Cidade da Praia, 18
fev (Lusa) - O ministro cabo-verdiano das Relações Exteriores afirmou hoje
acreditar num consenso sobre a adesão da Guiné Equatorial à CPLP já na reunião
do Conselho de Ministros de Maputo, que começa quarta-feira na capital
moçambicana.
Entrevistado pela
Rádio de Cabo Verde (RCV) antes de partir para Maputo, Jorge Borges indicou que
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste já defenderam a entrada da Guiné Equatorial na Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa (CPLP), com Portugal como único Estado que se opõe.
"Não podemos
colocar a questão entre Portugal e a Guiné Equatorial. Politicamente, teremos
de a analisar enquanto instituição, pelo que têm de se aproximar posições e
dirimir os pontos que não estão bem esclarecidos. Há um consenso, é uma
instituição que se gere por consensos, e ninguém tem direito de veto",
disse.
"Eu não
colocaria essa questão nessa base. Portugal e a Guiné Equatorial têm estado a
falar diretamente, era isso que era necessário proporcionar, e isso já
aconteceu. Pensamos que poderemos ter uma posição de consenso na reunião"
em Maputo, acrescentou.
Por outro lado,
Jorge Borges afirmou que o que está em causa na candidatura da Guiné Equatorial
não é o seu potencial económico, mas sim os laços culturais comuns aos
restantes países da CPLP.
"Há outros
países também economicamente fortes, com quem podemos trocar experiências,
apoiar-nos mutuamente, o que é o princípio da própria organização. Não penso,
não creio, ser esse só o móbil, por ser um país economicamente forte. Há
afinidades culturais e relações históricas que o justificam", sustentou.
"A própria
Guiné Equatorial sente que a CPLP, pelo desenvolvimento que tem, pode ajudá-la
nesse processo de democratização e de desenvolvimento inclusivo, mais nessa
base cultural e política do que numa ótica puramente económica.
Sobre outro dos
temas que estará em destaque no Conselho de Ministros de Maputo é a questão das
eleições na Guiné-Bissau, o chefe da diplomacia cabo-verdiana desdramatizou um
eventual adiamento da votação, marcada para 16 de março e manifestou-se
satisfeito pelo evoluir do processo.
"Tudo aponta
que haverá um adiamento. Regozijamo-nos com as notícias de que o processo
decorreu com o agrado de todas as partes. Agora, há que garantir que o processo
eleitoral decorra da melhor forma e tentar estabelecer o acompanhamento após as
eleições", concluiu.
A candidatura da
Guiné Equatorial à CPLP foi chumbada por Portugal, que impôs três condições: a
introdução do português como língua oficial (já aprovada), o ensino do
português (que está em curso) e uma moratória sobre a pena de morte, que ainda
falta ser aprovada pelo governo de Obiang.
JSD // PJA - Lusa
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