segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Moçambique: Estado entregue a quadrilhas familiares filiadas na confraria da impunidade

 

Moçambique Para Todos
 
Definitivamente, os dirigentes do partido Frelimo estão empenhados em continuar com hábitos muito perigosos que nos irão levar a um beco sem saída, nos tempos mais próximos, se os cidadãos continuarem indiferentes e sem tomarem uma atitude que ponha termo aos abusos a que assistimos, dia-a-dia, da parte precisamente de quem se esperava boa governação e não desorganização para dela tirarem benefícios.
 
Coisas graves que estão a acontecer no País, só a irresponsabilidade e o desrespeito pela coisa pública pode explicar.
 
Dia após dia são reportados casos graves que são ignorados pois quem deveria agir entanto que Governo ou entanto que instituição pública é precisamente quem prevarica e monta esquemas perversos, muitas vezes encapuçados por familiares directos.
 
As histórias em que se comprova que o Estado está a saque nunca são resolvidas e nunca alguém é responsabilizado, precisamente porque o Estado está nas mãos de autênticas quadrilhas familiares filiadas na confraria da impunidade.
 
Quando a capital do País e a Matola estão a ser tomadas pela criminalidade, eis que ficamos a saber que afinal há uma empresa de segurança privada com ligações ao Comandante Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM) que usa o mesmo tipo de armas que a Polícia usa, ainda que isso seja ilegal. O que pensar disto? O que pensar de armas do Estado nas mãos de privados, sabendo-se que isso acontece precisamente com quem nunca deveria estar envolvido neste tipo de trapaças?
 
Ninguém na República de Moçambique está autorizado a usar armas AK47 excepto a Polícia e as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, segundo o chefe de Departamento das Relações Públicas do Ministério do Interior, Raul Freia, mas afinal há uma empresa privada ligada à família do comandante-geral da PRM que usa armas de calibre de guerra e ninguém actua? Porquê? O Estado tem normas especiais para quem manda?
 
O Estado alguma vez se pode aceitar que esteja nas mãos de pessoas que permitem este tipo de coisas?
 
Não teremos inclusivamente o direito de pensar que por trás de assaltos a paióis estão esquemas tão estranhos quanto este em que um comandante-geral tem um filho com uma empresa que manipula armas de guerra proibidas em mãos de civis?
 
O Estado que deveria ser uma entidade de bem, com estas práticas deixa espaço para que os que fazem justiça pelas próprias mãos não se corrijam e continuem convictos de que realmente não havendo Estado o caminho é cada um impor-se à sua maneira.
 
Esperamos para ver o que vai acontecer depois de termos trazido à luz factos indesmentíveis.
 
Acreditamos que nada.
 
E se o presidente da República não podendo fechar uma empresa privada continuar a permitir que o comandante-geral da PRM se mantenha no cargo mesmo sabendo-se que alguém está a usar armas do Estado para abastecer a empresa de seu filho, ficará claro mais uma vez que o Estado foi assaltado por quem já devia estar atrás das grades em vez de andar a meter outros nos calabouços.
 
E ficará comprovado que realmente há uma confraria com a qual o nosso País acabará por colapsar, como já aconteceu com muitos estados em várias partes do mundo, e em África em especial, fruto de abusos praticados por gente que se julga acima dos outros, se o Estado de Direito continuar às ordens de quem é o primeiro a permitir a violação de normas.
 
Está aqui provado que a ética e a probidade, ou seja, a honestidade inerente ao cargo público que lhe foi confiado pelo chefe de Estado, é coisa que o senhor Jorge Khálau desconhece e nessas condições não pode ser merecedor de confiança para exercer cargo de tão alta responsabilidade de que dependa a nossa segurança colectiva.
 
Temos vindo a denunciar aqui neste mesmo espaço que os dirigentes do Estado continuam a ser empresários ou a terem parentes directos envolvidos nas áreas que eles mesmo dirigem e onde têm poder de decisão, mas pelos vistos as leis não são para todos.
 
E se não são para todos, perguntamos: por que razão os outros terão de obedecer-lhes?
 
Logicamente que quem cria empresas nas áreas em que ele próprio tem responsabilidade estatal, quer enriquecer à custa do Estado, usando meios do próprio Estado. E neste caso até há armas envolvidas…
 
A empresa “Macro Segurança” está a usar o mesmo tipo de armas da Polícia! É muito suspeito que uma empresa do filho de um comandante da Polícia use o mesmo tipo de armas que a Polícia usa. Onde as arranjou, se são de uso exclusivo da Polícia e das FADM?
 
