Fernanda Mestrinho – Jornal i, opinião
O 10 de Junho, Dia
de Portugal, foi criado na Primeira República, absorvido pelo Estado Novo com
cerimónias ao estilo norte-coreano e transformado, gradualmente, no elogio aos
emigrantes depois do 25 de Abril. Talvez por isso, os que por cá ficaram
festejem a Liberdade do 25 de Abril.
É um canto ao sucesso de portugueses sendo que valeria a pena um monumento ao “português desconhecido”, aquele que canta a noite porque o dia o castiga. E, com esta austeridade, já nem o silêncio da noite evita o drama.
Ora este governo, mais do que ir ao bolso das pessoas, escolheu o insulto ao chamar-nos “piegas”, que devíamos todos abandonar a “zona de conforto” (?????), os desempregados uns bons malandros, os do rendimento mínimo uns pistoleiros, os reformados privilegiados e os funcionários públicos preguiçosos incompetentes.
Com a ferocidade celta, a manha árabe e uma pitada de negritude, a população reagiu com resiliência e retribuiu. Como a fama às vezes difama, foram por umas gargalhadas e pelo canto. Quando perceberam já era tarde. Vítor Gaspar ainda balbuciou “somos o melhor povo do mundo” mas o caldo já estava entornado.
De facto, a confiança perdida neste governo não vai voltar. Nem quando o refrão mudou para investimento e crescimento. Ninguém já acredita no canto das sereias…
10 de Junho: os que ficaram neste canto da Europa (vivi cinco anos lá fora) percebem que alguns estrangeirados que nos governam, não conhecem este povo. Nem o compreendem…
Jornalista/advogada - Escreve ao sábado
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