Díli, 10 dez (Lusa)
- Uma cidadã australiana juntou-se hoje às dezenas de jovens timorenses que se
têm manifestado diariamente em frente da embaixada da Austrália em Díli para
expressar publicamente o desagrado com o Governo do seu país.
"Eu sou uma
cidadã australiana e não estou contente com o Governo do meu país",
afirmou Debora Cummins, em cima da carrinha de caixa aberta que serviu de palco
improvisado para mais um protesto, que assinalou hoje também o Dia dos Direitos
Humanos.
Um grupo de jovens
timorenses iniciou quinta-feira passada manifestações diárias em frente à
embaixada da Austrália para protestar contra o que consideram ser a ocupação
ilegal do mar de Timor pelas autoridades australianas.
"Quero dizer
que acabei de chegar da Austrália e que os meus amigos e família pensam que
isto não é justo e manifestaram a sua solidariedade", disse Debora
Cummins, que vive e trabalha em Díli, ao que se seguiu de aplausos e gritos de
apoio dos jovens timorenses.
"Viva o povo
da Austrália, viva o povo de Timor-Leste, viva a solidariedade", gritaram
em uníssono os jovens timorenses, dando de seguida voz ao cidadão
norte-americano Charles Scheiner, da organização não-governamental La'o
Hamutuk, que tem criticado publicamente o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos
no Mar de Timor (CMATS), no centro da polémica entre timorenses e australianos.
"A questão
fundamental é a independência deste país e aquela luta não está completa
enquanto não forem definidas as fronteiras marítimas", declarou Charles
Scheiner, recordando que a Austrália e os Estados Unidos apoiaram a ocupação
indonésia de Timor-Leste.
Os jovens
timorenses decidiram organizar-se e saírem à rua em protesto, depois de, na
semana passada, a secreta australiana fazer uma rusga ao escritório do advogado
que representa Timor-Leste no processo de acusação de espionagem contra a
Austrália, durante as negociações de um tratado sobre o Mar de Timor.
A secreta
australiana confiscou ficheiros eletrónicos e documentos, apreendendo também o
passaporte a um antigo espião, uma testemunha chave do processo.
Timor-Leste acusou
formalmente, junto de um tribunal arbitral de Haia, a Austrália de espionagem
quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar
de Timor, em 2004.
Hoje, em
declarações à agência Lusa, o ministro do Petróleo timorense, Alfredo Pires,
declarou que as investigações timorenses identificaram quatro pessoas que terão
alegadamente posto o sistema de escutas nos gabinetes do governo timorense.
MSE // ARA - Lusa
1 comentário:
Espero que a Austrália se dobre ao Direito internacional
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