Jornal i - Lusa
Para o professor
"é normal que um Governo de coligação se possa desfazer, se possa compor
ou não, e se não se puder compor que haja eleições"
João Ferreira do
Amaral considerou hoje que a instabilidade política no país "é um papão
que se está a acenar" porque o que está em causa "é normal num país
democrático".
Em declarações à
agência Lusa, o economista e professor adiantou que as demissões de ministros,
as conversações entre os líderes dos partidos de coligação do Governo e a
instabilidade política provocada "é normal" e que não se trata de
"golpes de Estado nem de situações de a rua tomar conta do poder".
Para o professor
"é normal que um Governo de coligação se possa desfazer, se possa compor
ou não, e se não se puder compor que haja eleições".
João Ferreira do
Amaral observou que a questão da instabilidade política "afeta os mercados
no início porque é uma surpresa, mas depois estabilizarão", acrescentando
que se houver um outro Governo com a mesma coligação, "a confiança será a
mesma da que existia antes".
Caso haja
perspetivas de eleições, o professor frisa que, para os mercados, "isso
não significa que se vá entrar em paranoia", até porque o Partido
Socialista sempre se considerou "amarrado ao memorando de
entendimento".
Para o economista,
"Portugal é o primeiro caso de insucesso dos programas [de
ajustamento]", porque a Grécia, embora com resultados "desastrosos,
foi sempre acusada de não cumprir". Já Portugal "cumpriu e não
melhorou nada a situação", afirmou.
"Toda a gente
sabe que Portugal não poderia voltar aos mercados sem ajuda",
independentemente da instabilidade política, disse João Ferreira do Amaral,
considerando que isso significa que o programa da 'troika' (Fundo Monetário
Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) "não teve êxito
e criou disfunções na economia e no emprego" com as quais vai ser
"muito difícil de lidar no futuro".
"Verdadeiramente
e sem margem para dúvidas, porque aqui já não há a desculpa de saber se
[Portugal] cumpriu ou não cumpriu", a situação atual "pode levar a
uma reflexão da Europa sobre este tipo de programas", acrescentou.
A questão da
reflexão e da eventual mudança das atuação das entidades europeias tem a ver,
segundo João Ferreira do Amaral, com a "consciencialização progressiva de
que Portugal chegou a um bloqueio", ou seja, "já não tem grande
capacidade com este programa de consolidar as suas finanças públicas porque a
economia já não permite isso".
Sem comentários:
Enviar um comentário