Díli, 11 nov (Lusa)
- O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje que o debate
com o antigo comandante da guerrilha timorense Mauk Moruk, que não apareceu,
foi organizado para esclarecer a população sobre o que se passou em 1984.
"O Paulino
(Mauk Moruk) está a mobilizar pessoas, diz que vai vesti-los todos de militar,
está a ameaçar vir aqui fazer manifestações e decidimos que era melhor pôr um
fim àquilo, esclarecer o povo, porque se o povo não ouve, não passa a palavra,
ele vai lá e diz trinta por uma linha e as pessoas acreditam", afirmou
Xanana Gusmão à agência Lusa.
O primeiro-ministro
timorense falava à Lusa no final do debate que demorou cerca de seis horas e
juntou o Presidente timorense, Taur Matan Ruak, o chefe das forças de defesa,
general Lere Anan Timur, membros do governo e do parlamento, partidos
políticos, veteranos e centenas de curiosos.
"O CPD-RDTL
(Conselho Popular Democrático da República Democrática de Timor-Leste) obedece
mais a eles que a nós. Se os mandarem matar um cabrito, um porco, ou entregar
dinheiro, eles fazem. A nós pedem, exigem", disse.
Mauk Moruk, antigo
primeiro comandante das Brigadas Vermelhas das FALINTIL, está em Laga, na ponta
leste perto da cidade de Baucau, e segundo várias fontes contactadas pela Lusa
terá conseguido juntar cerca de 800 pessoas.
Questionado pela
Lusa se Paulino Gama representa um problema para a segurança e estabilidade em
Timor-Leste, Xanana Gusmão afirmou: "Nós gostaríamos que não".
"Ele levantou
muitas questões e as pessoas começam a pensar que é verdade e que ele foi
vítima de muita coisa. A população não tem acesso às informações e quando não
tem acesso vão cegamente e obedecem a tudo", disse Xanana Gusmão.
Em 1981, Xanana
Gusmão foi eleito líder da Resistência e Comandante em Chefe das Forças Armadas
de Libertação Nacional de Timor-Leste e inicia uma restruturação da guerrilha.
Em 1983, o atual
primeiro-ministro defende uma resolução do conflito com a Indonésia através de
meios pacíficos e inicia negociações com as forças armadas indonésias e
consegue um cessar-fogo.
O comandante da
guerrilha Mauk Moruk recusa o cessar-fogo e defende a continuidade de uma
política marxista-leninista.
Em 1984, Mauk Moruk
vai a julgamento, onde é defendido pelo atual Presidente do país, Taur Matan
Ruak, tendo acabado por abandonar a guerrilha e render-se aos indonésios. Já na
Indonésia, junta-se às forças armadas.
Mauk Moruk, que
esteve fora do país vários anos, regressou a Timor-Leste em outubro e criou um
Conselho de Revolução, que exige a dissolução do parlamento, a demissão do
governo, a convocação de eleições e a alteração para um regime presidencialista
no país.
MSE // APN - Lusa
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