Manifestações em
várias cidades do país
Teresa Camarão, Pedro
Sales Dias e Sandra Rodrigues - Público
Milhares de pessoas
arrancaram pouco depois das 15h em marchas contra a troika. Em Lisboa e no
Porto os protestos reuniram milhares pessoas em cada uma das cidades.
Alguns deputados do
PCP e do Bloco de Esquerda juntaram-se a cidadãos anónimos nos protestos. Já
hoje a CGTP também aderiu à manifestação. O líder do movimento sindical,
Arménio Carlos, desfilou com os manifestantes que caminharam entre o Rossio e a
Assembleia da República, em Lisboa.
Na capital, a
manifestação começou com algumas centenas de pessoas, mas o grupo foi crescento
e quando, pelas 17h, chegou à praça fronteira à Assembleia da República eram já
alguns milhares.
Dois mil no Porto
No Porto, cerca de “duas mil pessoas” marcharam este sábado numa acção de protesto organizada pelo Movimento Que Lixe a Troika.
“Certamente. Era
com isso que contávamos com base no número de pessoas que disseram que viriam
no Facebook”, disse João Vilela daquele movimento, apesar de nas ruas a mancha
humana parecer mais tímida e a PSP ter contabilizado cerca de mil pessoas.
A marcha da
manifestação saiu pelas 15h30 da Praça da Batalha a caminho da Avenida dos
Aliados, onde um palanque improvisado, em frente à Câmara do Porto, esperava os
manifestantes que se inscrevessem para discursar. Pelo meio, foram arremessados
alguns petardos. Um deles rebentou ainda antes do início da marcha debaixo de
um carro de exteriores da Antena 1. Apesar disso, não se verificaram
incidentes, segundo elementos da PSP no local.
Os manifestantes
foram-se juntando, a partir das 15h00, na Praça da Batalha junto ao emblemático
Cinema Batalha. “O nosso objectivo é tentar fazer com que este Governo se
demita. Só assim estará alcançada a nossa missão. Estas medidas não resultam.
Esta divida não é nossa ”, disse Mar Velez, também da organização, quando ainda
tinham comparecido à convocatória do protesto poucas dezenas de pessoas.
“Entre a
Constituição e o memorando, escolhemos a Constituição”
“Compreendemos que muitas pessoas estão em estado de choque com estas medidas e nem sequer têm condições para vir aqui. Isto é um problema mundial. As pessoas já não acreditam na política”, assumiu Mar Velez. No manifesto, lido antes do início da marcha, o movimento sublinhou os seus principais objectivos. “Entre a Constituição da República e o memorando [da Troika], escolhemos a Constituição. Escolhemos resistir para existir.
Durante o desfile, de cerca de um quilómetro até à Avenida dos Aliados, sempre pautado pela exigência de “demissão” do Governo, verificou-se um breve desentendimento entre alguns manifestantes e a PSP, quando o percurso foi subitamente alterado pelo movimento.
Desentendimento com
a PSP: “A rua é nossa”
Na descida da Rua 31 de Janeiro, junto à Estação de São Bento, os manifestantes
decidiram virar para a Rua de Sá da Bandeira e um chefe da PSP tentou barrar o
caminho informando que aquele não era o percurso comunicado. “A rua é nossa”
exortou um manifestante irrompendo caminho e tendo a marcha continuado sem que
a PSP conseguisse evitar a alteração de rumo.
“FMI fora d'Aqui”
e “O povo unido jamais será vencido” foram outras palavras de ordem que se
ouviram dos manifestantes empunhando cartazes em que se exigia a “demissão” do
Governo. No protesto, estiveram ainda elementos dos Precários Inflexíveis e do
Sindicato Nacional do Ensino Superior.
“Acredito que
quanto mais manifestações se fizerem, mais perto estaremos de este Governo se
ir embora. Estes cortes e estas medidas são inadmissíveis. Têm de ir embora”,
disse ao PÚBLICO, Carlos Bezelga, reformado de Santo Tirso. Mais á frente, Ana
Nóvoa, técnica de investigação, admitia, face à tímida moldura humana, “que o
povo português é preguiçoso”, mas que “é necessário fazer algo”.
Os manifestantes
estiveram reunidos em frente à câmara do Porto até às 17h00. Vários discursaram
contra a Troika e contra o Governo e Helena Sarmento, da Associação José
Afonso, cantou “Vampiros” e “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, momento em
que centenas entoaram as músicas do conhecido cantor de Abril.
O coordenador do
BE, João Semedo, também esteve presente. “Acho que não há alternativa à luta
para demitir este Governo que tem o apoio da banca, da União Europeia e do
Presidente da República. Chegará o dia em que nem o Presidente da República
conseguirá manter este seu Governo”, disse Semedo.
Meia centena em
Viseu
Em Viseu, meia centena de pessoas concentrou-se na Rua da Paz em manifestação contra as políticas de austeridade. Aos cartazes de protesto juntou-se a voz dos cidadãos a quem foi dado um microfone para expressarem o descontentamento.
"Contra as
políticas de saúde e de educação" e "contra os cortes nas
reformas" , o apelo feito foi o de "unidade" para boicotar o
Governo.
Lisboa, Aveiro,
Beja, Braga, Coimbra, Faro, Funchal, Horta, Portimão, Porto, Setúbal, Viana do
Castelo, Vila Real e Viseu são o palco de manifestações contra as políticas de
austeridade impostas pelo "Governo mandatado pela troika", nas
palavras do movimento.
Foto Enric
Vives-Rubio
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