domingo, 7 de julho de 2013

A GIGANTESCA FOSSA DA REPÚBLICA DOS PALHAÇOS – DE BELÉM A SÃO BENTO



António Veríssimo

Já cansa e enoja o que politicamente está a acontecer em Portugal. Os portugueses já não devem (nem têm) respeito rigorosamente nenhum aos detentores dos poderes e obreiros da fossa desta república das palhaçadas que vão e vêm ao sabor das conveniências e humores de uns quantos salafrários.

Os odores são nauseabundos estejamos nós perto ou longe da fossa pestilenta que vai de Belém a São Bento. Uma direita inqualificável, chefiada por um péssimo presidente da República, coadjuvado pelos atores e mentores do grande capital nacional e internacional, apossou-se de Portugal e arrasta-o pelas ruas da amargura e da indecência, da indiferença pelo seu povo, da insensibilidade e resistência à legalidade constitucional, temendo eleições mas dizendo-se democráticos. Causando temores sobre o “monstro” das eleições que não desejam para que possam perdurar nos poderes que imerecidamente lhes foram entregues em votação e que apesar dos seus prejudiciais e péssimos desempenhos não querem largar.

Portugal está na posse de uma elite danosa e antipatriótica. Os seus supostos expoentes máximos são representados por um presidente da República incapaz, debilitado em valores democráticos, e por uma coligação que se agarrou ao poder governativo para servir interesses que não são os da maioria da população.

Há uma semana que o pico da instabilidade se tornou mais notório, com a demissão de Vitor Gaspar, o super-ministro ou efetivo primeiro-ministro. A sua carta de demissão, tornada pública, é esclarecedora das políticas e rumos errados por que o governo de Cavaco-Passos-Portas enveredou. Seguidamente aconteceu a demissão “irrevogável” de Paulo Portas… Mas não, a “irrevogável” demissão foi simplesmente uma palhaçada. As alegadas causas são publicamente conhecidas. Agora, finalmente, foi descoberta a fórmula – talvez abençoada pelos santos e pecadores – de um acordo entre os partidos da coligação PSD-CDS. E Portas já não se demite, vai para vice-primeiro-ministro com a costumeira cumplicidade de Cavaco Silva.

Sobre tudo isso o presidente Cavaco Silva vai decidir-se esta semana, talvez na próxima quinta-feira, depois de ouvir os partidos. Pergunte-se porquê. Porque leva tantos dias Cavaco para tornar público a sua decisão da continuidade dos seus comparsas no governo. Porque Cavaco é adepto da palhaçada, como os seus corregilionários. Só não tem por certeza o que Cavaco já decidiu – manter no governo de Portugal estes “compadres” – quem estiver noutro planeta e a milhões de anos-luz (sem notícias) da fossa portuguesa que vai de Belém a São Bento.

O “papão” das eleições antecipadas anda à solta nas palavras manhosas desta direita antipatriótica e antidemocrática que chafurda na fossa protagonizando todo o tipo indecoroso de palhaçadas. A intenção é baralhar os portugueses e prosseguir com mais do mesmo descalabro. Já cansa. Já revolta. Já entristece. Ainda mais se nos dispusermos a saber das notícias repetitivas sobre esta enorme cegada tão cinzenta, tão conspurcada e mal-cheirosa. Afinal as notícias vão dar sempre ao mesmo: Portugal está na posse de uma súcia apostada em prosseguir na concordância, exploração, empobrecimento coersivo e lunatismo imposto pelos “mercados”. Os portugueses têm o dever de exigir que a democracia seja reposta na sua máxima expressão, eleições. Porque a legitimidade democrática assim exige quando os eleitos passam a governar ao contrário do prometido, ao serviço de interesses dúbios e são a causa maior da instabilidade que gera esta fossa lusitana.

Mas… Eleições? Eles temem-nas porque sabem perfeitamente qual o resultado. Temem porque seria posta a nu a sua ilegimidade de serem detentores dos poderes. Porque eles são o circo e a palhaçada assente na fossa que originaram e as eleições viriam certamente drenar toda essa nefasta porcaria e os implicitos e insuportáveis odores.

 Quinta-feira as declarações de Cavaco serão sobre a sua decisão de ele e todos os seus apaniguados continuarem a chafurdar naquilo que criaram: a fossa na República dos Palhaços. As notícias pouco diferentes serão do que aqui em baixo consta, retiradas do Diário de Notícias. Mais do mesmo. A democracia talvez regresse depois deste banquete cavaquista. Talvez, não é certo. (AV - PG)

ACORDO NA COLIGAÇÃO - Passos confirma Portas como 'vice' do Governo

Diário de Notícias

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