Deutsche Welle
Camas divididas por
três grávidas, más instalações, falta de higiene e de luz elétrica são queixas
apontadas pelas mulheres ao serviço de partos nos centros materno-infantis na
periferia da cidade angolana do Lubango.
O atendimento nos
hospitais periféricos da cidade do Lubango é descrito como lastimável pelos
seus utentes. A falta de energia elétrica na rede pública faz com que muitos
pacientes, entre eles gestantes, sejam assistidos nos hospitais à luz das
velas.
Os geradores há
muito avariaram nas instalações hospitalares e os postos médicos dos bairros
Bula Matady, Nabambi e o Hospital Municipal do Lubango, mais conhecido por Ana
Paula, são os apontados como maus exemplos.
Maria Lourenço
Gouveia narra a história que a sua irmã mais nova viveu recentemente. "A
falta de energia elétrica faz com que nós, mulheres, tenhamos os partos à luz
das velas", afirma. Acrescenta que as mulheres que não têm um carro
próprio, têm que esperar que a ambulância as vá buscar, o que demora
"duas, três ou até quatro horas e o bebé acaba mesmo por morrer dentro da
barriga", relata Maria Gouveia.
Falta de condições
higiénicas
A falta de higiene
nos hospitais também é referenciada por Maria Lourenço Gouveia. "Os
quartos de internamento são péssimos, as casas de banho estão cheias de sangue,
há falta de água". Para além disto, conta que às vezes, depois do parto, "três,
quatro pessoas" dividem uma "só cama, com os seus bébés". Não
conseguem descansar e há até mães que têm que se sentar numa "cadeira
depois do parto", conclui.
O lixo nauseabundo
no pátio da Maternidade do Lubango é um autêntico atentado à saúde pública, de
acordo com Jacinta Kalianguila. "No contentor há muito lixo e fica a
cheirar muito mal", queixa-se a utente. Para além disso, Jacinta conta que
recebeu uma receita médica que demorou a chegar e quando tentou ir levantar os
medicamentos, foi impedida porque, segundo a resposta do hospital, "chegou
tarde".
"O Estado não
tem é vontade, porque capacidade para ultrapassar estes problemas como energia
elétrica ou mau atendimento, o Estado tem capacidade para mudar", afirma o
historiador Mário Gaspar.
Para ele, o Estado
angolano não tem vontade de investir nestes hospitais porque os elementos que o
constituiem, não os usam para fazer os seus tratamentos. "É do nosso
conhecimento que as suas esposas, filhas, não recorrem a estes serviços.
Recorrem à Namíbia ou à Europa", conta o historiador, que defende que
quando "o Estado quer, faz".
A DW África tentou
contactar o Director provincial de saúde da Huila, mas sem sucesso.
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