sábado, 16 de novembro de 2013

UE - Ajudas à Irlanda e à Espanha: “MÚSICA PARA OS OUVIDOS DE ANGELA MERKEL”

 
 
 
The Irish Times, Cinco Días, Jornal de Negócios, Il Sole-24 Ore – Presseurop – imagem Mayk
 
O Eurogrupo confirmou, a 14 de novembro, que a Irlanda irá sair do programa de resgate a 15 de dezembro e que o programa de assistência aos bancos espanhóis terminará em janeiro. Boas notícias que precisam de ser confirmadas a longo prazo, escreve a imprensa europeia.
 
A Irlanda, o primeiro país a chegar ao fim de três anos de supervisão da UE-FMI-BCE, anunciou em 14 de novembro que decidiu não pedir o acesso a uma linha de crédito da UE de até 10 mil milhões de euros, quando sair do programa de resgate. O primeiro-ministro, Enda Kenny, qualifica a iniciativa como uma “saída limpa”.
 
“Coligação vai seguir em frente com o calendário de reformas, para garantir o apoio dos mercados”, noticia o Irish Times, que especula que a decisão de não utilizar a linha de crédito da UE ter-se-á devido, em parte, à relutância da Alemanha perante essa ideia. Em editorial, este diário acrescenta:
 
Fundamentalmente, porém, os mercados podem ter a certeza de que as políticas e a disciplina que conduziram o país para a saída do resgate não serão abrandadas. O 15 de dezembro, “Dia da Independência”, não será, como alguns gostam de insinuar, o dia em que as restrições económicas serão imprudentemente postas de lado e em que a despesa será deixada fora de controlo. Apesar da saída, a Irlanda continuará a estar sujeita a considerável vigilância pós-programa e, também, às novas e duras regras do “pacote duplo” da zona euro [regulamentos que permitem a supervisão económica dos países da zona euro]. A disciplina veio para ficar.
 
“Adeus resgate, bom dia crédito”, congratula-se, em Madrid, o Cinco Días, após o anúncio do Eurogrupo. Este diário económico salienta que o dinheiro injetado nos bancos espanhóis, desde julho de 2012, vai permitir que o fluxo de crédito seja orientado para as empresas e para a retoma da economia. Os bancos utilizaram 41,5 mil milhões de euros dos 100 mil milhões concedidos pela UE. No entanto, recorda o Cinco Días, quando o resgate dos bancos espanhóis foi anunciado, a maioria dos espanhóis deitou as mãos à cabeça, porque pensou que o resgate da banca implicaria uma pesada fatura para todos e paralisaria a economia por um período longo. Mas uma saída rápida da intervenção, com os bancos recapitalizados, os que eram sólidos e os que não o eram, e num exercício considerado exemplar pelos parceiros europeus, ultrapassa as previsões mais otimistas. Contudo, o resgate só poderá ser considerado exemplar, quando se confirmar que serve para, ao fim de três anos de contracção [da economia], reativar o crédito de uma forma exemplar.
 
“Portugal e a Irlanda já não estão no mesmo barco”, afirma em manchete o Jornal de Negócios, uma vez que não se prevê que Portugal saia do programa de resgate antes de junho de 2014. A estratégia do Governo português consistiu em seguir as pisadas da Irlanda, acrescenta o jornal. Contudo, especialistas citados pelo Jornal de Negócios consideram que a saída de Portugal terá que se basear em qualquer tipo de linha de crédito preventiva. No seu editorial, o jornal escreve que Lisboa aposta na negociação de um programa cautelar que lhe forneça resguardo enquanto o Estado não conseguir financiar-se de forma sustentável e regular nos mercados. Quando se antecipava que a Irlanda iria estrear uma solução prevista, mas nunca testada, (...) Dublin retirou o tapete e com boas razões para o fazer. Em resumo, Portugal acaba de ficar entregue a si próprio. E os compromissos e contrapartidas que assumir dependerão exclusivamente da forma como chegar ao final do programa e da fiabilidade que tiver inspirado junto dos seus parceiros.
 
Em Milão, Il Sole 24 Ore escreve que “o caso da Irlanda é música para os ouvidos de Angela Merkel”. Este jornal económico considera que a chanceler alemã vê nele uma “success-story” [história de sucesso] que poderá rebater as acusações que lhe são feitas pela sua atitude perante os problemas do Sul da Europa (a começar pela Grécia): uma mistura de incapacidade de proceder a reformas e de recessões agravadas pela austeridade. Resta a questão dos bancos que, precisamente devido à saída do programa de resgate, deverão ser sujeitos a vigilância especial.
 
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