Angop
A análise das
relações Angola China, a participação da China na Reconstrução de Angola, o
apoio financeiro prestado a Angola e a formação de quadros foram abordados pelo
embaixador de Angola na China, Garcia Bires, em entrevista exclusiva a Angop,
no âmbito da visita do ministro angolano das relações exteriores, Georges
Rebelo Chikoti, à República Popular da China, de 16 a 17 do corrente mês
Em seguida
transcrevemos o teor da entrevista
Angop - Que balanço
faz do estado das relações bilaterais entre Angola e a China?
R - De um modo
geral o balanco é positivo.
Como exemplo
inegável, se olharmos o que era o nosso país antes de Março de 2004, data em
que o nosso Executivo por força do acordo assinado com o Eximbank da República
Popular da China recebeu o primiero financiamento, veremos que o pais mudou em
vários aspectos.
Verificamos que os
“os matos desertos” hoje estão sendo transformados em aldeias, vilas e cidades
modernas, as estradas que eram um quebra-cabeça são autênticas pistas e outras
novas infra-estruturas surgem em cada canto do nosso país.
Por outro lado, os
dados disponiveis indicam que no ano passado, as trocas comerciais bilaterais
tiveram um balanço de 37 milhões de dólares norte-americanos (Um dólar equivale
a cem Kwanzas).
Angop - Além da
construção e reabilitação de infra-estruturas, em que outras áreas da economia
Angola desejaria ver a participação de empresas ou parcerias chinesas?
R - As novas áreas
de cooperação que o nosso Executivo perspectiva desenvolver com a República
Popular da China poderão ser as da agricultura, pecuária, exploração de jazigos
minerais e das pedras ornamentais.
Na agricultura,
queríamos desenvolver pequenas e médias indústrias de transformação, tendo em
conta que no nosso solo e subsolo crescem e existem produtos de excelente
qualidade que, para além de abastecer o mercado nacional e melhorar a dieta
alimentar das nossas populações, eles são exportáveis.
A China tem muita
experiência no cruzamento e multiplicação de animais. ‘E do nosso interesse
aprendermos essa matéria e trocarmos experiência na piscecultura e
fruticultura.
A exploração
mineira e de rochas ornamentais são outras áreas que conjuntamente podemos
explorar. Por aquilo que sabemos, o mercado internacional para além do
diamante, conhece muito bem e aprecia esses produtos.
Angop - Que papel
pode a China e as empresas chinesas desempenhar no processo de industrialização
de Angola?
R - Como sabe, a
China tem conseguido, com sucesso, superar atrasos estruturais e económicos
para competir, com êxito reconhecido, no cenário internacional. A china é uma
das economias com mais rápido crescimento e vai se afirmando todos os dias nos
mercados mundiais.
No nosso pais, o
sector da indústria continua ainda a ser afectado por debilidades estruturais
ligadas fundamentalmente aos baixos indices de produção e de competitividade.
Com a experiência
que a China tem, pode contribuir para a fomentação da nossa produção industrial
sobretudo na de transformação para melhor aproveitamento das matérias-primas
agricolas e minerais de forma a incrementar o valor acrescentado nacional e da
diverficação da nossa economia.
Angop - Que
trabalho tem desenvolvido a Embaixada de Angola na China, no sentido de
persuader os empresários chineses a investir no sector da indústria pesada e
ligeira no nosso país?
R - Conciliar as
actividades da Embaixada com as novas exigências é uma das apostas e
priorizamos acções que visam conquistar mais investidores públicos e privados.
Dar corpo a diplomacia económica.
A realização dos
seminários, o primeiro por ocasião do trigésimo séptimo aniversário da nossa
independencia e o segundo por motivo do trigésimo aniversário do
estabelecimento das relações diplomáticas entre o nosso País e a República
Popular da China foram algumas das actividades desenvolvidas para persuadirmos
a classe empresarial chinesa no sentido de investirem no nosso pais.
Nesses eventos
temos tido a colaboração de técnicos da Agência Nacional de Investimentos
Privados, ANIP, do Ministério das Relações Exteriores e de profissionais do
Centro de Estudos Estratégicos de Angola.
Angop- Qual o grau
de implementação do Acordo-Quadro de cooperação entre Angola e a China,
assinado em 17 de Dezembro de 2008, que visa estimular a promoção de parcerias
empresariais entre angolanos e chineses, com base no princípio da
complementariedade e joint-ventures?
