Folha 8 - 22 fevereiro 2014
O total de vistos
de entrada emitidos em 2013 pelos consulados portugueses em Angola (Luanda e
Benguela) foi de cerca de 45 mil, praticamente o mesmo valor de 2012. Estes
dados foram referenciados a propósito da Reunião dos Pontos Focais do
Protocolo Bilateral sobre Facilitação de Vistos Angola-Portugal, realizada em
Luanda. Também em matéria de vistos “gold” os angolanos estão a dar cartas em
Portugal.
O Protocolo sobre a
Facilitação de Vistos (PFV) entre Angola e Portugal foi assinado em Lisboa a
16 de Setembro de 2011, pela parte angolana pelo ministro das Relações Exteriores,
Georges Chikoti, e pela parte portuguesa pelo então ministro de Estado e dos
Negócios Estrangeiros, Paulo Portas.
O objectivo é
facilitar a circulação de nacionais de Angola e de Portugal, eliminando
barreiras ao desenvolvimento das actividades das empresas e do investimento,
assim como ao intercâmbio nos domínios académico, cultural, científico e
tecnológico e na área da saúde.
Fonte diplomática
acrescentou que nas reuniões de Luanda e de Lisboa vão avaliar-se a implementação
das decisões saídas da Reunião Plenária de Pontos Focais, que teve lugar em
Benguela em Abril de 2013, “identificando aspectos a melhorar na aplicação do
Protocolo sobre Facilitação de Vistos e aperfeiçoando a cooperação bilateral
neste domínio”.
Entretanto, só em
Janeiro Portugal facturou em vistos “gold” 27 milhões de euros. Os chineses
lideram destacados a lista dos cidadãos estrangeiros que recebem os vistos,
seguindo-se cidadãos da Rússia, Brasil, Angola e África do Sul.
O ministro
português dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, confirma que Portugal
concedeu nas três primeiras semanas de Janeiro 49 vistos “gold”, que se
traduzem num volume de investimento de 27 milhões de euros no país.
“2014 será, tal
como em 2013, mais um ano promissor”, disse o governante, lembrando que no ano
passado Portugal concedeu cerca de 470 vistos para actividade de investimento,
num total que rondou os 300 milhões de euros.
Rui Machete fez
estas declarações durante a assinatura de um protocolo sobre emissão de
vistos para turistas oriundos de mercados com interesse estratégico do sector
do turismo em Portugal, Rússia, China, Índia, Emirados Árabes Unidos e Colômbia.
As autoridades
lusas admitem que, apesar de Angola ter um estatuto diferente de outros
países, também em matéria de vistos “gold” o aumento deverá ser significativo,
sendo um reflexo da pujança económica do nosso país e da diversificação e
crescimento quer do número de empresários quer das áreas de negócios.
A cerimónia sobre a
emissão de vistos para turistas contou com a presença do ministro da Economia,
António Pires de Lima, que destacou a importância de serem alocados “meios e
recursos para abrir o mercado nacional a um número muito considerável de
novos turistas”.
“Com este
protocolo, o Estado agiliza, no estrito e rigoroso cumprimento de todas as
regras legais de segurança, de controlo de fronteiras e de acesso ao Espaço
Schengen, a emissão de vistos que possibilitem a vinda de dezenas de milhares
de turistas para Portugal”, disse.
Na prática, segundo
o ministro, aquilo que este protocolo coloca em funcionamento é uma partilha
de meios técnicos e humanos do Turismo de Portugal ao serviço desta “agenda de
diplomacia económica”.
Os encargos
financeiros inerentes a este reforço, de acordo com Pires de Lima, serão
suportados pelo Ministério da Economia.
“Quanto mais
dinâmico for o sector, mais ganha a nossa economia, em geração de riqueza e em
criação de emprego”, sublinhou na cerimónia, que contou também com a presença
do secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida.
