicas por parte de Damasco. Circularam nos meios dos serviços
secretos ocidentais, suspeitas de que os israelitas estavam a actuar no interior
da Síria, o que foi desmentido pelo primeiro-ministro israelita Benjamin
Netanyahu, que as considerou “absurdas”. Por outro lado os sinais que vêm de
Israel são contraditórios, variando entre as ameaças de “derrotar Assad” e de
declarações de “não interferência nos assuntos internos sírios”. No fundo a incógnita
israelita sobre a Síria, mantem-se. Deixou de ser inactiva e silenciosa passou
a ser neurótica e palavrosa, mas sempre enigmática. De qualquer forma é preciso
ver que quaisquer que sejam os resultados do conflito sírio, as dores de cabeça
para Israel vão continuar.
Hafez al-Assad e
agora, Bashir, asseguraram, durante décadas, a linha de separação entre sírios
e israelitas, apos a ocupação dos Montes Golã pelos israelitas, em 1967. Esta
foi sempre a fronteira mais tranquila de Israel. Em 2011 os israelitas puderam
observar o que se passaria, caso o governo sírio caísse, quando mais de um
milhar de palestinianos juntou-se na terra de ninguém, separadora dos dois
lados dos Montes Golã, enquanto a atenção das forças sírias se concentrava na
repressão dos protestos populares, que rebentaram nesse ano nas principais
cidades sírias. Desses cerca de mil palestinianos, perto de uma centena
atravessaram a fronteira para Israel e um deles chegou a Telavive.
Quando as forças
sírias reocuparam a cidade de Quneitra e os capacetes azuis austríacos
abandonaram o terreno, os bandos armados juntaram os seus grupos mercenários islâmicos
perto da cidade, para a tentarem reconquistar. Centenas de mercenários, desejosos
de ajustar contas com Israel ficaram concentrados ali, na fronteira, o que
levou um alto responsável israelita a afirmar que “Israel prefere o diabo que
já conhece que os demónios que por ali rondam.”
Fala-se em
divergências profundas entre o gabinete de Netanyahu e os militares e entre
estes e a MOSSAD, devido ao conflito sírio. Os militares propõem uma acção
idêntica á da primeira invasão do Líbano, na década de oitenta, ocupando uma
área de segurança e entregar o assunto, do lado de lá da área de segurança, a
testas de ferro. Isto não deu bons resultados no Líbano e Netanyahu já disse
que não, mas a MOSSAD já encetou uma outra via e colocou-a em práctica, o que
deixou Netanyahu enfurecido e os militares em polvorosa.
Segundo o New York
Times, de 23 de Maio, os israelitas estão a recrutar aldeões sírios, que não
são partidários do governo, nem vêm com bons olhos os mercenários islâmicos da
oposição, gente de aldeias maioritariamente cristãs maronitas, drusas e
alauitas não afectos ao presidente e que desconfiam das intenções do ELS, para
aí lançar as bases de uma eventual zona de segurança e construir um tampão
fronteiriço. Os serviços secretos sírios e o presidente Bashir já mencionaram
por diversas vezes que os israelitas estão a criar a sua própria força, no
interior da zona fronteiriça síria.
Mas se o futuro
parece pouco prometedor para Israel, caso Bashir saia, com a sua presença e com
um Estado Sírio forte e bem estruturado, as dores de cabeça não serão menores.
Uma Síria forte representa um pilar de resistência á hegemonia israelita na
região. Representa, também, um Irão mais fortalecido, um Hezbollah dominante,
no Líbano e uma frente comum demasiado forte para os israelitas. O formidável
historial guerrilheiro do Hezbollah, no Líbano, impediu a ocupação efectiva de
Israel do sul do Líbano. O Hezbollah, por outro lado, é a força que limita a
agressão israelita ao Irão, devido às suas movimentações junto á fronteira do
norte de Israel e á facilidade com que o Hezbollah bombardeia o território israelita.
