Daniel Ribeiro,
correspondente em Paris - Expresso
Presidente francês,
François Hollande, confirma que não gosta do presidente da Comissão Europeia.
Uma ministra do Governo de Paris exclama: "Barroso não fez nada no seu
mandato!"
Nem um desmentido, nem uma rectificação, nem um apelo à moderação das críticas
duras e incessantes, em França, contra o presidente da Comissão Europeia, Durão
Barroso. Nada disso, bem pelo contrário.
Sexta-feira, numa
conferência de imprensa, em Bruxelas, transmitida em direto para França, o
Presidente francês, François Hollande, apenas disse: "Não defendo as
orientações de Barroso, mas ele tem legitimidade, foi legalmente nomeado e eu,
como presidente eleito, tenho de trabalhar com ele, há diálogo e discussão com
ele e com a Comissão, que é constituída por várias pessoas".
Nas suas
declarações, na tarde de sexta-feira, em Bruxelas, no fim do Conselho Europeu,
François Hollande não condenou sequer o seu ministro da Recuperação Económica,
Arnaud Montebourg, que acusou Barroso de ser "o carburante da
extrema-direita". Convidado a comentar esta afirmação, esquivou a
resposta.
Além disso,
interrogado sobre as declarações, na manhã de sexta, da ministra do Comércio
Externo, Nicole Bricq - "Barroso não fez nada no seu mandato" - ou do
chefe do PS francês, Harlem Désir - "Barroso é o contrário do sonho
europeu" - François Hollande não as retificou nem corrigiu, apenas disse:
"Como Presidente de França, não é o tempo para entrar nesse debate".
A
"guerra" continua
França continua ao
ataque contra Durão Barroso desde que este chamou "reacionários",
numa entrevista ao jornal "International Herald Tribune", aos que
defendem a exceção cultural nas negociações comerciais entre a UE e os EUA.
Hollande, principal
defensor na UE da exceção cultural, sentiu-se diretamente visado por Barroso e
continua a permitir aos ministros do Governo socialista francês os ataques mais
violentos contra o presidente da Comissão Europeia.
Quinta-feira, a
porta-voz oficial do executivo francês, Najat Vallaud-Belkacem, chegou ao ponto
de dizer que o Governo de Paris apoia Arnaud Montebourg nesta polémica.
"No fundo, o que disse o ministro ("Barroso é o carburante da
extrema-direita"), é uma ideia que nós partilhamos", disse a ministra
e porta-voz.
A um ano de
eleições europeias, nas quais a extrema-direita de Marine Le Pen é dada como
possível vencedora por alguns analistas, e com a França em grandes dificuldades
devido à recessão e ao desemprego, François Hollande parece ter definido Durão
Barroso como o seu "inimigo de estimação".
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