Queda absoluta da
população alemã e seu envelhecimento rápido expõem desmonte do estado de
bem-estar social e rejeição a estrangeiros
Gabriela Leite –
Outras Palavras, em Blog da Redação
E se o Velho
Continente estiver envelhecendo ainda mais? Ao que parece, isso está
acontecendo. Pesquisas recentes apontam que a população da Alemanha, país mais
populoso do continente, diminui progressivamente. Em 50 anos, deve chegar a 66
milhões — 19% menor do que a atual, de 81 milhões. O país, que é um dos mais
ricos, além de líder político da União Europeia, não é o único. A Letônia e a
Bulgária, por exemplo, estão em situação até pior. Mas, em meio à crise, estes
não têm como fazer nada para reverter o processo — ao contrário dos prósperos
alemães, que gastam 264 bilhões de euros por ano em subsídios às famílias.
Porém, estas
medidas não têm sido tão eficientes quanto deveriam. O processo de diminuição
da população, segundo artigo do New York Times, começou nos anos 1970, no lado
capitalista do país, quando a taxa de natalidade caiu para 1,4 — número que se
mantém. Demógrafos calculam que para uma população manter-se estável, esta taxa
tem que ser de 2,1 filhos por casal. Subsidiar as famílias parece não estar
sendo suficiente por questões mais complicadas: os valores e costumes alemães,
como sua histórica falta de hospitalidade com estrangeiros.
Além de estar
diminuindo, como já se sabe, a população do continente também fica mais velha.
Hoje, na União Europeia, há cerca de quatro trabalhadores para cada aposentado
— e em 2060, calcula-se, a proporção será de dois para cada um. Este fator,
combinado com a redução do número de filhos por famílias, gera um grande
problema para o mercado de trabalho alemão.
Algumas das medidas
que certos “especialistas” sugerem vão em sentido contrário às políticas de bem
estar social, mas já estão começando a ser implementadas. No momento, o governo
alemão aumenta a idade de aposentadoria de 65 para 67 anos. Outra solução muito
malvista na sociedade alemã, mas que os partidários das políticas atuais
insistem em adotar, é a tentativa de fazer com que as mulheres que têm filhos
continuem trabalhando. Para tentar reduzir o afastamento do trabalho, o governo
aprovou lei que garante creche para todas as crianças acima de 12 meses de
idade. Não se trata propriamente, no caso alemão, de uma vantagem. Há décadas,
os salários dignos pagos às trabalhadoras, permitiam longos anos de dedicação
às crianças.
Outra solução que
seria de grande ajuda para resolver os problemas de falta de trabalhadores é
uma maior abertura para estrangeiros. Apesar de ter uma história de difícil
integração de populações vindas de fora, como os turcos, empresas e autoridades
já estão estudando como fazer o país tornar-se mais hospitaleiro para os
“melhores” vizinhos. A ideia principal é trazer trabalhadores de países
europeus que sofrem com o desemprego, mas pesquisas já mostram que mais da
metade dos espanhóis e gregos que vão morar na Alemanha, voltam em menos de um
ano. Ao que parece, a solução que deveria funcionar a longo prazo — e não
tiraria os direitos já conquistados dos alemães — é pensar em abrir ainda mais
as fronteiras europeias, para o mundo.
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