sábado, 14 de setembro de 2013

Angola: Eduardo dos Santos responde com promessas a preocupações dos jovens

 


O Presidente angolano José Eduardo dos Santos respondeu hoje com promessas às preocupações apresentadas em Luanda no Fórum Nacional da Juventude, em que o desemprego surge como a principal preocupação.
 
A iniciativa, que culminou hoje com a realização do Fórum, em que participaram mais de 3 mil delegados vindos de todo o país e da diáspora, arrancou a 21 de junho passado quando José Eduardo dos Santos recebeu na Cidade Alta, sede da Presidência da República, representantes de 30 organizações juvenis, ligadas a partidos políticos ou a organizações da sociedade civil.
 
O objetivo era, através do diálogo, inventariar os problemas da juventude angolana, setor da população mais afetada pelo desemprego em Angola.
 
No discurso de encerramento dos trabalhos, José Eduardo dos Santos prometeu criar mais centros de formação profissional e mais verbas para investimento público em infraestruturas e investimento privado nos setores produtivo e da prestação de serviços.
 
O objetivo, acentuou, é "criar cada vez mais postos de trabalho".
 
Nesse sentido, acrescentou que os serviços competentes do Estado já receberam orientações para fiscalizarem, "com mais rigor", a aplicação das normas da Lei Geral do Trabalho que protegem o emprego dos cidadãos nacionais, sem esquecer as normas legais que garantem o acesso ao primeiro emprego.
 
"Não é justo que as empresas nacionais ou estrangeiras prefiram dar emprego a cidadãos estrangeiros no nosso país para realizarem trabalhos que os angolanos podem fazer e as vezes apenas mediante alguns cursos de formação profissional", disse.
 
José Eduardo dos Santos considerou que aos quadros recém-formados não se podem exigir experiência profissional como condição para o primeiro emprego.
 
"Têm de ser garantidas as condições de estágio para que esses quadros recém-formados possam ter imediatamente acesso ao primeiro emprego", defendeu.
 
Antes da intervenção de José Eduardo dos Santos, foram apresentadas as conclusões finais e recomendações, que apresentam a falta de emprego e a formação profissional como a principal preocupação saída dos encontros realizados em todo o país e em que participaram mais de 50 mil jovens.
 
Depois da falta de emprego e formação profissional, as outras duas principais preocupações manifestadas têm a ver com a falta de escolas e de qualidade do ensino e a habitação.
 
Neste processo de auscultação dos problemas da juventude, o autodenominado Movimento Revolucionário (MR), que tem chamado a si a organização de manifestações públicas contra o regime e prontamente reprimidas pelas autoridades, recusou-se a participar por não acreditar na iniciativa.
 
Contactado pela Lusa, Gaspar Luamba, do MR, disse não ver "nenhuma razão para participar", porque, adiantou, José Eduardo dos Santos "desconhece os problemas da juventude".
 
Quem participou no encontro de 21 de junho e hoje também esteve presente, mas agora sem intervir, foi Mfuca Muzemba, ex-dirigente da organização juvenil da UNITA, o maior partido da oposição.
 
A 21 de junho, Muzemba foi o mais crítico de todos os intervenientes, questionando diretamente José Eduardo dos Santos sobre o desaparecimento de manifestantes e a repressão policial.
 
Hoje, no início dos trabalhos, disse à Lusa que o Fórum visou "lavar a imagem do governo diante da juventude angolana, porque os problemas já estão mais que identificados".
 
"Temos perto de 80 por cento de jovens que não trabalham e os que trabalham têm salário precário que não chega para pagar nem a escola, nem a renda de casa e muito menos para sobreviver. Estamos a falar de jovens com extremas dificuldades e só por isso é que se justifica a onda crescente de manifestações públicas, no sentido da mudança", concluiu.
 
Lusa
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana