sábado, 13 de julho de 2013

Xanana Gusmão compara ONU a "tartaruga com carcaça dura" que precisa de reforma



MSE – APN - Lusa

Díli, 12 jul (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, comparou hoje a ONU a uma "tartaruga de carcaça dura e pesada" a lutar para chegar à praia, defendendo que a organização precisa de uma reforma urgente.

"A própria ONU precisa urgentemente de reforma. A pesada organização assemelha-se a uma tartaruga de carcaça dura e pesada, tentando lutar contra as marés e chegar à praia, porque à praia, em diversos países, estão continuamente a ir os agentes das missões de paz da ONU que lá trabalham e recebem medalhas pelo grande sacrifício de não poderem resolver os problemas", afirmou Xanana Gusmão.

O primeiro-ministro timorense falava no parlamento nacional no primeiro debate organizado pelo hemiciclo sobre o Estado da Nação.

Além da crítica à ONU, o primeiro-ministro falou da "globalização da hipocrisia", referindo-se aos conflitos existentes no mundo, à crise económica e aos "escândalos" do sistema financeiro mundial.

"Aos escândalos do sistema financeiro mundial, com bancos vazios de dinheiro enganando a sociedade, juntou-se o escândalo de bilionários e sociedades milionárias transferirem os seus triliões de dólares para ilhas-paraíso, fugindo dos impostos, enquanto os governos lutam por falta de dinheiro para sustentar os seus países", afirmou.

Apesar daquela realidade, são os países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos que tem de "por forças do dever às convenções internacionais", que assinaram, fazer relatórios anuais sobre direitos humanos, democracia, pobreza e má-nutrição, branqueamento de capitais e corrupção e sobre transparência e direitos cívicos.

"Para conhecermos melhor o Estado da Nação é fundamental que tenhamos sempre uma visão global do que se passa no mundo, do que se desenrola na Europa, da situação na América, das dificuldades de África, dos problemas do Médio Oriente e do que acontece ao redor de nós na Ásia", afirmou.

Para Xanana Gusmão, Timor-Leste alcançou grandes progressos porque "olhando para o mundo, não há história de um país que, em tão pouco tempo, tivesse conseguido tanto".

No discurso, com 24 páginas, o primeiro-ministro prestou homenagem ao povo timorense, porque é à população que se deve o "Estado viável e em fase segura de construção e consolidação".

Na intervenção, que contou com a presença de vários elementos do governo e do corpo diplomático, Xanana Gusmão falou sobre reformas institucionais, nomeadamente ao nível da Polícia Nacional, de crescimento económico, de desenvolvimento humano e relações internacionais e do novo paradigma para o desenvolvimento.

"Acredito que nós, timorenses, podemos protagonizar mais uma iniciativa no novo paradigma de desenvolvimento, para tentar convencer o mundo quanto ao combate eficaz e sustentado à pobreza", afirmou.

Segundo Xanana Gusmão, o novo paradigma de combate à pobreza em Timor-Leste passa por "reconhecer" que os timorenses conhecem "mais do que ninguém" as suas fragilidades "independentemente dos padrões e leituras internacionais".

"Timor-Leste tem os seus próprios obstáculos e uma história de luta e sacrifício, mas tem, também, já uma história de resiliência e de progressos consideráveis que apelam à confiança no nosso percurso futuro", disse.

Para o futuro, no combate à pobreza, o primeiro-ministro timorense disse esperar contar com o "compromisso firme de todos os timorenses e com a solidez das instituições do Estado para tornar real" o ideal de um país "desenvolvido, justo e digno".

Leia mais sobre Macau e Timor-Leste – ou  outros países daquela região do mundo - em TIMOR LOROSAE NAÇÃO

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