domingo, 19 de janeiro de 2014

Cabo Verde: Feriado dos "Heróis Nacionais" com protestos contra governo…

 


… e homenagens a Amílcar Cabral
 
Cidade da Praia, 19 jan (Lusa) - O Dia dos Heróis Nacionais, feriado que se celebra segunda-feira em Cabo Verde, vai ser marcado por manifestações de protesto contra o Governo e com homenagens a Amílcar Cabral e a sete ex-combatentes da Liberdade da Pátria.
 
Destinado a homenagear o "pai" das independências da Guiné e Cabo Verde, Amílcar Cabral, assassinado a 20 de janeiro de 1973 em Conacri em circunstâncias ainda por apurar, o Dia dos Heróis Nacionais foi aproveitado pela maior central sindical cabo-verdiana para realizar uma manifestação nacional de protesto.
 
A iniciativa da União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos/Central Sindical (UNTC-CS), subordinada ao lema "Vamos, Pois, Todos Sair à Rua", é apoiada pela outra associação sindical, a Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Livres (CCSL), e as reivindicações são maioritariamente de ordem laboral.
 
A reposição do poder de compra pelos trabalhadores, na ordem dos 5%, revisão do Código Laboral (CL), aplicação prática do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para o quadro privativo e dos trabalhadores públicos, restituição do Imposto sobre Rendimento (IUR) 2008-2012 e a suspensão da lei aprovada recentemente sobre as Micro e Pequenas e Empresas (MPE), entretanto considerada "inconstitucional" pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ) cabo-verdiano, são as principais reivindicações.
 
Para os sindicatos, o Governo está a "desrespeitar" os cabo-verdianos na forma como tem agido para resolver os problemas financeiros e do emprego, pelo que todas as tentativas de negociação para ultrapassar o impasse têm-se revelado infrutíferas.
 
Além da manifestação, a CCSL já convocou para 29 e 30 de abril próximo uma greve geral, seguida, a 01 de maio, Dia do Trabalhador, de uma manifestação de protesto, também apoiada pela UNTC-CS.
 
O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, já disse que a greve e as manifestações são "direitos constitucionais e legítimos dos trabalhadores", mas sublinhou não haver razões para tal, uma vez que o Governo tem estado a cumprir o Acordo de Concertação Estratégica (ACE), rubricado em 2012.
 
Como contraponto, a associação Corrente Ativista Resistência e Liberdade organiza, praticamente à mesma hora, a 2.ª edição da "Marcha do Povo" em homenagem a Amílcar Cabral, que começa na Achada Grande Frente e termina no "Plateau", centro histórico da capital cabo-verdiana.
 
Os atos oficiais começam com a deposição de uma coroa de flores do Mausoléu Amílcar Cabral, na Várzea, na presença do chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que, pouco depois, na Biblioteca Nacional, preside a uma cerimónia de homenagem a sete antigos combatentes da luta pela independência (1963/74).
 
Amélia Araújo, Filinto Correia e Silva, João Silva, José Leitão da Graça, Juvêncio da Veiga, Manuel de Jesus Gomes (Lela Guerrilheiro) e Dulce Almada Duarte são os homenageados na cerimónia, seguindo-se uma intervenção do primeiro-ministro cabo-verdiano.
 
Amílcar Cabral, natural de Bafatá (leste da Guiné-Bissau), onde nasceu a 12 de setembro de 1924, estudou em Cabo Verde e foi um dos fundadores do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que de foi o primeiro líder.
 
JSD // CC - Lusa
 

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