O representante das
Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, instou hoje o Governo e as
autoridades judiciais guineenses a esclarecerem os incidentes com a TAP,
forçada a transportar 74 sírios com passaportes falsos para Portugal.
Em nota distribuída
à imprensa, Ramos-Horta enalteceu o facto de o Governo ter mandado instaurar um
inquérito que apurou que a ordem de embarque forçado dos sírios foi dada pelo
ministro do Interior, Anónio Suca Ntchama, e que as conclusões das averiguações
foram enviadas ao Ministério Público.
O representante
especial do secretário-geral da ONU saúda o envio para a Procuradoria-Geral da
República do relatório da comissão para procedimento judicial "contra
todos os envolvidos", ao mesmo tempo que insta o Governo a "dar mostras
claras de que está seriamente empenhado em acabar com a impunidade" no
país.
O Procurador-Geral
guineense, Abdu Mané, informou hoje, em nota pública de esclarecimento, que vai
mandar abrir um processo disciplinar e posteriormente criminal contra o diretor-geral
da Polícia Judiciária, Armando Namoncthe, por este se ter negado a prender o
ministro do Interior.
A Procuradoria
considerou que António Suca Ntchama é culpado de conduta ilegal por ter
pressionado a tripulação da TAP a transportar os 74 sírios para Portugal, onde
acabariam por pedir asilo político.
A Lusa está a
tentar obter reações do diretor-geral da PJ e do advogado do ministro do
Interior, mas sem sucesso.
O representante da
ONU em Bissau diz que regista "com preocupação" as conclusões do inquérito
sobre a passagem dos sírios em Bissau, nomeadamente pelo facto de existir uma
"rede criminosa transnacional envolvida no movimento ilegal de
pessoas" para a Europa, a operar na Guiné-Bissau.
Ramos-Horta
congratula-se pelo facto de as autoridades guineenses se terem prontificado em
informar a Interpol sobre este facto. Enaltece, contudo, o facto de Bissau se
ter prometido levar à justiça os elementos integrantes dessa rede.
Na sequência do
incidente, a TAP cancelou os voos para Bissau e anunciou na quinta-feira que
realiza no dia 30 de dezembro o último voo com escala em Dacar, através da
Senegal Airlines.
Diário de Notícias
com Lusa
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