José
Dirceu, em seu blog - de Brasília – Correio do Brasil, opinião
A
ofensiva da direita conservadora, aliada a parte da imprensa, atravessou 2013 e
chegou a 2014 ampla, intensa e ferozmente. A tentativa de desconstrução do
governo – como denunciou aqui neste blog diversas vezes o
ex-ministro José Dirceu – se mantém como instrumento preferencial da oposição
em busca do poder neste ano eleitoral. É fundamental – e aqui apenas repetimos
o que Dirceu sempre ressaltou – que o PT, o governo e a esquerda reajam contra
essa campanha. Que enfrentem a luta política.
A
“guerra psicológica”, expressão usada pela presidenta Dilma Rousseff para se
referir a tal ofensiva, envolve, além de boa parte da mídia, “analistas” e
instituições que representam o conservadorismo no país. A ofensiva é ampla.
Para ficar apenas em alguns recentes exemplos, citamos a manutenção do
terrorismo com a política fiscal, o alarmismo com a inflação, os permanentes
ataques à política social, a campanha contra os impostos e a carga tributária,
contra a Copa e contra o grau de investimento do país.
E
ela não fica só plano federal. Na capital paulista, cuja prefeitura é do PT,
tivemos recentemente a derrubada –via politização do judiciário – do reajuste
do IPTU em São Paulo, a decisão do Tribunal de Contas do Município de barrar a
criação dos corredores de ônibus e a determinação judicial para criar 150 mil
vagas em creches. Este último ponto exige mais investimentos, no entanto a
mesma Justiça suspendeu o reajuste do IPTU…
A
cara da direita
Um
amigo deste blog lembrou recentemente um clássico artigo no qual Roberto
Schwarz diz que, se no final da década de 1960, um estrangeiro viesse ao
Brasil, entrasse numa livraria, fosse ao banco, ouvisse uma música ou assistisse
a um debate, ele teria a ilusão de que o país era governado pela esquerda, e
não pela direita.
Hoje,
disse esse mesmo amigo, acontece a mesma coisa, mas com sinal trocado. Se
alguém entrar em uma livraria, ouvir um debate, dedicar-se a ler jornais, revistas
e ouvir rádio e TV, vai acreditar que o Brasil é governado pela direita, e não
pela esquerda.
Apenas
um parêntese: nesse mesmo clássico ensaio, Schwarz deixa claro que, apesar da
hegemonia da esquerda na produção cultural no fim da década de 60, nos meios de
comunicação havia a hegemonia da direita. Isso até hoje não mudou.
Imaginário
conservador
Engana-se
quem menospreza a ofensiva da direita. O argumento de que ela não surtirá
efeito prático – dado que a maioria do país vê um cenário diferente do que lhe
é apresentado, com emprego e renda em alta, portanto não se deixaria manipular
eleitoralmente – não convence.
O
que está em jogo é mais do que isso. As campanhas midiáticas e, em determinados
casos, institucionais contra o governo pode ter consequências na formação de um
imaginário conservador. Nãos e trata apenas de melhorar a vida da população –
como vem sendo feito nos últimos 11 anos –, mas também de mostrar a
representação de um país em mudanças. Sem isso, as próprias mudanças podem se
perder.
Não
podemos mais assistir a tudo isso na defensiva, estáticos diante de uma
enxurrada de comentários conservadores.
Como
ressaltou o economista Paul Singer em recente artigo na Folha de S.Paulo, “os
que reagimos aos excessos do neoliberalismo temos em vista, acima de tudo,
preservar e enriquecer a democracia em nosso país, como garantia de que a luta
por uma sociedade mais justa poderá prosseguir até que seus frutos possam ser
usufruídos por todos”.
É
preciso ir à luta política. É preciso fazer o enfrentamento político.
José
Dirceu é militante do PT, foi deputado e ministro-chefe da Casa Civil.
Atualmente, recorre de uma sentença judicial do STF, em regime de prisão
fechada, quando tem direito ao semiaberto.
Sem comentários:
Enviar um comentário