sábado, 14 de dezembro de 2013

Moçambique: TRÊS CANDIDATOS NA FRELIMO PARA SUBSTITUIR GUEBUZA

 


Vaquina na “pole position”para substituir Guebuza?
 
Os factores que poderão determinar o candidato da Frelimo.
 
A escolha de Vaquina visa colocar um travão sobre o avanço do MDM que já governa em dois principais municípios do país, Nampula e Quelimane, por sinal capitais dos dois maiores círculos eleitorais de Moçambique.
 
Todos os cenários conju­gados apontam o actual primeiro-ministro, Alber­to Vaquina, como o mais prová­vel candidato da Frelimo para as eleições de 2014. “O País” sabe que a Comissão Política o indi­cou como o candidato do par­tido nas próximas eleições. José Pacheco e Filipe Nyusi apenas irão fazer “papel de candidatos”, mas um deles irá renunciar à boca das urnas. São vários facto­res que jogam a favor de Vaquina e a desfavor dos outros dois, des­de as origens étnicas, a sua ima­gem, o seu passado até às suas base de apoio.
 
Factores que determinarão o futuro candidato
 
A Frelimo acaba de perder o município de Nampula a favor do Movimento Democrático de Mo­çambique (MDM), o que é visto como um “alerta amarelo” para o partido no poder para as pró­ximas eleições gerais. A vitória do MDM poderá causar, em Ou­tubro de 2014 (eleições), o “efeito de bola de neve” sobre os centros eleitorais de Nampula. Esta der­rota da Frelimo não só fez “soar alarme” nas hostes do partido no poder sobre a necessidade de encontrar, internamente, um can­didato ideal, como também de capitalizar as suas origens étnicas.
 
Embora possa parecer estra­nho, a questão étnica, a imagem e o peso do círculo eleitoral na decisão final sobre o vencedor das eleições serão factores decisi­vos na eleição do próximo candi­dato da Frelimo. Nesses aspectos, Alberto Vaquina leva vantagem em relação aos seus “camaradas” adversários, José Pacheco e Filipe Nyusi.
 
Pacheco com um passado comprometedor
 
Os factores que poderão determinar o candidato da Frelimo.
 
Embora seja o pré-candidato com mais experiência de governa­ção – entrou no Governo em 1995 como vice-ministro da Agricultura –, José Pacheco tem um passado com acções que comprometem os seus sonhos de ser o Chefe do Es­tado. Em 1998, como governador de Cabo Delgado, houve morte de 150 membros da Renamo por asfixia nas celas onde estavam de­tidos, em Montepuez, por protes­tarem os resultados das eleições gerais de 1999.
 
Ainda em Cabo Delgado, Pache­co foi associado à compra, pelo governo provincial, de viaturas “quentes”.
 
Como ministro do Interior, já no Governo de Armando Guebuza, José Pacheco foi recebido com o crime violento e a execução su­mária de elementos da polícia – a maioria da brigada Mamba – e quadrilhas perigosas, com opera­cionais como Mário Mandonga e Agostinho Chaúque.
 
A 1 e 2 de Setembro de 2010, uma manifestação violenta sa­cudiu as cidades de Maputo e da Matola. Pacheco, impaciente, chamou os manifestantes “vân­dalos” e marginais, o que reacen­deu a manifestação e contesta­ção ao Governo, além de debates acalorados desencadeados. Na mesma aparição, Pacheco negou que a polícia tivesse usado balas verdadeiras. O saldo das mani­festações foi de 15 mortos pela polícia e mais de 100 feridos. O caso do menino Hélio – baleado mortalmente pela polícia quan­do regressava da escola – foi o mais dramático.
 
Filipe Nyusi, um candidato a ter em conta
 
Joga a favor de Nyusi o facto de poder ter apoio de peso de grande parte dos combatentes de luta de libertação nacional, dos quais Alberto Chipande e Raimundo Pachinuapa.
 
Filipe Nyusi chegou ao Governo pela mão do Chefe do Estado, Ar­mando Guebuza, em 2010, vindo do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Moçambi­que. É o segundo civil a ocupar o cargo de ministro da Defesa, de­pois de Aguiar Mazula.
 
Natural de Mueda, Cabo Delga­do e pertencente à etnia macon­de, um grupo com forte influência dentro do partido Frelimo, Nyusi é filho de pais combatentes de luta de libertação nacional. Neste mo­mento, está à frente do negócio de compra de equipamento militar e para protecção da costa, avaliado em 850 milhões de dólares.
 
Nyusi enfrenta ainda, quase to­dos os dias, os ataques dos homens armados da Renamo e tem a res­ponsabilidadedemanteralogística das forças armadas nas várias posi­ções em Muxúnguè, Marínguè, Go­rongosa, entre outros pontos. Este confronto armado com a Renamo está a fragilizar a sua imagem.
 
Embora seja de uma etnia com forte influência no partido, os ma­conde não têm uma relação privi­legiada com os outros - os macua, um grupo maioritário que ocupa cerca de 70% de Cabo Delgado. Igualmente, não há boa relação comogrupominoritárioKimwane. O caso Montepuez, em que morre­ram 150 pessoas, foi visto como um problema étnico entre maconde e kimwane.
 
Sérgio Chichava, num dos seus artigos “O Observatório de Paz”, refere que “certas testemunhas locais teriam afirmado que os Ki­mwane, tidos como politicamente próximos da Renamo, e instru­mentalizados por este partido, não teriam aceite serem dirigidos por Amadeu Pedro, um maconde (grupo étnico que, por razões his­tóricas, é próximo da Frelimo), na­tural de Mueda, preferindo Assane Saide, umkimwane, naturaldeMo­cimboa da Praia.”
 
Compacto de notícias publicadas em O País (mz)
 
Na foto: Vaquina, Pacheco, Nyusi – Título PG
 
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