Verdade (mz)
- editorial
Qualquer que seja a
razão, nada justifica uma guerra, absolutamente nada justifica os horrores que
um grupo de indivíduos é capaz de infringir aos outros. Por motivos meramente
obscuros, vidas são ceifadas. As últimas eleições municipais puseram a descoberto
essa triste realidade. Tratou-se, na verdade, de uma repugnante violação dos
direitos humanos perpetrada por um partido que não olhou para os meios para
vencer as eleições. Os resultados alcançados pela Frelimo não passam de uma
grande mentira. São, na verdade, fruto de um ardiloso esquema, detenções
arbitrárias dos delegados de mesa da oposição e do derramamento de sangue de
dezenas de cidadãos inocentes.
A vitória da
Frelimo é manchada de sangue inocente, para desagrado, dor e até desprezo da
população que foi votar e sobretudo dos que, por alguma carga de água, abdicou
de exercer o seu direito de voto e dever de cidadania. É, sem dúvida, alarmante
o número de abstenções somado aos votos nulos, para vergonha dos vencedores que
o são, porque têm como fiéis servidores, na sua mão direita, o STAE e a CNE e,
na esquerda, a Polícia e outras instituições do Estado e os seus respectivos
vassalos programados para executarem qualquer decisão sem questionar.
Hoje, mais do que
nunca, percebem-se os motivos que desencadearam a instabilidade política que se
vive no país. Diaboliza-se a Renamo por ter optado pela “guerra” para impedir a
institucionalização da ditadura e do monopartidarismo. E “santifica-se” a
Frelimo, quando, na verdade, esta mobiliza homens, arma-lhes até aos dentes e
torna-lhes perversos para matar sem dó nem piedade cidadãos indefesos. Tudo
isso porque a história da luta de libertação de um povo foi transformada na
história de um partido. Os dirigentes da Frelimo usam covardemente dessa mesma
história para se perpetuarem no poder, marginalizarem os moçambicanos e
continuarem a espoliá-los durante tempos sem fim.
É verdade que a
Imprensa (oficiosa) também está metida nesta operação. Em conivência com o
regime da Frelimo, habilmente lança areia para os olhos do povo com o intuito
de domesticá-lo e torná-lo gente sem emoção crítica. A Imprensa oficiosa não só
ajudou o regime a encher votos nas urnas e a esconder irregularidades como
também apoia no controlo das consciências nas famílias, no interior das escolas
e universidades para fabricar homens e mulheres ignorantes, mentalmente
estéreis, intelectualmente indefesos e perdidos na alienação. Ninguém questiona
a ostentação obscena em que vive um punhado de gente ligada ao partido Frelimo.
Ninguém questiona
até quando irá ouvir discursos estupidificantes e sem entranhas de verdade
sobre o combate à pobreza absoluta. Ninguém questiona as estranhas reviravoltas
na contagem dos votos. Com todos os resultados já divulgados, ninguém se
lembrará das promessas feitas na campanha eleitoral, que veio desaguar nas
eleições de 20 de Novembro. Promessas essas que não têm nenhuma garantia de
virem a ser cumpridas a curto, médio e longo prazo, nem pelos que venceram as
eleições passadas e, muito menos, pelos que lhes sucederem no trono.
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