Os chilenos
comparecem às urnas no domingo para o segundo turno da eleição presidencial,
que definirá quem governará o país nos próximos quatro anos, em uma disputa
inédita entre duas mulheres: a socialista e grande favorita Michelle Bachelet e
a candidata da direita Evelyn Matthei.
Nunca antes na
história do Chile e da América Latina duas mulheres disputaram um segundo turno
eleitoral, quatro semanas depois da votação na qual Michelle Bachelet - uma
pediatra de 62 anos - ficou a menos de quatro pontos de garantir o retorno ao
palácio presidencial de La Moneda, com 46,6% dos votos.
Matthei, economista
e ex-ministra do Trabalho, de 60 anos, ficou em segundo lugar com 25,1%.
Os mais de 21
pontos que separam as duas candidatas, ambas filhas de generais da Força Aérea,
que eram muito amigos - quando crianças as duas brincaram juntas - representam
uma diferença quase irreversível para Matthei.
"É possível
que Bachelet consiga um percentual histórico e vença com 60%", disse à AFP
Marta Lagos, diretora da 'Latinobarómetro Chile'.
A única pesquisa
divulgada, organizada pela Universidade de Santiago e pelo instituto Ipsos,
ratificou o amplo favoritismo de Bachelet, que obteria mais de 63% dos votos,
contra 33,7% de Matthei.
A ampla vantagem
acentuou o tom triunfalista da ex-presidente, que governou o Chile entre 2006 e
2010, a primeira mulher no país a ocupar o cargo.
"Tive a honra
de ter sido a primeira presidente do Chile e será uma imensa honra voltar a ser
a presidente de todos os chilenos e chilenas", disse Bachelet no
encerramento da campanha na quinta-feira.
Eleição com menor
participação
Quase 13,4 milhões
de pessoas estão registradas para votar no domingo. A eleição começará às 8H00
(9H00 de Brasília) e prosseguirá até 18H00.
O Serviço Eleitoral
chileno prevê uma rápida apuração dos votos.
Analistas acreditam
que o segundo turno terá uma participação menor que a dos 6,6 milhões de
eleitores que votaram no primeiro turno de 17 de novembro, que marcou o início
do voto facultativo para presidência no Chile.
A apatia ficou
evidenciada na campanha do segundo turno, que teve pouco impacto e pouco debate
até mesmo na imprensa. Alguns temem que a eleição de domingo tenha o menor
número de eleitores desde o retorno da democracia em 1990.
O pouco interesse
acontece apesar de dois projetos de país diametralmente opostos na disputa. Um
que enfatiza as políticas de continuidade, liderado por Matthei, e outro que
propõe um ambicioso plano de reformas, com Bachelet à frente.
A ex-presidente
deseja uma reforma tributária para arrecadar 8,2 bilhões de dólares, uma nova
Constituição que substitua a atual herdada da ditadura de Augusto Pinochet
(1973-1990) e a gratuidade do ensino universitário, propostas que contam com
amplo apoio entre a população.
Matthei destaca o
desejo de melhorar a vida da classe média e considera as propostas de Bachelet
"experimentos que não deram resultado em outros países".
Desafios para a
nova presidente
A nova presidente
do Chile assumirá o poder em 11 de março de 2014 e governará até 2018. Receberá
uma economia em desaceleração, após um crescimento estimado para este ano de
4,2%.
O menor
investimento na mineração, provocado pela queda internacional no preço das
matérias-primas, vai provocar um impacto sobre o principal produtor mundial de
cobre.
No campo social, o
novo governo terá que enfrentar uma série de demandas, lideradas pelos
estudantes, que já programam um ano de 2014 com muitos protestos por uma
educação pública gratuita e de mais qualidade.
Estado de Minas –
AFP
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