De acordo com os
dados do ministro da Economia, na China, por exemplo, espera-se que este acordo
permita um aumento significativo do fluxo turístico “num mercado que emite
mais de 83 milhões de turistas internacionais e que é responsável pelo primeiro
lugar no ‘ranking’ de gastos turísticos no exterior.
“Sabemos que 4,5%
dos turistas chineses viajam para a Europa e que Espanha representa já 10%
desse mercado, cerca de 400 mil turistas”, acrescentou.
Para Pires de Lima,
o aumento da procura por Portugal poderá potenciar, neste caso, a existência
de uma ligação aérea directa, o que “seria muito desejável, sendo este um
factor decisivo para o crescimento do mercado”.
O governante citou
ainda um relatório da Comissão Europeia, onde se estima que em 2012, devido ao regime
de vistos, os países membros do Espaço Schengen (onde se inclui Portugal)
tenham perdido mais de 6,5 milhões de potenciais turistas provenientes de
seis mercados emissores e onde se incluem precisamente a China, a Índia e a
Rússia.
De acordo com o
ministro português Paulo Portas o visto, ou “visa golden” como foi inicialmente
baptizado, é uma autorização dirigida a não europeus que queiram investir em
Portugal.
“Criar uma empresa,
uma fábrica, ou fazer uma transferência para o nosso sistema financeiro”, disse
o ministro, referindo-se também às regras de atribuição dos vistos especiais.
“Isto tem regras,
tem uma avaliação de segurança e este visto é o mais competitivo e ajuda a
trazer dinheiro para a economia portuguesa e a gerar riqueza na economia
portuguesa, e isso é o mais importante neste momento”, diz Paulo Portas.
“Ou seja, quem
investe agora em Portugal é bem tratado pelas autoridades portuguesas, porque
está a criar postos de trabalho, está a animar o mercado da construção e está a
dinamizar a economia”, disse ainda o ministro, especificando que o visto
“gold” é concedido a quem neste momento crie pelo menos dez postos de trabalho,
quem compre propriedades em Portugal de pelo menos meio milhão de euros e a
quem transfira para o sistema financeiro português pelo menos um milhão de
euros. O processo prevê a atribuição de residência durante o prazo de um ano,
renovável por períodos sucessivos de dois anos.
“Portugal concedeu
até ao fim do ano passado 471 vistos “gold’, que se traduzem num volume de
investimento de 306,7 milhões de euros no país. De acordo com os dados
oficiais de Lisboa, das 471 autorizações de residência para actividade de
investimento, a maior parte respeita a investimento em imobiliário, num total
de 272,4 milhões de euros dos mais de 300 milhões de investimento em Portugal.
De acordo com o
Governo, que tem vindo a divulgar e promover o programa em missões ao
estrangeiro, nomeadamente na Rússia e China, nove processos foram até ao
momento “indeferidos por incumprimento de critérios”.
O novo regime,
simplificado em 28 de Janeiro pelo despacho º 1661-A/2013, permite que
cidadãos de países terceiros, que não pertençam à União Europeia ou não
integrem o Acordo de Schengen, garantam uma autorização de residência em
Portugal para desenvolver uma actividade de investimento.
Para a atribuição
do visto “gold”, o despacho impõe que a actividade de investimento, promovida
por um indivíduo ou uma sociedade, seja desenvolvida por um período mínimo de
cinco anos, prevendo-se várias opções, em que se incluem a transferência de
capital num montante igual ou superior a um milhão de euros, a criação de pelo
menos dez postos de trabalho ou a compra de imóveis num valor mínimo de 500
mil euros.
Para efeitos de
renovação da autorização de residência, exige-se ainda ao investidor, para
além do período de investimento mínimo de cinco anos contado a partir da data
da concessão da autorização de residência, que comprove ter cumprido o
período mínimo de permanência no território português exigido, de sete dias
consecutivos ou interpolados no primeiro ano, ou catorze dias consecutivos ou
interpolados no período subsequente de dois anos.
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