António Veríssimo
Já cansa e enoja o
que politicamente está a acontecer em Portugal. Os portugueses já não devem (nem
têm) respeito rigorosamente nenhum aos detentores dos poderes e obreiros da
fossa desta república das palhaçadas que vão e vêm ao sabor das conveniências e
humores de uns quantos salafrários.
Os odores são
nauseabundos estejamos nós perto ou longe da fossa pestilenta que vai de Belém
a São Bento. Uma direita inqualificável, chefiada por um péssimo presidente da
República, coadjuvado pelos atores e mentores do grande capital nacional e internacional,
apossou-se de Portugal e arrasta-o pelas ruas da amargura e da indecência, da
indiferença pelo seu povo, da insensibilidade e resistência à legalidade
constitucional, temendo eleições mas dizendo-se democráticos. Causando temores sobre
o “monstro” das eleições que não desejam para que possam perdurar nos poderes
que imerecidamente lhes foram entregues em votação e que apesar dos seus
prejudiciais e péssimos desempenhos não querem largar.
Portugal está na
posse de uma elite danosa e antipatriótica. Os seus supostos expoentes máximos
são representados por um presidente da República incapaz, debilitado em valores
democráticos, e por uma coligação que se agarrou ao poder governativo para
servir interesses que não são os da maioria da população.
Há uma semana que o
pico da instabilidade se tornou mais notório, com a demissão de Vitor Gaspar, o
super-ministro ou efetivo primeiro-ministro. A sua carta de demissão, tornada pública,
é esclarecedora das políticas e rumos errados por que o governo de
Cavaco-Passos-Portas enveredou. Seguidamente aconteceu a demissão “irrevogável”
de Paulo Portas… Mas não, a “irrevogável” demissão foi simplesmente uma
palhaçada. As alegadas causas são publicamente conhecidas. Agora, finalmente,
foi descoberta a fórmula – talvez abençoada pelos santos e pecadores – de um
acordo entre os partidos da coligação PSD-CDS. E Portas já não se demite, vai
para vice-primeiro-ministro com a costumeira cumplicidade de Cavaco Silva.
Sobre tudo isso o
presidente Cavaco Silva vai decidir-se esta semana, talvez na próxima
quinta-feira, depois de ouvir os partidos. Pergunte-se porquê. Porque leva
tantos dias Cavaco para tornar público a sua decisão da continuidade dos seus
comparsas no governo. Porque Cavaco é adepto da palhaçada, como os seus
corregilionários. Só não tem por certeza o que Cavaco já decidiu – manter no
governo de Portugal estes “compadres” – quem estiver noutro planeta e a milhões
de anos-luz (sem notícias) da fossa portuguesa que vai de Belém a São Bento.
O “papão” das eleições
antecipadas anda à solta nas palavras manhosas desta direita antipatriótica e
antidemocrática que chafurda na fossa protagonizando todo o tipo indecoroso de
palhaçadas. A intenção é baralhar os portugueses e prosseguir com mais do mesmo
descalabro. Já cansa. Já revolta. Já entristece. Ainda mais se nos dispusermos
a saber das notícias repetitivas sobre esta enorme cegada tão cinzenta, tão conspurcada
e mal-cheirosa. Afinal as notícias vão dar sempre ao mesmo: Portugal está na
posse de uma súcia apostada em prosseguir na concordância, exploração,
empobrecimento coersivo e lunatismo imposto pelos “mercados”. Os portugueses têm
o dever de exigir que a democracia seja reposta na sua máxima expressão, eleições.
Porque a legitimidade democrática assim exige quando os eleitos passam a
governar ao contrário do prometido, ao serviço de interesses dúbios e são a
causa maior da instabilidade que gera esta fossa lusitana.
Mas… Eleições? Eles
temem-nas porque sabem perfeitamente qual o resultado. Temem porque seria posta
a nu a sua ilegimidade de serem detentores dos poderes. Porque eles são o circo
e a palhaçada assente na fossa que originaram e as eleições viriam certamente
drenar toda essa nefasta porcaria e os implicitos e insuportáveis odores.
Quinta-feira as declarações de Cavaco serão
sobre a sua decisão de ele e todos os seus apaniguados continuarem a chafurdar
naquilo que criaram: a fossa na República dos Palhaços. As notícias pouco
diferentes serão do que aqui em baixo consta, retiradas do Diário de Notícias. Mais
do mesmo. A democracia talvez regresse depois deste banquete cavaquista. Talvez,
não é certo. (AV - PG)
ACORDO NA COLIGAÇÃO
- Passos confirma Portas como 'vice' do Governo
Diário de Notícias
O líder do CDS vai
coordenar as políticas económicas e ser o responsável pelas negociações com a
troika e também pela reforma do Estado. Por anunciar ficaram as entradas e as
saídas do Executivo.
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