O presidente da
União Nacional dos Imãs (UNI) da Guiné-Bissau, Bubacar Djaló, disse à Lusa que
a melhor estratégia para lutar contra o tráfico de crianças será um trabalho
conjugado entre os defensores dos direitos dos menores e os chefes islâmicos.
O presidente da UNI
falou à agência Lusa em reação aos casos de crianças intercetadas quando
estavam a ser levadas para alegadas escolas do Corão (livro litúrgico islâmico)
em países vizinhos, mas que na realidade acabam na mendicidade ou exploradas
noutras atividades.
Na quarta-feira, a
polícia de Gabú (cidade do interior Leste da Guiné-Bissau) deteve quatro
indivíduos que estavam a tentar levar 15 crianças guineenses para o Senegal.
O caso deu-se no
setor de Pirada (zona da fronteira com o Senegal) e os implicados aguardam por
uma decisão do Ministério Público, enquanto as crianças serão devolvidas aos
respetivos pais e mestres corânicos.
Estes terão que
assinar um documento em tribunal a prometer que não voltarão a tentar
transportar crianças para o Senegal ou para outro país.
Juanita Teixeira,
presidente da Associação dos Amigos das Crianças (AMIC) de Gabú, disse à Lusa
que o tráfico de menores tem vindo a crescer nos últimos tempos no leste do
país.
Mas o problema
emerge noutras regiões: situação semelhante aconteceu a 14 de novembro, em
Buba, quando a Guarda Nacional resgatou 61 crianças que estavam a ser levadas
para a Gâmbia, à fome e em compartimentos de carga.
Embora o ensino
corânico seja a justificação para os angariadores convencerem os pais a
largarem os filhos, Bubacar Djaló afirma que o tráfico de menores não pode ser
associado à necessidade dos ensinamentos religiosos.
"O Islão
desaprova qualquer situação de castigo às crianças, quanto mais a
mendicidade", afirmou o imã, sublinhando que a Guiné-Bissau "tem
gente capaz e suficiente" para ensinar o Corão às crianças.
O líder muçulmano
propõe que "ao invés de se gastar dinheiro" no combate e na
vigilância àqueles que tentam levar as crianças para países vizinhos, sejam
criadas escolas e centros de acolhimento que seriam entregues aos imãs.
"Todas as
tabancas [aldeias] do nosso país têm um imã e estes, em colaboração com os régulos
[autoridades tradicionais] podiam perfeitamente controlar esses centros
corânicos", defendeu Bubacar Djaló.
Os parceiros
internacionais e o Governo podiam pagar a esses professores e ainda fornecer
géneros alimentícios para as crianças, acrescentou o presidente da UNI, para
quem, com esta estratégia, "em três, quatro anos" o fenómeno do
tráfico de crianças acabaria na Guiné-Bissau.
Para Bubacar Djaló,
o tráfico de crianças sob pretexto do ensino do Corão não vai terminar apenas
com a aplicação da lei que o pune.
"A lei existe
de facto, mas devido ao desconhecimento e à pobreza, muitos mestres corânicos
continuam a levar crianças para países vizinhos", concluiu Djaló.
Lusa
1 comentário:
OS RESPONSAVEIS SAO OS GOLPISTAS QUE DEIXARAM APOPULACAO NA DECADENCIA INFERNAL ENQUANTO SE ENRIQUECEM COM TODO O TIPO DE TRAFICO E ASSIM SE FAZ O GOLPE A GUINE BISSAU NAO DEIXA DE SER UMA PEQUENA PROVINCIA DE SENEGAL E GAMBIA
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