Nicolau Santos –
Expresso, opinião
Paulo Portas saiu
hoje do Palácio de Belém, depois de se encontrar com Cavaco Silva e disse, com
ar sério e pose de estadista: "Consideramos que o valor da estabilidade
política é relevante não apenas para a governação do país, mas para a conclusão
do programa de assistência financeira que Portugal assinou com a troika".
É muito difícil uma
pessoa conseguir dizer uma piada e não se rir da própria piada. Nesse aspeto,
Paulo Portas é do melhor que temos em Portugal. É um autêntico camaleão, que se
transfigura consoante o meio onde está.
Se está entre os
reposteiros de Belém, fica estadista. Se calcorreia as feiras, torna-se
feirante. Se anda na lavoura, torna-se rural. Se visita um lar de idosos,
torna-se na Madre Teresa. Se entra no meio artístico, mostra as suas outras
artes.
Portas demitiu-se
de forma irrevogável do Governo. Tinha razões legítimas para o fazer. Mas foi
ele a causa da instabilidade política que abalou o Governo, levou os
investidores a fugir e fez disparar os juros da dívida pública.
Vir agora dizer que
considera relevante a estabilidade política não é só grotesco para ele. É
tomar-nos a todos nós, espectadores da paupérrima ópera bufa que CDS e PSD tem
protagonizado desde há semana e meia, como mentecaptos. E isso convenhamos que
é demais.
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