Vaquina na “pole
position”para substituir Guebuza?
Os factores que
poderão determinar o candidato da Frelimo.
A escolha de
Vaquina visa colocar um travão sobre o avanço do MDM que já governa em dois
principais municípios do país, Nampula e Quelimane, por sinal capitais dos dois
maiores círculos eleitorais de Moçambique.
Todos os cenários
conjugados apontam o actual primeiro-ministro, Alberto Vaquina, como o mais
provável candidato da Frelimo para as eleições de 2014. “O País” sabe que a
Comissão Política o indicou como o candidato do partido nas próximas
eleições. José Pacheco e Filipe Nyusi apenas irão fazer “papel de candidatos”,
mas um deles irá renunciar à boca das urnas. São vários factores que jogam a
favor de Vaquina e a desfavor dos outros dois, desde as origens étnicas, a sua
imagem, o seu passado até às suas base de apoio.
Factores que
determinarão o futuro candidato
A Frelimo acaba de
perder o município de Nampula a favor do Movimento Democrático de Moçambique (MDM),
o que é visto como um “alerta amarelo” para o partido no poder para as próximas
eleições gerais. A vitória do MDM poderá causar, em Outubro de 2014
(eleições), o “efeito de bola de neve” sobre os centros eleitorais de Nampula.
Esta derrota da Frelimo não só fez “soar alarme” nas hostes do partido no
poder sobre a necessidade de encontrar, internamente, um candidato ideal, como
também de capitalizar as suas origens étnicas.
Embora possa
parecer estranho, a questão étnica, a imagem e o peso do círculo eleitoral na
decisão final sobre o vencedor das eleições serão factores decisivos na
eleição do próximo candidato da Frelimo. Nesses aspectos, Alberto Vaquina leva
vantagem em relação aos seus “camaradas” adversários, José Pacheco e Filipe
Nyusi.
Pacheco com um
passado comprometedor
Os factores que
poderão determinar o candidato da Frelimo.
Embora seja o
pré-candidato com mais experiência de governação – entrou no Governo em 1995
como vice-ministro da Agricultura –, José Pacheco tem um passado com acções que
comprometem os seus sonhos de ser o Chefe do Estado. Em 1998, como governador
de Cabo Delgado, houve morte de 150 membros da Renamo por asfixia nas celas
onde estavam detidos, em Montepuez, por protestarem os resultados das
eleições gerais de 1999.
Ainda em Cabo
Delgado, Pacheco foi associado à compra, pelo governo provincial, de viaturas
“quentes”.
Como ministro do
Interior, já no Governo de Armando Guebuza, José Pacheco foi recebido com o
crime violento e a execução sumária de elementos da polícia – a maioria da
brigada Mamba – e quadrilhas perigosas, com operacionais como Mário Mandonga e
Agostinho Chaúque.
A 1 e 2 de Setembro
de 2010, uma manifestação violenta sacudiu as cidades de Maputo e da Matola.
Pacheco, impaciente, chamou os manifestantes “vândalos” e marginais, o que
reacendeu a manifestação e contestação ao Governo, além de debates acalorados
desencadeados. Na mesma aparição, Pacheco negou que a polícia tivesse usado
balas verdadeiras. O saldo das manifestações foi de 15 mortos pela polícia e
mais de 100 feridos. O caso do menino Hélio – baleado mortalmente pela polícia
quando regressava da escola – foi o mais dramático.
Filipe Nyusi, um
candidato a ter em conta
Joga a favor de
Nyusi o facto de poder ter apoio de peso de grande parte dos combatentes de
luta de libertação nacional, dos quais Alberto Chipande e Raimundo Pachinuapa.
Filipe Nyusi chegou
ao Governo pela mão do Chefe do Estado, Armando Guebuza, em 2010, vindo do
Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Moçambique. É o segundo
civil a ocupar o cargo de ministro da Defesa, depois de Aguiar Mazula.
Natural de Mueda,
Cabo Delgado e pertencente à etnia maconde, um grupo com forte influência dentro
do partido Frelimo, Nyusi é filho de pais combatentes de luta de libertação
nacional. Neste momento, está à frente do negócio de compra de equipamento
militar e para protecção da costa, avaliado em 850 milhões de dólares.
Nyusi enfrenta
ainda, quase todos os dias, os ataques dos homens armados da Renamo e tem a
responsabilidadedemanteralogística das forças armadas nas várias posições em
Muxúnguè, Marínguè, Gorongosa, entre outros pontos. Este confronto armado com
a Renamo está a fragilizar a sua imagem.
Embora seja de uma
etnia com forte influência no partido, os maconde não têm uma relação privilegiada
com os outros - os macua, um grupo maioritário que ocupa cerca de 70% de Cabo
Delgado. Igualmente, não há boa relação comogrupominoritárioKimwane. O caso
Montepuez, em que morreram 150 pessoas, foi visto como um problema étnico
entre maconde e kimwane.
Sérgio Chichava,
num dos seus artigos “O Observatório de Paz”, refere que “certas testemunhas
locais teriam afirmado que os Kimwane, tidos como politicamente próximos da
Renamo, e instrumentalizados por este partido, não teriam aceite serem
dirigidos por Amadeu Pedro, um maconde (grupo étnico que, por razões históricas,
é próximo da Frelimo), natural de Mueda, preferindo Assane Saide, umkimwane,
naturaldeMocimboa da Praia.”
Compacto de
notícias publicadas em O País (mz)
Na foto: Vaquina,
Pacheco, Nyusi – Título PG
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