domingo, 16 de junho de 2013

Médicos turcos denunciam uso "selvagem" de gás lacrimogéneo nas ações policiais



SCA (CP) ROC - Lusa

A Associação de Médicos Turcos denunciou hoje o uso “selvagem” de gás lacrimogéneo por parte das forças policiais turcas durante a repressão das manifestações antigovernamentais que abalam o país há quase três semanas.

“Desde 31 de maio, a polícia tenta reprimir manifestações legítimas e pacíficas. As forças policiais fazem um uso selvagem de gases contra multidões de civis desprotegidos”, referiu a associação, que representa cerca de 80% dos profissionais do setor, num comunicado.

“Pedimos ao Governo que coloque um fim imediato nesta violência bárbara e fazemos um apelo urgente à comunidade internacional para agir contra a repressão brutal das exigências democráticas”, indicou o mesmo texto.

A associação profissional relatou que no sábado à noite, marcado por uma nova intervenção da polícia na praça Taksim, em Istambul, o acesso aos serviços de assistência médica por parte das vítimas das cargas policiais foi bloqueado e vários serviços de saúde foram encerrados.

Durante a semana passada, a organização realizou uma sondagem ‘online’ para avaliar o efeito do gás lacrimogéneo nos manifestantes.

Mais de 11 mil pessoas foram afetadas pelo gás, das quais 65% têm idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos. Apenas 13% utilizava máscaras de gás.

A organização estima que 11% dos inquiridos tiveram expostos ao gás durante mais de 20 horas e 53% entre uma a oito horas.

"A exposição ao gás durante mais de um dia aumenta o risco de problemas cardiovasculares", sublinhou a associação.

A Turquia é palco há quase três semanas de uma série de protestos contra o Governo islâmico conservador, liderado por Recep Tayyip Erdogan, que começaram em finais de maio, depois de a polícia ter dispersado com gás lacrimogéneo e canhões de água uma manifestação pacífica contra um plano de construção de um centro comercial num parque de Istambul.

Desde o início dos protestos, morreram já quatro pessoas, uma delas polícia, havendo registo de mais de 5.000 feridos, de acordo com fontes médicas citadas pela Efe.

Dois dos principais sindicatos turcos anunciaram hoje uma greve geral a partir de segunda-feira para denunciarem a violência policial usada contra os manifestantes da praça Taksim.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou hoje ser o seu dever "limpar" a praça Taksim.

"Já disse que chegámos ao fim. A situação tornou-se insuportável. Ontem [sábado], a operação realizou-se e a praça Taksim e o parque Gezi foram limpos, é o meu dever enquanto primeiro-ministro", disse Erdogan durante uma reunião pública do seu partido, realizada em Istambul.

Foto: EVRIM AYDIN / ANADOLU AGENCY/ANADOLU AGENCY

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