terça-feira, 12 de novembro de 2013

Antigo comandante da guerrilha timorense falta a debate com PM Xanana Gusmão

 


Díli, 11 nov (Lusa) - O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse hoje que o debate com o antigo comandante da guerrilha timorense Mauk Moruk, que não apareceu, foi organizado para esclarecer a população sobre o que se passou em 1984.
 
"O Paulino (Mauk Moruk) está a mobilizar pessoas, diz que vai vesti-los todos de militar, está a ameaçar vir aqui fazer manifestações e decidimos que era melhor pôr um fim àquilo, esclarecer o povo, porque se o povo não ouve, não passa a palavra, ele vai lá e diz trinta por uma linha e as pessoas acreditam", afirmou Xanana Gusmão à agência Lusa.
 
O primeiro-ministro timorense falava à Lusa no final do debate que demorou cerca de seis horas e juntou o Presidente timorense, Taur Matan Ruak, o chefe das forças de defesa, general Lere Anan Timur, membros do governo e do parlamento, partidos políticos, veteranos e centenas de curiosos.
 
"O CPD-RDTL (Conselho Popular Democrático da República Democrática de Timor-Leste) obedece mais a eles que a nós. Se os mandarem matar um cabrito, um porco, ou entregar dinheiro, eles fazem. A nós pedem, exigem", disse.
 
Mauk Moruk, antigo primeiro comandante das Brigadas Vermelhas das FALINTIL, está em Laga, na ponta leste perto da cidade de Baucau, e segundo várias fontes contactadas pela Lusa terá conseguido juntar cerca de 800 pessoas.
 
Questionado pela Lusa se Paulino Gama representa um problema para a segurança e estabilidade em Timor-Leste, Xanana Gusmão afirmou: "Nós gostaríamos que não".
 
"Ele levantou muitas questões e as pessoas começam a pensar que é verdade e que ele foi vítima de muita coisa. A população não tem acesso às informações e quando não tem acesso vão cegamente e obedecem a tudo", disse Xanana Gusmão.
 
Em 1981, Xanana Gusmão foi eleito líder da Resistência e Comandante em Chefe das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste e inicia uma restruturação da guerrilha.
 
Em 1983, o atual primeiro-ministro defende uma resolução do conflito com a Indonésia através de meios pacíficos e inicia negociações com as forças armadas indonésias e consegue um cessar-fogo.
 
O comandante da guerrilha Mauk Moruk recusa o cessar-fogo e defende a continuidade de uma política marxista-leninista.
 
Em 1984, Mauk Moruk vai a julgamento, onde é defendido pelo atual Presidente do país, Taur Matan Ruak, tendo acabado por abandonar a guerrilha e render-se aos indonésios. Já na Indonésia, junta-se às forças armadas.
 
Mauk Moruk, que esteve fora do país vários anos, regressou a Timor-Leste em outubro e criou um Conselho de Revolução, que exige a dissolução do parlamento, a demissão do governo, a convocação de eleições e a alteração para um regime presidencialista no país.
 
MSE // APN - Lusa
 

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