quinta-feira, 31 de outubro de 2013

REGIME RICO ACUSADO DE ASSASSINAR CRIANÇAS

 


NO COMBATE À MORTALIDADE INFANTIL AS NAÇÕES UNIDAS ELOGIAM A ETIÓPIA
 
Orlando Castro – Folha 8 – 26 outubro 2013
 
É verdade que, em termos mundiais, a mortalidade infantil está a baixar. Mas ainda há mui­to caminho a percorrer, reconhece a ONU. Em 1990 morriam 12 milhões de crianças com menos de cinco anos de idade. Em 2012, de acordo com as estimativas do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), terão morrido 6,6 milhões.
 
Mesmo assim, o mais re­cente relatório da UNI­CEF revela que Angola ocupa a segunda posição mundial na tabela da taxa de mortalidade de meno­res de cinco anos, com 164 mortes em cada mil crian­ças nascidas vivas.
 
EXIBICIONISTAS MAS OS PIORES
 
De entre os países lusó­fonos, segue-se a Guiné­-Bissau, na 6ª posição ex­-aequo com a República Centro-Africana, sendo que morreram 129 crian­ças em 2012, contra 158 em 2011 e 243 em 1990.
 
Moçambique classifica­-se no 22º lugar da lista com 90 crianças entre cada mil nascidas vivas em 2012, em contraste com as 103 que se en­contravam nessa situa­ção em 2011 e as 226 em 1990.
 
Timor-Leste encontra­-se no 48º lugar com 57 crianças, mais do que as 54 em 2011, mas muito menos que a registada em 1990: 180.
 
A 52ª posição da lista pertence a São Tomé e Príncipe, onde, em 2012, 53 crianças enfrentavam esse limite temporal, contra 89 em 2011 e 96 em 1990.
 
O arquipélago de Cabo Verde classifica-se na 88ª posição, apresentan­do 22 crianças em mil, contra 21 em 2011 e 58 em 1990.
 
Na 120ª posição, está o Brasil, que ocupa o últi­mo lugar entre os países lusófonos, com a mais baixa taxa de mortalida­de de menores de cin­co anos: 14 crianças em 2012, contra 16 crianças em 2011 e 58 em 1990.
 
ATÉ QUANDO ESTA POLÍTICA DE DESPREZO ÀS CRIANÇAS?
 
Considerando os respec­tivos números de nasci­mentos, a mortalidade infantil caiu mais de 40%. Mas o lado triste da his­tória é que esses números ficam aquém dos Objecti­vos de Desenvolvimento do Milénio das Nações Unidas. Segundo a meta da ONU, até 2015, a mortalidade infantil deveria ser reduzida em dois terços.
 
Assim sendo, tanto a UNICEF como a “Save the Children” alertam para a urgência de mais esforços na luta contra a mortalidade in­fantil.
 
Ben Hewitt, director de campanha da “Save the Children”, afirma que se registou “um progresso significativo”, acrescen­tando, contudo, que “ago­ra temos de nos perguntar como podemos continuar a progredir e realmente impedir todos os casos evitáveis de mortalidade infantil”.
 
O relatório com o ranking de 75 países emergentes e em desenvolvimento le­vou em conta não somen­te o declínio no número de mortes mas, igualmen­te, os esforços para igualar as chances de sobrevivên­cia de crianças provenien­tes de famílias ricas e po­bres. Foi avaliado, ainda, se os países levam a sério e consistentemente uma estratégia sustentável con­tra a mortalidade infantil.
 
De acordo com o estu­do divulgado esta sema­na, a República do Níger foi quem mais progrediu mundialmente na redu­ção da mortalidade infan­til desde 1990. Embora ali ainda morram anualmen­te 114 em cada mil crian­ças, em 1990 morriam 326 crianças. Na Alemanha, por exemplo, morrem quatro.
 
Há vários factores que explicam por que alguns países são mais bem su­cedidos do que outros na luta contra a mortalidade infantil. A estabilidade po­lítica e factores ambien­tais, como as secas, por exemplo, têm um grande impacto. É especialmente importante que os gover­nos adoptem uma políti­ca de saúde pública bem direccionada. Um bom exemplo, segundo a ONU é a Etiópia, onde o gover­no treinou dezenas de milhares de técnicos de saúde.
 
Martin Dawes, porta-voz do UNICEF para a África Central e Ocidental, acre­dita que a responsabili­dade seja principalmente dos respectivos governos, que devem disponibilizar fundos suficientes para os cuidados de saúde.
 
“Há um consenso de que os governos devem utili­zar 15% de seu Produto In­terno Bruto para a saúde”, explica Dawes em relação à situação em África. Se­gundo ele, somente a Li­béria e o Togo o fizeram. “Num país como a Nigé­ria, que gasta somente 4% de seu PIB com a saúde, observamos grandes pro­blemas”, lamenta Martin Dawes.
 
O especialista da UNI­CEF também vê a Etió­pia como exemplo para outros países na região. “O modelo etíope leva a assistência de saúde para muito mais perto das pessoas”, elogia Dawes, acrescentando que os téc­nicos de saúde lidam di­rectamente com os afec­tados, o que lhes permite reconhecer os problemas, cuidar da vacinação em todo o país e educar as populações.
 

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