“Existem poucos líderes mundiais que
arriscariam colocar-se do lado dos direitos humanos de um individuo face ao
governo mais poderoso do planeta, e a valentia de Equador e do seu povo
constitui um exemplo para o mundo.
Devo exprimir o meu
profundo respeito pelos seus princípios e o meu sincero agradecimento pela
acção do seu governo ao tomar em consideração o meu pedido de asilo político.
O Governo dos
Estados Unidos da América montou o maior sistema de vigilância do mundo. Este
sistema global afecta toda a vida humana vinculada à tecnologia: gravando,
analisando e submetendo a juízo secreto cada membro do público internacional.
Existe uma grave violação dos nossos direitos humanos universais quando um
sistema político perpetua a espionagem automática, generalizada e sem garantias
contra pessoas inocentes.
De acordo com esta
convicção, revelei este programa ao meu país e ao mundo. Enquanto o público
exprimiu apoio ao esclarecimento que abri sobre este sistema secreto de
injustiça, o Governo dos Estados Unidos de América respondeu com uma
perseguição extrajudicial que me custou a minha família, a minha liberdade de
movimentos e o meu direito a uma vida pacífica, sem o receio de uma agressão
ilegal.
Enquanto eu
enfrento esta perseguição, aqueles governos temerosos do Governo
norte-americano e das suas ameaças mantêm-se em silêncio.
O Equador, todavia,
levantou-se em defesa do direito humano de procurar asilo. A decisiva acção do
seu Cônsul em Londres, Fidel Narváez, garantiu que os meus direitos fossem
protegidos durante a minha saída de Hong Kong. Sem isso nunca poderia ter-me
arriscado a viajar.
Agora, como
resultado, mantenho-me livre e em condições de publicar informação que serve o
interesse do público.
Sem me preocupar
com os dias que me restem de vida, manterei a minha dedicação à luta pela
justiça num mundo desigual. Se algum desses dias contribuir para o bem comum, o
mundo deverá agradecê-lo aos princípios do Equador.
Aceite, por favor,
a minha gratidão em relação a si, como representante do seu Governo e do povo
da República do Equador, bem como a minha grande admiração pessoal pelo seu
compromisso em fazer o que é correcto, em vez daquilo que possa trazer
recompensas”.
Edward Joseph
Snowden.
Fonte: O Diário
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