Verdade (mz) - editorial
É preciso fazer
alguma coisa e é já. Este não pode continuar a ser um país de filhos e
enteados. O cidadão Guilherme Mavila não pode, de forma alguma, viver à grande
e à francesa enquanto 22 milhões de habitantes vivem à mercê da fome e do
desespero. As generalizações, sabemo-lo, pecam por fugirem à verdade. Contudo,
neste caso seria hipocrisia passar ao lado delas.
É que, por mais que
esfolemos os miolos, não conseguimos compreender o que terá feito o ex-ministro
do Trabalho, Guilherme Mavila, para merecer tantos cargos públicos. É
Presidente do Conselho de Administração do Conselho Nacional de Electricidade
(CENELEC), uma instituição cuja vocação devia ser arbitrar os conflitos entre a
Electricidade de Moçambique (EDM) e os seus clientes. Na verdade, o CENELEC é –
analisando bem as coisas – um mecanismo criado para empregar indivíduos avessos
ao trabalho. Só isso justifica que nos seus 10 anos de existência não tenha
resolvido sequer um caso entre a EDM e um utente.
Esta situação de
total inoperância do CENELEC é, por si só, uma denúncia flagrante do gasto de
dinheiro público que esta instituição representa. Curiosamente, o PCA da
CENELEC é igualmente administrador no Instituto Nacional de Telecomunicações.
Portanto, o ex-ministro do Trabalho é um homem com sorte e que goza de salários
chorudos num país onde o emprego não abunda. Só merece tamanha confiança quem
demonstra extrema competência. O que, diga-se, não é o caso de Guilherme
Mavila.
Quando era ministro
do Trabalho o Instituto Nacional Segurança Social (INSS) Mavila entrou em
esquemas congeminados no esgoto da pior sacanice com alguns bancos da praça.
Aliás, quando deixou de ser ministro foi presenteado com o cargo de
administrador não executivo de uma instituição bancária onde mandou injectar,
via INSS, cerca de 400 mil dólares.
Pelo passado de
Guilherme Mavila não cremos – gostávamos de estar enganados – que o homem tenha
vergonha na cara ao ponto de abdicar de pelo menos um destes cargos em
instituições públicas. Nem é pela questão da probidade pública. Isso não é o
mais preocupante num país que cria leis que não segue nem mesmo com uma arma
apontada à testa. O que nos preocupa é a falta de consciência ética de quem
deve servir o povo. Isso é tremendamente perigoso.
Guilherme Mavila
devia ser demitido, não pela acumulação de cargos cujo salário líquido
ultrapassa a fasquia dos cinco mil dólares, mas sim por manifesta
incompetência. Portanto, a maior injustiça que um Governo pode cometer contra o
seu povo é criar cidadãos como Mavila, que ganham muito e não fazem nada.
Demitam-no e façam um favor ao povo.
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