Jornal de Notícias
O consulado de
Portugal em Maputo está a registar um "fluxo anormal de inscrições"
de cidadãos portugueses, uma situação aparentemente provocada pelo clima de
instabilidade que Moçambique atravessa.
"Esta manhã
acho que já não vai ser possível fazer a inscrição, porque estamos
cheios", informa, ao telefone, um funcionário consular, acrescentando à
mensagem a lista de requisitos necessários para o registo, que, incessantemente,
tem vindo a repetir ao longo dos últimos dias.
"Duas fotos e
o passaporte ou bilhete de identidade ou ainda cartão de cidadão e 10
euros", diz.
Confirmando que o
consulado está a registar um "fluxo anormal de inscrições", o cônsul
português em Maputo, Gonçalo Teles Gomes, adiantou à Lusa que, recentemente, o
número de portugueses inscritos nesta entidade diplomática não ultrapassava 20
mil.
De acordo com dados
oficiais do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), estão inscritos cerca
de 32 mil portugueses nos consulados-gerais de Maputo e da Beira, dos quais
perto de 10 mil são expatriados.
Depois de ter
trabalhado em Moçambique durante dois anos, sem nunca se ter inscrito no
consulado, Paulo Dias procurou registar-se esta quarta-feira.
"Devido às
notícias que temos estado a ouvir, a situação parece estar mais instável e
provoca um pouco mais de receio. Não tenho medo de aqui estar, mas é uma
precaução", diz à Lusa o português.
"Em Portugal,
a família está apreensiva. Eles estão para vir para cá, mas acho que vamos
esperar mais algum tempo. Ouço dizer que muita gente já foi embora",
acrescenta.
As inscrições nos
consulados não são obrigatórias, mas o Governo português, através da Secretaria
de Estado das Comunidades, apela com regularidade para que os portugueses no
estrangeiro se registem para ser mais fácil contactá-los em caso de emergência.
Moçambique vive um
clima de instabilidade sem precedentes nas duas últimas décadas, devido a
confrontos entre o exército e homens armados, alegadamente sob ordens do
partido Renamo, e a uma onda de raptos que já atingiu dezenas de famílias.
Entretanto, na
Escola Portuguesa de Maputo, onde, nas imediações, foi raptada a mãe de um
aluno, nota-se um reforço de segurança, com a presença de elementos das forças
policiais moçambicanas.
Na terça-feira,
ocorreram pelo menos dois raptos na área metropolitana de Maputo, um dos quais
envolvendo uma cidadã portuguesa, o que, segundo o cônsul português, fez elevar
para três o número de portugueses raptados no país, e que se mantêm em
cativeiro.
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