Díli, 10 dez (Lusa)
- O ministro do Petróleo de Timor-Leste, Alfredo Pires, disse hoje à agência
Lusa que as investigações sobre as acusações de espionagem contra a Austrália
identificaram quatro pessoas que terão posto as escutas nos gabinetes do governo
timorense.
"São quatro as
pessoas que identificámos durante as nossas investigações", disse Alfredo
Pires contactado por telefone pela agência Lusa.
O ministro do
Petróleo está atualmente na Austrália em visita de trabalho relacionada com as
acusações de espionagem, devendo regressar a Timor-Leste na sexta-feira.
"São pessoas
que utilizaram um programa de ajuda para ter acesso aos gabinetes do
governo", explicou o ministro, acrescentando que as autoridades timorenses
não sabem se aqueles indivíduos, três homens e uma mulher, trabalhavam ou não
como cooperantes para a agência de cooperação australiana, AUSAID.
A revelação feita
por Alfredo Pires ocorre numa altura em que a imprensa australiana, políticos e
analistas debatem a utilização dos programas de ajuda humanitária pela secreta
australiana.
"Obviamente
que não é bom para agências de ajuda e para as relações de confiança
necessárias para um programa de ajuda", afirmou Stephen Howes, diretor do
Centro de Políticas de Desenvolvimento da Universidade Nacional da Austrália,
citado no jornal Sydney Herald Morning.
Também um antigo
membro da inteligência militar australiana, Clinton Fernandes, agora a
trabalhar na Universidade New South Wales, afirmou que é necessário fazer um
inquérito.
"A utilização
de um programa de ajuda para facilitar espionagem, se for verdade, é tão grave
que a pessoa responsável deve apresentar demissão", disse.
Segundo a imprensa
australiana, a secreta australiana afirmou que a operação foi autorizada pelo
antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Alexander Downer, que também recusou
comentar assuntos relacionados com os serviços secretos.
Na terça-feira, a
secreta australiana fez uma rusga ao escritório do advogado que representa
Timor-Leste, tendo confiscado vários ficheiros eletrónicos e documentos, e
apreendeu também o passaporte a um antigo espião, que é uma testemunha chave do
processo.
Timor-Leste acusou
formalmente junto do tribunal arbitral de Haia, a Austrália de espionagem
quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes Marítimos no Mar
de Timor, em 2004.
Com a arbitragem
internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim
negociar a limitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os
proveitos da exploração do Greater Sunrise, que vale biliões de dólares.
MSE // FV - Lusa
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