domingo, 11 de agosto de 2013

UM “CENÁRIO EGIPCIO” NA TUNÍSIA

 


Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Tunis nesta semana clamando pela destituição do partido governante "Ennahda", acusado de ser culpado pelo assassinato, no dia 25 de julho, do político de esquerda Mohamed Brahmi. Analistas internacionais já comparam a Tunísia ao Egito, país em que a oposição secular derrubou um governo islâmico.
 
Jacob Chamberlain - Common Dreams - Carta Maior
 
A Tunísia atingiu um novo nível de agitação política a partir da última terça-feira (6), seguida do fechamento da Assembleia Nacional e do maior protesto de rua desde que a crise no país se reiniciou, há duas semanas, por ocasião do assassinato de um líder da esquerda.

A Reuters relatou que a suspensão da Assembleia Constituinte da Tunísia na terça, anunciada pelo seu chefe - Mustafa Ben Jaffar, secretário-geral do partido de centro-esquerda "Ettakatol" - poderia aproximar o país de um "cenário egípcio", no qual a oposição secular derrubou um governo islâmico.

Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas de Túnis clamando pela destituição do partido governante "Ennahda", o qual eles dizem ser culpado pelo assassinato do político de esquerda Mohamed Brahmi no dia 25 de julho. O assassinato de Brahmi deflagrou os protestos recentes, assim como o do líder de esquerda Chokri Belaid, há exatamente 6 meses, resultou em uma revolta similar.

Mais de 70 membros da Assembleia Constituinte se retiraram há duas semanas em protesto pelas duas mortes. Em resposta aos protestos que aconteciam, eles sentaram-se do lado de fora da Assembleia e lideraram sua inteira suspensão.

A suspensão acontece faltando algumas semanas para a data que o grupo de transição tinha agendado "para finalizar um rascunho da constituição e das leis eleitorais que permitiriam à Tunísia sustentar novas eleições ao fim do ano," informou a Reuters.

De acordo com a Al Jazeera, essas agitações representam a pior crise política desde a destituição do líder autocrático Zine el-Abidine Ben Ali, em 2011, que levou às insurreições da Primavera Árabe pelo mundo.

Como a analista política Sofian Ben Farha contou à Reuters, "o cenário egípcio não está tão distante e parece bem razoável que a crise continue."

"A mobilização de massa e a decisão de Ben Jaafar [de suspender a Assembleia] vão trazer o mesmo que aconteceu no Egito," declarou Sofian Chouarbi, uma ativista de oposição que ganhou destaque na revolta de 2011.

Além disso, como no Egito, grande parte da população apoia o partido Ennahda. Na semana passada dezenas de milhares de manifestantes pró-Ennahda foram à ruas apoiar o governo cantando "não aos golpes, sim às eleições."

Tradução de Roberto Brilhante
 

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