quarta-feira, 6 de novembro de 2013

CORRIDA ÀS INSCRIÇÕES NO CONSULADO DE PORTUGAL EM MAPUTO

 

Jornal de Notícias
 
O consulado de Portugal em Maputo está a registar um "fluxo anormal de inscrições" de cidadãos portugueses, uma situação aparentemente provocada pelo clima de instabilidade que Moçambique atravessa.
 
"Esta manhã acho que já não vai ser possível fazer a inscrição, porque estamos cheios", informa, ao telefone, um funcionário consular, acrescentando à mensagem a lista de requisitos necessários para o registo, que, incessantemente, tem vindo a repetir ao longo dos últimos dias.
 
"Duas fotos e o passaporte ou bilhete de identidade ou ainda cartão de cidadão e 10 euros", diz.
 
Confirmando que o consulado está a registar um "fluxo anormal de inscrições", o cônsul português em Maputo, Gonçalo Teles Gomes, adiantou à Lusa que, recentemente, o número de portugueses inscritos nesta entidade diplomática não ultrapassava 20 mil.
 
De acordo com dados oficiais do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), estão inscritos cerca de 32 mil portugueses nos consulados-gerais de Maputo e da Beira, dos quais perto de 10 mil são expatriados.
 
Depois de ter trabalhado em Moçambique durante dois anos, sem nunca se ter inscrito no consulado, Paulo Dias procurou registar-se esta quarta-feira.
 
"Devido às notícias que temos estado a ouvir, a situação parece estar mais instável e provoca um pouco mais de receio. Não tenho medo de aqui estar, mas é uma precaução", diz à Lusa o português.
 
"Em Portugal, a família está apreensiva. Eles estão para vir para cá, mas acho que vamos esperar mais algum tempo. Ouço dizer que muita gente já foi embora", acrescenta.
 
As inscrições nos consulados não são obrigatórias, mas o Governo português, através da Secretaria de Estado das Comunidades, apela com regularidade para que os portugueses no estrangeiro se registem para ser mais fácil contactá-los em caso de emergência.
 
Moçambique vive um clima de instabilidade sem precedentes nas duas últimas décadas, devido a confrontos entre o exército e homens armados, alegadamente sob ordens do partido Renamo, e a uma onda de raptos que já atingiu dezenas de famílias.
 
Entretanto, na Escola Portuguesa de Maputo, onde, nas imediações, foi raptada a mãe de um aluno, nota-se um reforço de segurança, com a presença de elementos das forças policiais moçambicanas.
 
Na terça-feira, ocorreram pelo menos dois raptos na área metropolitana de Maputo, um dos quais envolvendo uma cidadã portuguesa, o que, segundo o cônsul português, fez elevar para três o número de portugueses raptados no país, e que se mantêm em cativeiro.
 
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