Uma segunda questão é relativa à sustentabilidade do próprio Estado. Com gente deste calibre anti-social a dirigi-lo, com desta a extorquir o Estado, que respeito é que os cidadãos honestos devem ao Estado? Será que podemos aceitar como autoridades gente desta índole?
 
O Estado dirigido por gente deste calibre deixa o seu primordial objectivo que é de servir os cidadãos.
 
O Estado, com este tipo de dirigentes passa a ser um trampolim para espertos e não há Estado sério que sobreviva a este tipo de práticas.
 
Que legitimidade poderá continuar a ter, mesmo tendo sido eleito, quem devia fazer parar este tipo de trafulhices e antes, porém, anda a fomentá-las com o seu mau exemplo?
 
Isto que hoje contamos e tem a ver com a família Khálau é apenas uma de muitas histórias semelhantes. O mal está de tal forma disseminado que não deve haver hoje muitos dirigentes do Estado com legitimidade para apontar o dedo acusador ao outro.
 
O Estado está podre do topo à base.
 
Quem, no Estado, acima de Jorge Khálau vai acusá-lo perante tão grave falta de probidade?
 
Se o próprio chefe de Estado também montou as suas empresas em negócios com o Estado que ele deveria assegurar como uma “pessoa de bem”, o que se pode esperar destes senhores que têm estado a dirigir Moçambique?
 
Multiplicam-se as empresas do senhor Armando Guebuza a sufocar o Estado desde o que acontece na Electricidade de Moçambique, na banca, construção civil, transportes…
 
Quem vai meter isto na ordem?
 
A “Macro Segurança”, para cúmulo, presta também serviços a empresas participadas por Guebuza que é quem nomeia Khálau que depois tira as armas de guerra do Estado para as usar em proveito do seu filho. Nestas circunstâncias, quem vai meter o guizo ao pato?
 
O sistema está todo ele podre. Até o próprio Tribunal Administrativo está infestado de marginais.
 
Os magistrados do Tribunal Administrativo chegaram ao cúmulo de criar barbas para cortá-las com máquinas cujo preço equivale a quatro salários mínimos.
 
Já ninguém tem legitimidade para criticar ninguém.
 
O Estado continua sendo escangalhado por uma corja de mafiosos que se associou para desrespeitar o sacrifício dos cidadãos.
 
Está mais do que evidente que estes senhores da Frelimo nunca quiseram governar para o bem de todos. Nunca lhes interessou que este País fosse normal. Nunca foi do seu interesse que a nossa Polícia prestasse serviço aos cidadãos.
 
O País está a atravessar momentos de criminalidade de níveis olímpicos com os malfeitores a semearem verdadeiro clima de terror sem que a Polícia mova uma palha.
 
Não há meios, diz a Polícia através dos seus porta-vozes. Como haverá meios se os que deviam alocar meios estão interessados em alocar meios às empresas suas e de seus filhos?
 
Enquanto a Polícia vai nos entretendo com o discurso da falta de meios, os criminosos vão apurando os seus métodos de delinquência chegando ao cúmulo de violar sexualmente homens, mulheres e crianças todos da mesma família, para depois passá-los a ferro de engomar.
 
Os agentes “cinzentinhos” vão entretanto assaltando condutores de viaturas nos becos da cidade para lhes extorquirem dinheiro.
 
Os cidadãos já não dormem durante às noites. Patrulham os bairros para garantirem a sua própria segurança, porque a Polícia “não tem meios” e está a desenrascar a vida pelos seus cantos.
 
A “Macro Segurança”, entretanto, tem meios da Polícia!!! Do comandante ao agente cada um desenrasca-se pelo seu lado.
 
Tornou-se um imperativo nacional correr com esta corja de mafiosos que está a levar o Estado à falência.
 
É urgente fazermos alguma coisa para salvarmos este País que os dirigentes da Frelimo estão a saquear há mais de 37 anos.
 
É urgente que cada cidadão tome consciência das suas responsabilidades perante este crime organizado.
 
Há que correr com os criminosos do aparelho do Estado.
 
É um imperativo nacional limpar o Estado deste tipo de cidadãos que envergonham o próprio Estado.
 
Este grupinho de malandros não pode continuar a dar cabo de Moçambique!
 
Canal de Moçambique – 28.08.2013
 
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