Díli, 12 fev (Lusa)
- A ministra dos Negócios Estrangeiros e Comércio da Austrália, Julie Bishop,
anunciou hoje, em comunicado à imprensa, que o diplomata Peter Doyle vai ser o
novo embaixador em Timor-Leste.
"É esperado
que a sua nomeação ocorra este mês para substituir Miles Armitage", atual
embaixador da Austrália em Timor-Leste, afirma no comunicado a chefe da
diplomacia australiana.
Peter Doyle ocupou
recentemente o posto de embaixador na Turquia e chefe de missão da secção
política e económica do Alto Comissariado da Austrália na Malásia.
No comunicado, a
ministra dos Negócios Estrangeiros australiana reafirma a disponibilidade da
Austrália para continuar a apoiar Timor-Leste no desenvolvimento dos setores
considerados prioritários pelo Governo timorense, nomeadamente saúde, educação,
água e saneamento, agricultura e governação.
"A Austrália
continua a apoiar a estabilidade em Timor-Leste através dos programas de
cooperação bilateral nos setores da defesa e segurança", salientou,
destacando igualmente os interesses conjuntos na exploração de petróleo e gás.
Peter Doyle vai
iniciar as suas funções de embaixador numa altura em que o tribunal arbitral de
Haia, na Holanda, se prepara para a primeira sessão relativa às acusações de
alegada espionagem feitas pela Austrália a Timor-Leste.
Timor-Leste acusou
formalmente a Austrália, em final de 2012, junto daquela instância jurídica, de
alegada espionagem quando estava a ser negociado o Tratado sobre Certos Ajustes
Marítimos no Mar de Timor (CMATS), em 2004.
Na sequência da
queixa apresentada pelos timorenses, foi criada uma arbitragem internacional,
cuja primeira sessão vai ocorrer este mês.
Timor-Leste insiste
que devido à espionagem os australianos tiveram acesso a informação
confidencial sobre o petróleo e o gás no Mar de Timor, relevante para os
negociadores timorenses, e que prejudicaram o país durante as negociações do
CMATS, assinado em 2006.
Com a arbitragem
internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo negociar a
delimitação das fronteiras marítimas e, assim, tirar todos os proveitos da
exploração do Greater Sunrise.
Aquele campo de gás
está situado a cerca de 100 quilómetros da costa sul marítima timorense e,
segundo peritos internacionais, se forem delimitadas as fronteiras marítimas de
acordo com a lei internacional o Greater Sunrise ficará situado na zona
exclusiva económica de Timor-Leste.
O CMATS determina
que os resultados da exploração do Greater Sunrise, que vale biliões de
dólares, são repartidos igualmente entre os dois países e impede a definição
das fronteiras marítimas entre Timor-Leste e a Austrália durante um período de
50 anos.
MSE // VM - Lusa
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