Fernanda Mestrinho –
Jornal i, opinião
Uma mulher é vítima
de negligência médica num hospital privado. O director clínico confirma, a
Ordem dos Médicos também. Acabou por morrer. O processo está há mais de sete
anos (e estará) nos tribunais.
O problema inicial
está nos legisladores. Os arguidos têm direitos, os autores (vítimas) carregam
o ónus da espera, sobretudo nos cíveis, a que se sucedem recursos até à náusea. A ministra da Justiça mostrou vontade de alterar a situação. É como puxar um
comboio com os dentes; a locomotiva nem saiu da estação.
As arbitragens e os
pareceres (a privatização) são o El Dorado de alguns escritórios, os processos
anónimos esbarram desesperados num muro de betão.
Algumas figuras
públicas cumprem pena. E mesmo assim só com a persistência dos colectivos dos
tribunais. À berraria seguiu-se o silêncio.
Nos últimos dias
ouvi uma notícia pouco comentada. Alguns administradores do BPN terão sido
absolvidos porque o processo foi posto no tribunal errado. Dá para rir.
O Tribunal
Constitucional mandou que se faça o julgamento de ex-administradores do BCP.
Aquele, e o Tribunal de Contas, são as duas instituições que têm evitado que o
país se transforme num verdadeiro faroeste.
Os casos de
corrupção são os que ficam mais impunes. Et pour cause? Quanto a investidores
estrangeiros ou nacionais que queiram fazer jogo limpo, fogem como o Diabo da
cruz. Razão principal: a justiça. Como eu os percebo.
Nota final: aquela
mulher é minha mãe.
Jornalista/advogada - Escreve ao sábado
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