Deutsche Welle
As eleições na
Guiné-Bissau estão marcadas para 24 de novembro, mas todo o processo eleitorial
está congelado por falta de financiamento. O movimento Ação Cidadã alerta que o
adiamento só vai aumentar a pobreza no país.
As próximas
eleições gerais na Guiné-Bissau vão ser adiadas para uma data ainda a definir,
pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) em
concertação com o Governo de transição.
O movimento Ação
Cidadã não tem dúvidas de que o adiamento das eleições só vai aumentar a
pobreza e gerar mais crise social no país, diz uma porta-voz do grupo de jovens
dos quadros guineenses, Elizabeth Neia Fernandes. "Isto é adiar novos
postos de trabalho, adiar a segurança do pagamento dos salários", afirma.
Conta que este mês
muitos salários não foram pagos e questiona como se pode "garantir que vai
ser pago no próximo mês?". Para Fernandes, o atraso do pagamento significa
"menos dinheiro a entrar na economia guineense e isso acaba por empobrecer
o país inteiro".
Até ao momento,
nenhuma entidade estrangeira disponibilizou meios financeiros para que o
processo eleitoral se inicie no terreno. O Governo diz que ainda aguarda a
promessa da comunidade internacional, que por sua vez, alega não poder
financiar uma das eleições mais caras do mundo para um país com cerca de 800
mil potenciais eleitores.
Polémica entre
Governo e ONU
José Ramos Horta,
representante especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas
(ONU) em Bissau, afirma que as autoridades guineenses não podem culpar os
parceiros neste sentido, porque a Guiné-Bissau é um Estado soberano. "Não
podem dizer que isto é uma responsabilidade da comunidade internacional",
disse o timorense Ramos Horta.
Afirma que o país
precisa de assumir um compromisso com a comunidade internacional e com os
guineenses, de tentar avançar com o processo eleitoral. "A Guiné-Bissau deve
dizer: estamos determinados a realizar as eleições nos prazos em que nos
comprometemos, mas não temos financiamento e pedimos apoio", afirma o
representante da ONU em Bissau.
Segundo Ramos
Horta, os atores políticos guineenses pretendem que seja incluído no orçamento
das eleições as despesas partidárias e até dos eleitores que vão a voto. O
orçamento que ronda os 15 milhões de euros é para Ramos-Horta "muito
elevado".
"Será a
eleicao mais cara per capita que conheço", afirma o representante especial
do secretário-geral da ONU. Ramos Horta ironiza dizendo que "quase se pode
dizer que cada votante guineense, com este orçamento, vai receber uma camisola,
um relógio Gucci comprado na Itália, por ocasião das eleições".
Jovens querem
envolvimento da ONU
O impasse na
organização do pleito eleitoral levou o grupo de jovens guineenses do Movimento
Ação Cidadã a defender que devem ser as Nações Unidas a organizar as próximas
eleições gerais no país. Essa seria uma forma de garantir a segurança e dar
maior credibilidade ao processo, defende Elizabeth Neia Fernandes, uma das
animadoras do movimento que surgiu logo após o golpe militar.
"Não podemos
ter pessoas aqui a organizar as eleições porque não vamos ter essa
transparência ou independência", diz. Elizabeth Fernandes acredita que o
cenário habitual vivido na época eleitoral vai repetir-se e que, no fim do
processo, irá começar-se a apontar dedos".
O Movimento Ação
Cidadã considera que perante o atual cenário político do país não existem
garantias de que as próximas eleições irão ao encontro das expectativas. As
eleições estão marcadas para o próximo dia 24 de novembro, sem que nada de
palpável tenha sido feito. Todo o processo está parado por falta de dinheiro.
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