Por tudo isto
Israel opta por aquela que é a sua única garantia: que o conflicto sírio
permaneça por muitos anos. Esta é a única forma do regime sírio permanecer
enfraquecido, mas evitando o descalabro da Síria se tornar um centro de
terrorismo islâmico, mesmo nas fronteiras israelitas. Mas esta opção tem
custos, daí as divergências entre Netanyahu, militares e MOSSAD. Netanyahu tem
de satisfazer os compromissos internacionais e jogar com eles. OS militares não
estão interessados nesses compromissos e a MOSSAD é a única que sabe
contorná-los, sem cedências.
O cenário óptimo
para os israelitas é a divisão da Síria em três estados separados, ficando
Bashir e os alauitas em Damasco, até ao litoral, mais dois estados islâmicos,
um sunita e outro xiita, ou laico. Uma Síria dividida é uma Síria enfraquecida,
logo ficando o caminho aberto para o Irão e tornar possível a neutralização do
Hezbollah no Líbano.
E é no meio destes
cálculos que os sionistas permanecem, enigmáticos, como a esfinge.
XI - Cem anos
depois de Sykes-Picot, fala-se no redesenhar das fronteiras da Asia ocidental. Só
que qualquer alteração dos limites da região levará ao redesenhar dos mapas nas
regiões adjacentes, gerando um efeito de cascata. As novas fronteiras
sectárias, étnicas, que querem impor, transcenderão a região em que forem
demarcadas e gerarão as mais diversas guerras, implantando a instabilidade
mundial, no Atlântico, no Indico e no Pacifico.
A Síria vive sob
uma invasão estrangeira indirecta, realizada através de intermediários e
agentes locais. Esta intervenção, mesmo sendo indirecta, espalha a
instabilidade para além das fronteiras com a Síria, conforme o que acontece
actualmente, com o Iraque, Afeganistão e Líbano, mas também com fortes reflexos
na Turquia (estes com tendência a gravar-se devido á questão curda nesse pais,
mas também devido ao período de forte tensão social e politica na sociedade
turca, gerada principalmente, pela politica irresponsável do seu governo).
Ao apoiarem grupos
como a Jabhat Al-Nusra, um grupo filiado na Al-Qaeda, com uma ideologia
semelhante e cujos membros vivem na Síria, Iraque, Líbano e Jordânia e outros
países árabes e muçulmanos, cujo principal objectivo é estabelecer um Estado
islâmico de acordo com a sua interpretação do Islão, os ocidentais estão a
contribuir para a fragmentação de um mosaico que é fundamental para a paz e
estabilidade mundial. A ideia central do pensamento político da al-Nusra é a
doutrina Wahhabi, a doutrina oficial da Arábia Saudita.
É evidente que há
muito para mudar no Medio Oriente, a começar pelos estados do golfos e pelos
seus regimes decrépitos, violadores dos princípios mais básicos dos Direitos
Humanos. Mas a mudança tem de vir das forças da região, não pode ser imposta
pelo exterior. A mudança é, também, a forma como estes países se vão
reposicionar perante o mercado mundial e na política global: de cócoras,
subservientes, não dando voz á soberania popular e entregando a soberania
nacional aos ocidentais, acumulando a experiencia neocolonialista; ou de pé,
assentes na soberania dos seus povos, orgulhosos, contribuindo em
circunstâncias de igualdade para um mundo melhor e para uma humanidade mais próspera.
Fontes
Cockburn, Patrick http://www.independent.co.uk/voices/comment/just-who-has-the-most-to-gain-if-the-killing-in-syria-goes-on-8640745.html
Chossudovsky, Michel http://www.globalresearch.ca/the-forbidden-truth-the-u-s-is-channelling
chemical-weapons-to-al-qaeda-in-syria-obama-is-a-liar-and-a-terrorist/5339004
Glaser, John http://www.globalresearch.ca/us-defense-contractors-training-syrian-rebels-to-handle
chemical-weapons/5315180
http://gara.naiz.info/paperezkoa/20130613/407820/es/Pogromo-antichii-venganza-avance-militar-Damasco
New York Times,
May, 23, 2013
Ler a 1ª parte
Sem comentários:
Enviar um comentário