Jornal i
Vítor Gaspar e a
mulher viveram um autêntico pesadelo num supermercado. A história foi
confirmada ao i por dois ex-membros do governo. Foi há duas semanas
em Lisboa. O ministro das Finanças, que, a exemplo da grande maioria dos
membros do governo, andava sempre com segurança pessoal, decidiu ir às compras
com a mulher. Sozinhos, sem qualquer elemento da PSP. As compras no
supermercado correm normalmente, sem sobressaltos. Mas a presença de um dos
ministros mais odiados do governo no estabelecimento começou a correr de boca
em boca. Os olhares silenciosos dos clientes ao casal não faziam prever
qualquer reacção mais desagradável ou violenta. Mas tudo mudou quando Vítor
Gaspar e a mulher acabaram as compras e foram para a fila de uma das caixas.
Um cliente mais
exaltado fez um comentário alto, outro atirou um insulto e de um momento para o
outro tudo ficou descontrolado. Os seguranças do supermercado foram alertados
pelos gritos dos clientes e aproximaram-se do casal para evitar males maiores.
Pagas as compras, Gaspar e a mulher dirigiram-se para a saída protegidos pelos
seguranças, que não conseguiram evitar as cuspidelas de outros clientes,
misturadas com insultos e tentativas de agressão.
TELEFONEMA A PASSOS
Mal chegou a casa,
Vítor Gaspar telefonou a Pedro Passos Coelho. Por uma razão. Tinha chegado a
hora de o primeiro-ministro acelerar a sua saída do governo. Como é sabido, o
ministro das Finanças já tinha pedido a demissão duas vezes. Ficou por razões
que fez questão de explicar na carta de demissão e que, em última análise, se
prendiam com as negociações com a troika e com o Eurogrupo. Era importante, de
acordo com Gaspar, fechar a difícil sétima avaliação, garantir a tranche de 2
mil milhões de euros e a extensão das maturidades da dívida portuguesa aos fundos
europeus por sete anos. Nesse telefonema, feito a poucos dias da reunião do
Eurogrupo de 20 de Junho, em que ficou fechada a sétima avaliação, Vítor Gaspar
fez questão de frisar que a sua decisão era irreversível e que a saída teria de
ser rápida. Por todas as razões. Até pela família.
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