R - O grau de
implementacao do Acordo pode se considerar satisfatório, porque a presença
chinesa em Angola já ultrapassou a área da construção civil, que foi o sector
que abriu portas ao gigante asiático.
A presença chinesa
em Angola já é trazida também pela vontade própria dos agentes económicos
chineses para investir em Angola.
"Temos estado
a assistir a um aumento da presença chinesa no sector privado na área da
construção civil, da agro-indústria, e temos já manifestações de intenção na
área dos serviços financeiros, quer isto dizer que a presença chinesa está a
diversificar-se e é crescente.
Do nosso lado,
verifica-se um intenso movimento de compatriotas que escalam as grandes regiões
comerciais da China.
Seria também muito
bom que os nossos homens de negócios promovessem os seus produtos nas feiras
que se realizam na China, fizessem um marketing convincente, permanente e
divulgassem as potencialidades dos seus sectores com mais garra e assiduidade.
As deliberações
saidas da ultima Reunião Ministerial do Fórum de Coooperação China-Africa abrem
alguns caminhos. Saberemos n’os aproveitar todas as oportunidades?
Angop - Além da
produção de arroz, segmento agrícola em que já se verificam alguns resultados,
que outras culturas o Governo angolano quer ver desenvolvidas com a cooperação
e parceria chinesa?
R - Como sabe, Angola
dispõe de condições privilegiadas para a produção agrícola. Tem solos aráveis
que podem suportar até duas colheitas por ano, facilitado pelo seu potencial
fluvial. Tem uma temperatura média e amena, entre 19 e 26 graus centígrados.
Com a experiência chinesa que como sabe e um dos grandes produtores e
exportadores de bens fácilmente adaptáveis ao nosso clima, o nosso Executivo
aposta em desenvolver outras culturas como a cana-de-açúcar, o algodão e o café
através do qual o país é conhecido mundialmente pelo seu potencial.
Angop - Os acordos
de financiamento dos programas de reconstrução que são assegurados pelo
EXIMBANK da China já persuadiram o empresariado bancário chinês a apostar na
abertura de representações financeiras de crédito no nosso país, tendo em conta
que as trocas comerciais entre os dois Estados crescem a um ritmo exponencial?
R - Temos promovido
junto da classe empresarial chinesa a abertura deste tipo de instituições no
nosso pais. Tenho conhecimento que existem algumas manifestações de intenção
neste sentido.
O
Vice-Presidente do Banco de Comércio e Indústria da China, ICBC, Yang Kaisheng,
o maior banco do mundo afirmara aquando da sua visita a Angola que acredita no
crescimento sustentavel da economia angolana e está aberto a cooperação com o
nosso pais.
Angop - Que apoio
pode conceder a China a Angola, enquanto membro permanente do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, na pretensão do nosso país de ganhar um assento
naquele órgão, como membro não permanente?
R - Como sabe a
Republica Popular da China é um dos Membros Permanentes do Conselho de
Segurança das Nações Unidas. No âmbito das Relações Internacionais modernas, a
China apresenta-se cada vez mais activa nas relações de cooperação com os seus
parceiros. Nesta senda esperamos que a República Popular da China esteja no
nosso lado ajudando a convencer os governos na consolidação da nossa pretensao:
a de ocupar um lugar como membro não permanente deste importante órgão das
Nações Unidas. Portando o Executivo angolano espera que a China tenha um “um
papel activo” nesta caminhada que Angola se propôs.
Angop - Como pode a
China aumentar o seu apoio na vertente de formação de quadros angolanos, tanto
em Angola como no próprio território chinês?
R - A República
Popular da China tem sido um dos parceiros na formação de quadros com nivel
universitária para o nosso país.
Anualmente, para
além de receber bolseiros provenientes através do INAGBE ( Instituto Nacional
de gestão de Bolsas de Estudos ) também aceita estudantes angolanos que
concorrem para bolsas dadas exclusivamente pelo governo chinês.
Que eu saiba, os
técnicos chineses estão a formar angolanos em várias áreas.
Assim paulatinamente,
estão conhecendo novas técnicas em multiplas especialidades e amanhã irão
manusear os equipamentos oriundos da China e de outros países e ao mesmo tempo
são os fieis difusores da língua chinesa em Angola.
Também é nossa
certeza que entre eles sairão àqueles que participarão na produção de produtos
técnicos e científicos com o rotulo “Feito em Angola”.
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