NO COMBATE À
MORTALIDADE INFANTIL AS NAÇÕES UNIDAS ELOGIAM A ETIÓPIA
Orlando Castro –
Folha 8 – 26 outubro 2013
É verdade que, em
termos mundiais, a mortalidade infantil está a baixar. Mas ainda há muito
caminho a percorrer, reconhece a ONU. Em 1990 morriam 12 milhões de crianças
com menos de cinco anos de idade. Em 2012, de acordo com as estimativas do
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), terão morrido 6,6 milhões.
Mesmo assim, o mais
recente relatório da UNICEF revela que Angola ocupa a segunda posição mundial
na tabela da taxa de mortalidade de menores de cinco anos, com 164 mortes em
cada mil crianças nascidas vivas.
EXIBICIONISTAS MAS
OS PIORES
De entre os países
lusófonos, segue-se a Guiné-Bissau, na 6ª posição ex-aequo com a República
Centro-Africana, sendo que morreram 129 crianças em 2012, contra 158 em 2011 e
243 em 1990.
Moçambique
classifica-se no 22º lugar da lista com 90 crianças entre cada mil nascidas
vivas em 2012, em contraste com as 103 que se encontravam nessa situação em
2011 e as 226 em 1990.
Timor-Leste
encontra-se no 48º lugar com 57 crianças, mais do que as 54 em 2011, mas muito
menos que a registada em 1990: 180.
A 52ª posição da
lista pertence a São Tomé e Príncipe, onde, em 2012, 53 crianças enfrentavam
esse limite temporal, contra 89 em 2011 e 96 em 1990.
O arquipélago de
Cabo Verde classifica-se na 88ª posição, apresentando 22 crianças em mil,
contra 21 em 2011 e 58 em 1990.
Na 120ª posição,
está o Brasil, que ocupa o último lugar entre os países lusófonos, com a mais
baixa taxa de mortalidade de menores de cinco anos: 14 crianças em 2012,
contra 16 crianças em 2011 e 58 em 1990.
ATÉ QUANDO ESTA
POLÍTICA DE DESPREZO ÀS CRIANÇAS?
Considerando os
respectivos números de nascimentos, a mortalidade infantil caiu mais de 40%.
Mas o lado triste da história é que esses números ficam aquém dos Objectivos
de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas. Segundo a meta da ONU, até
2015, a mortalidade infantil deveria ser reduzida em dois terços.
Assim sendo, tanto
a UNICEF como a “Save the Children” alertam para a urgência de mais esforços na
luta contra a mortalidade infantil.
Ben Hewitt, director
de campanha da “Save the Children”, afirma que se registou “um progresso
significativo”, acrescentando, contudo, que “agora temos de nos perguntar
como podemos continuar a progredir e
realmente impedir todos os casos evitáveis de mortalidade infantil”.
O relatório com o
ranking de 75 países emergentes e em desenvolvimento levou em conta não somente
o declínio no número de mortes mas, igualmente, os esforços para igualar as
chances de sobrevivência de crianças provenientes de famílias ricas e pobres.
Foi avaliado, ainda, se os países levam a sério e consistentemente uma
estratégia sustentável contra a mortalidade infantil.
De acordo com o
estudo divulgado esta semana, a República do Níger foi quem mais progrediu
mundialmente na redução da mortalidade infantil desde 1990. Embora ali ainda
morram anualmente 114 em cada mil crianças, em 1990 morriam 326 crianças. Na
Alemanha, por exemplo, morrem quatro.
Há vários factores
que explicam por que alguns países são mais bem sucedidos do que outros na
luta contra a mortalidade infantil. A estabilidade política e factores ambientais,
como as secas, por exemplo, têm um grande impacto. É especialmente importante
que os governos adoptem uma política de saúde pública bem direccionada. Um
bom exemplo, segundo a ONU é a Etiópia, onde o governo treinou dezenas de
milhares de técnicos de saúde.
Martin Dawes,
porta-voz do UNICEF para a África Central e Ocidental, acredita que a
responsabilidade seja principalmente dos respectivos governos, que devem disponibilizar
fundos suficientes para os cuidados de saúde.
“Há um consenso de
que os governos devem utilizar 15% de seu Produto Interno Bruto para a
saúde”, explica Dawes em relação à situação em África. Segundo ele, somente a
Libéria e o Togo o fizeram. “Num país como a Nigéria, que gasta somente 4% de
seu PIB com a saúde, observamos grandes problemas”, lamenta Martin Dawes.
O especialista da
UNICEF também vê a Etiópia como exemplo para outros países na região. “O
modelo etíope leva a assistência de saúde para muito mais perto das pessoas”,
elogia Dawes, acrescentando que os técnicos de saúde lidam directamente com
os afectados, o que lhes permite reconhecer os problemas, cuidar da vacinação
em todo o país e educar as populações.
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