Público
Histórico
socialista diz que o Governo está "moribundo" e que não se aguenta
até Junho. Cavaco Silva "não sabe o que está a fazer", afirma.
O Governo, o
primeiro-ministro, o Presidente da República, a Europa e os mercados. O antigo
Presidente da República, Mário Soares, não poupa (quase) ninguém nas críticas.
Em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias, divulgada neste domingo, Soares
diz que alguns membros do Governo são “delinquentes” e “têm que ser julgados,
depois de saírem do poder”.
“Este Governo não
tem rei nem roque, nem sabe o que quer, nem sabe para onde vai”, resume Soares,
censurando um Governo que diz estar “moribundo” e que quer “acabar com o Estado
social”. E acredita que os responsáveis da governação “vão cair muito antes” de
Junho, altura em que está previsto o fim do programa de assistência da troika de
credores internacionais. “É inevitável. Antes que o ódio do povo se torne
violento.”
Soares acredita que
“uma parte do Governo, não são todos, claro, é um Governo de delinquentes” e
defende que “estes senhores têm de ser julgados, depois de saírem do poder”.
Sobre Passos
Coelho, a quem elogiou numa primeira fase admitindo depois que estava
“enganado”, não percebe como é que ainda se aguenta no cargo. “Como é possível
que o primeiro-ministro não se demita ele próprio, depois de saber que é vaiado
em toda a parte, que ninguém o toma a sério, nem no estrangeiro nem em
Portugal, e continue agarrado ao poder, como uma lapa?”
“[Passos Coelho]
vai acabar muitíssimo mal como um amigo dos delinquentes. Desde Relvas a
Machete”, prevê Mário Soares, que tece duras críticas ao ministro dos Negócios
Estrangeiros, Rui Machete (que foi vice-primeiro-ministro de Soares em 1985, no
Governo de coligação PS/PSD), por também ele não se ter demitido. “Como é que é
possível que alguém, que foi uma pessoa que parecia simpática e séria, de
repente aparece com a situação que se sabe. E não se demite…”, afirma o antigo
Presidente da República.
Para substituir
Passos, diz que é preciso um primeiro-ministro “que governe o país com
patriotismo e sentido de Estado”. No fundo, “um governante com alma, que saiba
falar com o povo e saiba ouvir e cumprir a Constituição e a democracia”.
Questionado sobre se acha que António José Seguro está preparado para ser essa
alternativa, responde que “está, com certeza”, uma vez o líder do PS “tem dito
frequentemente que vai ser primeiro-ministro”. “Se ele diz isso é porque quer
ser e tem alternativa desde que haja eleições."
Defende, como já
tinha feito no passado, que Portugal, à semelhança da Argentina, não deve pagar
a dívida à troika de credores internacionais, a quem acusa de estar a “roubar”
o país, pressionada pela “malandragem dos mercados e dos usurários”.
Mário Soares não
esquece também o actual Presidente da República, Cavaco Silva, criticando-o por
ainda não ter falado depois da “trapalhada” que foi “ter aguentado um Governo
que não queria e um vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, de quem não gosta”. O
silêncio de Cavaco, em Portugal e no estrangeiro, “é significativo do medo com
que está como protector de um Governo que todo o povo odeia”, considera Soares.
"Temos um Presidente da República que não sabe o que está a fazer."
Na entrevista fala
também de António Costa, actual presidente da Câmara de Lisboa, considerando
que este é “o melhor candidato” para Presidente da República. Mas espera para
ver quem será o candidato da direita. “Suponha que é o Rui Rio”, atira,
acrescentando que o ex-presidente da Câmara do Porto “tem falado bem e com
grande inteligência”. “Tomáramos nós que viesse Rui Rio, porque Rui Rio é uma
pessoa que sabe o que quer e que sabe o que faz”, afirma, explicando que o que
está em causa não são partidos, mas sim "gente honesta".
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