O Presidente
angolano José Eduardo dos Santos respondeu hoje com promessas às preocupações
apresentadas em Luanda no Fórum Nacional da Juventude, em que o desemprego
surge como a principal preocupação.
A iniciativa, que
culminou hoje com a realização do Fórum, em que participaram mais de 3 mil
delegados vindos de todo o país e da diáspora, arrancou a 21 de junho passado
quando José Eduardo dos Santos recebeu na Cidade Alta, sede da Presidência da
República, representantes de 30 organizações juvenis, ligadas a partidos
políticos ou a organizações da sociedade civil.
O objetivo era,
através do diálogo, inventariar os problemas da juventude angolana, setor da
população mais afetada pelo desemprego em Angola.
No discurso de
encerramento dos trabalhos, José Eduardo dos Santos prometeu criar mais centros
de formação profissional e mais verbas para investimento público em
infraestruturas e investimento privado nos setores produtivo e da prestação de
serviços.
O objetivo,
acentuou, é "criar cada vez mais postos de trabalho".
Nesse sentido,
acrescentou que os serviços competentes do Estado já receberam orientações para
fiscalizarem, "com mais rigor", a aplicação das normas da Lei Geral
do Trabalho que protegem o emprego dos cidadãos nacionais, sem esquecer as
normas legais que garantem o acesso ao primeiro emprego.
"Não é justo
que as empresas nacionais ou estrangeiras prefiram dar emprego a cidadãos
estrangeiros no nosso país para realizarem trabalhos que os angolanos podem
fazer e as vezes apenas mediante alguns cursos de formação profissional",
disse.
José Eduardo dos
Santos considerou que aos quadros recém-formados não se podem exigir
experiência profissional como condição para o primeiro emprego.
"Têm de ser
garantidas as condições de estágio para que esses quadros recém-formados possam
ter imediatamente acesso ao primeiro emprego", defendeu.
Antes da
intervenção de José Eduardo dos Santos, foram apresentadas as conclusões finais
e recomendações, que apresentam a falta de emprego e a formação profissional
como a principal preocupação saída dos encontros realizados em todo o país e em
que participaram mais de 50 mil jovens.
Depois da falta de
emprego e formação profissional, as outras duas principais preocupações manifestadas
têm a ver com a falta de escolas e de qualidade do ensino e a habitação.
Neste processo de
auscultação dos problemas da juventude, o autodenominado Movimento
Revolucionário (MR), que tem chamado a si a organização de manifestações
públicas contra o regime e prontamente reprimidas pelas autoridades, recusou-se
a participar por não acreditar na iniciativa.
Contactado pela
Lusa, Gaspar Luamba, do MR, disse não ver "nenhuma razão para
participar", porque, adiantou, José Eduardo dos Santos "desconhece os
problemas da juventude".
Quem participou no
encontro de 21 de junho e hoje também esteve presente, mas agora sem intervir,
foi Mfuca Muzemba, ex-dirigente da organização juvenil da UNITA, o maior
partido da oposição.
A 21 de junho,
Muzemba foi o mais crítico de todos os intervenientes, questionando diretamente
José Eduardo dos Santos sobre o desaparecimento de manifestantes e a repressão
policial.
Hoje, no início dos
trabalhos, disse à Lusa que o Fórum visou "lavar a imagem do governo
diante da juventude angolana, porque os problemas já estão mais que
identificados".
"Temos perto
de 80 por cento de jovens que não trabalham e os que trabalham têm salário
precário que não chega para pagar nem a escola, nem a renda de casa e muito
menos para sobreviver. Estamos a falar de jovens com extremas dificuldades e só
por isso é que se justifica a onda crescente de manifestações públicas, no
sentido da mudança", concluiu.
Lusa
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