Já está em pleno
curso uma nova corrida imperialista, entre as grandes potências, e um dos focos
desta disputa é, mais uma vez, a própria África.
José Luís Fiori –
Carta Maior, em Colunistas
Ao incluir a África
dentro do seu “entorno estratégico”, e ao se propor aumentar sua influência no
continente africano, o Brasil precisa ter plena consciência que está entrando
num jogo de xadrez extremamente complicado. Porque já está em pleno curso – na
2º década do século XXI - uma nova “corrida imperialista”, entre as “grandes
potências”, e um dos focos desta disputa é, mais uma vez, a própria África. E
não é impossível que as velhas e novas potências envolvidas na disputa pelos
recursos estratégicos da África, voltem a cogitar da possibilidade de
estabelecer novas formas maquiadas de controle colonial sobre alguns países
africanos, que eles mesmo criaram, depois da IIº Guerra Mundial.
A África é o segundo maior e mais populoso continente do mundo: tem uma área de 30.221. 532 km2 e uma população de cerca de 1 bilhão de habitantes, 15% da população mundial. O continente inclui a ilha de Madagascar, vários arquipélagos , 9 territórios e 57 estados independentes. Os europeus chegaram à costa africana e iniciaram seu comércio de escravos negros, no século XV e XVI, mas foi só no século XIX, que as grandes potências europeias ocuparam e impuseram sua dominação em todo continente, menos a Etiópia.
A África é o segundo maior e mais populoso continente do mundo: tem uma área de 30.221. 532 km2 e uma população de cerca de 1 bilhão de habitantes, 15% da população mundial. O continente inclui a ilha de Madagascar, vários arquipélagos , 9 territórios e 57 estados independentes. Os europeus chegaram à costa africana e iniciaram seu comércio de escravos negros, no século XV e XVI, mas foi só no século XIX, que as grandes potências europeias ocuparam e impuseram sua dominação em todo continente, menos a Etiópia.
A independência africana, depois da II Guerra Mundial, despertou grandes expectativas com relação aos seus novos governos de “libertação nacional” e seus projetos de desenvolvimento. Este otimismo inicial, entretanto, foi atropelado por sucessivos golpes e regimes militares, e pela crise econômica mundial que atingiu todas as economias periféricas na década de 70, provocando prolongado declínio da economia africana.
Na década de 90, inclusive, se generalizou em alguns círculos a convicção de
que a África seria um continente “inviável” e marginal dentro do processo
vitorioso da globalização econômica. E de fato, naquela década, apenas 1% do
fluxos dos Investimentos Diretos Estrangeiros, de todo o mundo, foram
destinados aos 57 países africanos. Depois de 2001, entretanto, a economia
africana ressurgiu, acompanhando o novo ciclo de expansão da economia mundial,
igual como aconteceu na América do Sul.
Esta mudança radical da economia africana se deveu sobretudo ao impacto do
crescimento econômico da China e da Índia, que consumiam 14 % das exportações
africanas, no ano 2000, e hoje consomem 27%, igual que a Europa e os Estados
Unidos, que foram os antigos “donos” comerciais do continente. Na direção
inversa, as exportações asiáticas para a África vêm crescendo à uma taxa média
de 18% ao ano, junto com os investimentos diretos chineses e indianos,
sobretudo em energia, minérios e infra-estrutura.
Neste sentido, não cabe mais duvida, devido ao volume e a velocidade dos
acontecimentos: a África é o hoje, o grande espaço de “acumulação primitiva”
asiática, e uma das principais fronteiras de expansão econômica e política, da
China e da Índia.
O problema é que neste mesmo período, os Estados Unidos também aumentaram seu envolvimento militar e econômico africano, em nome do combate ao terrorismo, e da proteção dos seus interesses energéticos, sobretudo na região do “Chifre da África” e do Golfo da Guiné, que deverá estar cobrindo aproximadamente 25% das importações norte-americanas de petróleo, até 2015. E o mesmo aconteceu com a União Europeia, e em particular, com a França e a Grã Bretanha, que inclusive participaram, neste período, de intervenções militares diretas no território africano. E a própria Rússia tem intensificando seus acordos envolvendo venda de armas e alguns projetos bilionários de suprimento de gás para Europa, através da Itália, e do deserto do Saara.
A relação do Brasil com a África, durante quase todo o século XX, foi de estranhamento e submissão aos interesses das potôncias coloniais europeias, e à estratégia norte-americana da Guerra Fria. Foi só no início da década de 60 que esta posição mudou pela primeira vez, com a “politica externa independente”- PEI, dos governos de Jânio Quadros e João Goulart, entre 1961 e 1964, política que foi retomada durante o governo Geisel, e depois foi relaxada durante os governos neoliberais da década de 90. Só agora, no início do século XXI, o Brasil retomou e e assumiu explicitamente seu interesse estratégico na África, propondo-se irradiar sua liderança e projetar sua influencia política e econômica, sobretudo na sua região subsaariana.
O problema é que neste mesmo período, os Estados Unidos também aumentaram seu envolvimento militar e econômico africano, em nome do combate ao terrorismo, e da proteção dos seus interesses energéticos, sobretudo na região do “Chifre da África” e do Golfo da Guiné, que deverá estar cobrindo aproximadamente 25% das importações norte-americanas de petróleo, até 2015. E o mesmo aconteceu com a União Europeia, e em particular, com a França e a Grã Bretanha, que inclusive participaram, neste período, de intervenções militares diretas no território africano. E a própria Rússia tem intensificando seus acordos envolvendo venda de armas e alguns projetos bilionários de suprimento de gás para Europa, através da Itália, e do deserto do Saara.
A relação do Brasil com a África, durante quase todo o século XX, foi de estranhamento e submissão aos interesses das potôncias coloniais europeias, e à estratégia norte-americana da Guerra Fria. Foi só no início da década de 60 que esta posição mudou pela primeira vez, com a “politica externa independente”- PEI, dos governos de Jânio Quadros e João Goulart, entre 1961 e 1964, política que foi retomada durante o governo Geisel, e depois foi relaxada durante os governos neoliberais da década de 90. Só agora, no início do século XXI, o Brasil retomou e e assumiu explicitamente seu interesse estratégico na África, propondo-se irradiar sua liderança e projetar sua influencia política e econômica, sobretudo na sua região subsaariana.
O Brasil é o único país sul-americano que é também negro e que tem excelentes
oportunidades econômicas no território subsaariano, em infraestrutura e
serviços, mas também na indústria e na capacitação da sua mão de obra.
Entretanto, para manter sua decisão estratégica e conquistar espaços, o Brasil
tem que estar disposto e preparado para enfrentar a pesada concorrência das
velhas e novas potências, como China e Índia, que tem muito maior capacidade
imediata de mobilização econômica e militar. E terá que começar pela
conscientização e mobilização da sua própria sociedade, e em particular, de
suas elites brancas que sempre tiveram enorme dificuldade de reconhecer,
aceitar e valorizar as raízes africanas e negras do seu próprio país.
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