NRC Handelsblad, De
Volkskrant, Trouw & 3 outros – Presseurop – imagem Tom
Janssen
A seis meses da
votação, os movimentos populistas multiplicam os encontros para se apresentarem
unidos nas eleições e conseguirem formar um grupo no Parlamento. No dia 13 de
novembro, a chefe da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, decidiu, neste
âmbito, visitar o seu homólogo holandês Geert Wilders. Uma perspetiva
considerada preocupante, nomeadamente pela imprensa holandesa.
“As pessoas como Le
Pen são horríveis”: era assim que o chefe do Partido da Liberdade (PVV, direita
populista) Geert Wilders falava, em 2007, da Frente Nacional, recorda o NRC
Handelsblad. Mas, se depois das eleições europeias de 2009, Wilders continuou a
recusar que os membros do seu partido se sentassem ao lado dos da FN no
Parlamento, para não ser associado à extrema-direita, hoje, parece ter posto
mais água na fervura.
No dia 13 de
novembro, o chefe do PVV recebeu Marine Le Pen em Haia com o objetivo de criar
uma aliança para as eleições
europeias do próximo ano, uma visita que foi recebida com ceticismo no seio
do seu partido devido às diferenças ideológicas. Apesar de ambos serem
eurocéticos e de se oporem à imigração, os pontos de vista pró-Israel e
pró-homossexuais do PVV não são partilhados pelo partido da FN. O jornal realça
que no seio do PVV, por enquanto, as críticas não se fazem ouvir publicamente
devido ao que aconteceu ao seu colega [Louis] Bontes [que foi recentemente
expulso por ter criticado publicamente os líderes do partido]. Mas se Wilders
decidir avançar com a sua cooperação com Le Pen e com o dirigente do FPÖ
[austríaco, Heinz-Christian] Strache, existem fortes probabilidades de que
alguns membros do PVV acabem por abandonar o movimento.
De
Volkskrant deplora, por sua vez, o facto de os partidos tradicionais na
Holanda não conseguirem dar uma “resposta incisiva” às vozes eurocéticas do PVV:
Os defensores da UE
e do euro registam um atraso considerável. Chegou a hora de superar o desafio,
tal como o fez Wilders, com candidatos e discursos convincentes. […] Mas, em
vez disso, os partidos [tradicionais] preferem propor ilustres desconhecidos
como cabeças de lista e apostar numa fraca participação [nas eleições europeias]
que limitaria os danos. Os eleitores são, portanto, menosprezados, e este
sentimento de desprezo só fará com que tenham ainda mais vontade de se afastar
do projeto europeu.
No
Trouw, um arabista alerta, por sua vez, contra as consequências desastrosas
que poderia causar uma aliança entre o partido da FN e o PVV. Esta colaboração
seria muito vantajosa para os partidos envolvidos, mas muito problemática para
os países europeus. A FN e o PVV tencionam difundir uma ideologia extremamente
deplorável: a xenofobia. E a nossa violenta história ensinou-nos que, depois de
este veneno se infiltrar nas veias dos europeus, será muito difícil eliminá-lo.
Em França, Le
Monde considera que o objetivo de Marine Le Pen e Geert Wilders é simples:
“a extrema-direita europeia quer federar-se para formar um grupo no Parlamento
Europeu após as eleições de maio de 2014”. Mas, adianta o diário, não será
tarefa fácil, e o objetivo dos dois dirigentes eurofóbicos ainda não foi
atingido. Uma vez que, para constituir um grupo, precisarão no mínimo de 25
eleitos de pelo menos sete países da União Europeia. Por enquanto, ainda lhes
faltam dois países. Contam atualmente com o apoio dos partidos da Aliança
Europeia para a Liberdade, a que pertence Marine Le Pen […], o FPÖ austríaco
[…], os belgas do Vlaams Belang e os Democratas suecos. Será organizada uma
reunião técnica, sem os chefes, na quinta-feira, dia 14 de novembro, em Viena.
O acordo entre a FN
e o PVV também suscita algumas preocupações na Europa central. Para
o jornal eslovaco SME, não se pode confiar em Marine Le Pen e Geert
Wilders, porque falam de liberdade e de democracia, afirmam ter valores
liberais, e já faltou mais para defenderem os direitos das mulheres ou dos
homossexuais, mas só o fazem para certas pessoas: as suas. São hostis com os
europeus de leste e os muçulmanos, mas sobretudo com os imigrantes, e detestam
o facto de terem perdido soberania a favor de Bruxelas. […] Os partidos de
extrema-direita também estão a ganhar terreno na Escandinávia. […] E
continuarão a crescer até deixarmos de ignorar a presença do populismo.
Mas, na
Escandinávia, precisamente, as coisas poderão não ser tão simples. Na verdade,
o Dansk Folkeparti recusou a oferta de Le Pen e de Geert Wilders de se juntar à
aliança eurocética formada no dia 13 de novembro, explica em Copenhaga o diário
Politiken. Para o partido populista dinamarquês, a FN tem “raízes profundas no
antissemitismo”. O vice-presidente do partido, Søren Espersen, até se mostrou
chocado pelo facto de os populistas suecos ponderarem esta oferta. Em suma, o Politiken
considera que é possível que Marine Le Pen e a Frente Nacional seduzam os
franceses, mas não os populistas dinamarqueses.
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