Deutsche Welle
Informações
repassadas por governo alemão teriam ajudado no assassinato de suspeitos de
terrorismo no Afeganistão, Paquistão e Somália. Órgão diz que partilhar dados
com aliados é legal. Oposição quer explicações.
A novela da
cooperação entre os serviços secretos alemão e norte-americano parece estar
longe da cena final. Em seu mais recente capítulo, detalhes da relação entre os
dois revelam que, segundo a imprensa alemã, o presidente do Serviço Federal de
Informações (BND, na sigla em alemão), Gerhard Schindler, teria autorizado o
repasse de números de celulares de suspeitos de terrorismo à Agência de
Segurança Nacional (NSA) dos EUA.
Esses dados de
telefonia celular podem ter sido utilizados em ataques com drones (veículos
aéreos não tripulados), por exemplo, no Afeganistão, Paquistão ou Somália,
visando o homicídio direcionado de suspeitos – segundo divulgaram nesta
sexta-feira (09/08) o jornal alemão Süddeutsche Zeitung e o canal de televisão
NDR.
"Fora do
âmbito de conflitos armados, assassinatos seletivos infringem o direito
internacional", observou o deputado do Partido Social-Democrata (SPD)
Thomas Oppermann. Ele exige que Berlim esclareça se ocorreram operações mortais
desse tipo "com base nos dados do BND, desde o decreto do Ministério do
Interior de 2010".
BND nega ação
ilícita
Segundo a
reportagem do Süddeutsche Zeitung, Schindler teria ordenado a entrega dos
dados, passando por cima de seus colaboradores. O fato teria resultado numa
acalorada discussão dentro do órgão de inteligência.
O presidente do
BND, porém, classifica como "legal" a divulgação de números de
telefones celulares a serviços secretos aliados. "Essa prática de
compartilhamento de dados acontece no BND desde 2003, 2004", comunicou um
porta-voz, ressalvando que Schindler não teria ordenado especificamente a
cessão dos números de suspeitos.
Se por um lado, a
prática de compartilhamento de dados não foi modificada durante a gestão de
Schindler, por outro, números de celulares do sistema GSM não serviriam para
buscar uma localização precisa, acrescentou o porta-voz do BND.
O GSM (Global
System for Mobile Communications) é o padrão de telefonia celular mais
difundido em todo o mundo. Paralelamente, já existem, na maior parte dos
países, outros sistemas mais avançados, como o UMTS.
Gerhard Schindler
dirige o Serviço Federal de Informações desde 2011. O órgão tem estado em
evidência na mídia, por último sob a acusação de utilizar o sistema de
vigilância informática da NSA, denominado XKeyscore, e de mensalmente
transmitir "milhões de dados" da Alemanha para a agência
norte-americana. O presidente do BND negou ambas as acusações, afirmando que em
2012 só foram cedidos à NSA os dados pessoais de dois cidadãos alemães.
AV/dpa/rtr
Sem comentários:
Enviar um comentário