Armando Estrela –
Jornal de Angola
O Serviço Nacional
das Alfândegas (SNA) quer que os importadores dos produtos da cesta básica
mantenham os preços em consonância com as isenções previstas na Pauta Aduaneira
que entrou em vigor.
O SNA realizou
encontros com representantes dos importadores dos produtos da cesta básica e
também com os de hortícolas, tabaco, bebidas, água de mesa e viaturas, produtos
com as taxas agravadas na nova Pauta Aduaneira.
O Conselho de Ministros propôs em 2011 medidas de natureza tributária, legal e
administrativa destinadas a reduzir as despesas aduaneiras e os encargos
portuários na importação dos produtos que integram a cesta básica, para
diminuir o preço no consumidor final.
As Alfândegas tomaram todas as providências para a retirada dos obstáculos que
encarecem os produtos da cesta básica.
Dificuldades de fiscalização fazem com que os importadores especulem sobre os
preços até de produtos protegidos por Lei.
Para a isenção de produtos da cesta básica apenas é exigido ao importador o
comprovativo de que vende os produtos no circuito formal da economia e que está
pronto a submeter-se à auditoria regular das Alfândegas ou da Polícia
Económica, apesar de ser regra a necessidade dos importadores se sujeitarem à
inspecção regular dos departamentos de Tarifa e Comércio e de Fiscalização
Aduaneira do SNA.
Para as Alfândegas, a importação de produtos da cesta básica (leite em pó,
farinha de trigo, feijão, farinha de milho, arroz, óleo alimentar e de palma,
açúcar e sabão com peso superior a 1,5 quilogramas) é automática e não carece
de autorização de qualquer instância dos serviços aduaneiros do país.
O chefe do Departamento de Tarifas e Comércio das Alfândegas, Garcia Afonso,
questionou os importadores sobre o aumento dos preços dos produtos protegidos,
apontando um estudo das Alfândegas que mostra que os importadores beneficiaram
de isenções e, ao longo do tempo, não baixaram o valor das mercadorias nem
sequer produziram qualquer valor acrescentado ao salário dos trabalhadores.
O SNA apela aos importadores para atitudes honestas nesta nova fase, sob pena
de serem sancionados “com medidas fortes” que podem levar o importador à
categoria de “risco”. Outra medida sobre os importadores de risco é a divulgação
dos seus dados nos meios públicos de comunicação social e a retirada da licença
de prestação de serviços de importação e de exportação.
Problemas dos importadores
Para os importadores, o problema que se coloca ao aumento de preços está ligado
aos operadores que são seleccionados para a importação dos produtos da cesta
básica. Garcia Afonso negou que esse problema se coloque, porque quem importa
produtos da cesta básica deve utilizar os códigos de isenção. “Não se trata de
importador singular ou colectivo: o importante é que sejam mercadorias da cesta
básica”, esclareceu Garcia Afonso.
O outro problema que os importadores levantaram está ligado com o valor cobrado
na inspecção de qualidade de produtos pela Bromangol. Perguntou-se, na reunião,
que fazer com as inspeções laboratoriais, uma das causas apontadas como
determinantes para o preço dos bens da cesta básica. Apesar de vigorar a
isenção de taxas aduaneiras e do imposto de consumo sobre determinados
produtos, os importadores são obrigados a pagar os emolumentos específicos
decorrentes da tramitação legal de qualquer documentação, na ordem de dois por
cento.
Isenção de taxas
Em Angola, a isenção aduaneira sobre a cesta básica começou a ser discutida em
1999, no período de negociações para a definição do salário mínimo nacional,
mas só em 2008 foi incluída na Pauta Aduaneira-Sistema Harmonizado 2007, depois
de consensos entre o Executivo e os demais operadores do comércio internacional.
Desde essa altura, o Estado definiu que a cesta básica era um conjunto de
produtos básicos para o sustento de uma família de pelo menos seis pessoas,
durante um mês. Essa medida de isenção, ainda actual, é provisória, uma vez
que, ao entrar em vigor a nova Pauta Aduaneira-Versão 2012, há necessidade de
se articular esse privilégio aduaneiro com a produção nacional.
Este assunto consta de um memorando elaborado pelo Ministério das Finanças que
recomenda os serviços tributários a articularem-se progressivamente, no quadro
dos consensos alcançados junto dos parceiros que lidam com a importação e
exportação de mercadorias, tendo como perspectiva a salvaguarda da produção
nacional e os pressupostos que reflectem a Pauta Aduaneira.
Foto: Kindala Manuel
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