… e homenagens a
Amílcar Cabral
Cidade da Praia, 19
jan (Lusa) - O Dia dos Heróis Nacionais, feriado que se celebra segunda-feira
em Cabo Verde, vai ser marcado por manifestações de protesto contra o Governo e
com homenagens a Amílcar Cabral e a sete ex-combatentes da Liberdade da Pátria.
Destinado a
homenagear o "pai" das independências da Guiné e Cabo Verde, Amílcar
Cabral, assassinado a 20 de janeiro de 1973 em Conacri em circunstâncias ainda
por apurar, o Dia dos Heróis Nacionais foi aproveitado pela maior central
sindical cabo-verdiana para realizar uma manifestação nacional de protesto.
A iniciativa da
União Nacional dos Trabalhadores Cabo-Verdianos/Central Sindical (UNTC-CS),
subordinada ao lema "Vamos, Pois, Todos Sair à Rua", é apoiada pela
outra associação sindical, a Confederação Cabo-Verdiana dos Sindicatos Livres
(CCSL), e as reivindicações são maioritariamente de ordem laboral.
A reposição do
poder de compra pelos trabalhadores, na ordem dos 5%, revisão do Código Laboral
(CL), aplicação prática do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para o
quadro privativo e dos trabalhadores públicos, restituição do Imposto sobre
Rendimento (IUR) 2008-2012 e a suspensão da lei aprovada recentemente sobre as
Micro e Pequenas e Empresas (MPE), entretanto considerada
"inconstitucional" pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ)
cabo-verdiano, são as principais reivindicações.
Para os sindicatos,
o Governo está a "desrespeitar" os cabo-verdianos na forma como tem
agido para resolver os problemas financeiros e do emprego, pelo que todas as
tentativas de negociação para ultrapassar o impasse têm-se revelado
infrutíferas.
Além da
manifestação, a CCSL já convocou para 29 e 30 de abril próximo uma greve geral,
seguida, a 01 de maio, Dia do Trabalhador, de uma manifestação de protesto,
também apoiada pela UNTC-CS.
O primeiro-ministro
cabo-verdiano, José Maria Neves, já disse que a greve e as manifestações são
"direitos constitucionais e legítimos dos trabalhadores", mas
sublinhou não haver razões para tal, uma vez que o Governo tem estado a cumprir
o Acordo de Concertação Estratégica (ACE), rubricado em 2012.
Como contraponto, a
associação Corrente Ativista Resistência e Liberdade organiza, praticamente à
mesma hora, a 2.ª edição da "Marcha do Povo" em homenagem a Amílcar
Cabral, que começa na Achada Grande Frente e termina no "Plateau",
centro histórico da capital cabo-verdiana.
Os atos oficiais
começam com a deposição de uma coroa de flores do Mausoléu Amílcar Cabral, na
Várzea, na presença do chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca,
que, pouco depois, na Biblioteca Nacional, preside a uma cerimónia de homenagem
a sete antigos combatentes da luta pela independência (1963/74).
Amélia Araújo,
Filinto Correia e Silva, João Silva, José Leitão da Graça, Juvêncio da Veiga,
Manuel de Jesus Gomes (Lela Guerrilheiro) e Dulce Almada Duarte são os
homenageados na cerimónia, seguindo-se uma intervenção do primeiro-ministro
cabo-verdiano.
Amílcar Cabral,
natural de Bafatá (leste da Guiné-Bissau), onde nasceu a 12 de setembro de
1924, estudou em Cabo Verde e foi um dos fundadores do Partido Africano para a
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que de foi o primeiro líder.
JSD // CC - Lusa
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