Lisboa, 29 out
(Lusa) - O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,
Murade Murargy, propôs hoje, em Lisboa, a criação de um programa para promover
a mobilidade de estudantes, professores e investigadores entre os
Estados-membros.
Murade Murargy, que
falava na abertura da 2.ª Conferência Internacional sobre a Língua Portuguesa
no Sistema Mundial, que decorre hoje e quarta-feira, em Lisboa, defendeu uma
"reflexão conjunta sobre o espaço do ensino superior, ciência e tecnologia
da CPLP".
O responsável da
CPLP levantou a possibilidade da "criação de um programa especial
destinado à mobilidade de estudantes, docentes, investigadores e técnicos no
espaço da comunidade", salientando a "importância da circulação do
conhecimento académico e científico e da colaboração em redes, e da
implementação conjunta de projetos de cooperação".
"Mantemos a
prioridade de atuação futura na criação do espaço de ensino superior da
CPLP", intenção aprovada há cerca de dez anos, disse Murade Murargy.
"Os desafios
são gigantescos. Para a concretização do objetivo estratégico de construir um
espaço de ensino superior para a CPLP são chamadas as universidades dos
Estados-membros", sustentou.
O trabalho passa
por promover a cooperação na avaliação da qualidade do ensino superior e na
identificação de critérios e metodologias comparáveis, procurar a harmonização
e concertação do desenvolvimento curricular, e realizar programas conjuntos de
formação graduada e pós-graduada e de investigação.
Na sua intervenção,
Murargy apelou ainda ao aprofundamento das relações económicas e empresariais
entre os países da CPLP.
"Atualmente,
as dimensões geopolítica e geoeconómica conferem à língua portuguesa um
potencial cada vez maior no plano da correlação com outras línguas dominantes,
por força dos indicadores de crescimento económico de alguns Estados-membros e
pela forte atuação da concertação política e diplomática da CPLP no sistema
internacional", defendeu.
Recordando que o
português é a sexta língua mais falada no Mundo, considerou que "o seu
valor traduz-se efetivamente num crescente impacto no mundo dos negócios de
projeção global".
Os Estados-membros,
acrescentou, "devem promover uma cooperação económica e empresarial entre
si e valorizar as potencialidades existentes, conjugando iniciativas para a
promoção do desenvolvimento dos povos da comunidade".
Também na abertura,
o presidente da comissão científica da conferência, Ivo José de Castro, lembrou
o uso da língua na diáspora, nomeadamente entre as novas gerações, que devem
preservar "a memória ativa da língua e da cultura de que são
descendentes", e de estrangeiros, que procuram aprender português para
"ler Camões e Pessoa, mas também para fazerem negócios".
Nesse sentido, o
responsável defendeu que a CPLP deve estar preparada para oferecer "um
ensino de qualidade", propondo a criação de um sistema de
"certificação internacional de competências linguísticas em português,
único, uniforme e homogéneo".
JH // VM - Lusa
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