terça-feira, 8 de abril de 2014

Líder do Partido Trabalhista de Timor-Leste sob termo de identidade e residência




Díli, 08 abr (Lusa) - O tribunal distrital de Díli decidiu hoje colocar a líder do Partido Trabalhista de Timor-Leste, Ângela Freita, sob termo de identidade e residência, na sequência duma resolução do parlamento contra grupos acusados de desestabilizar o país.

"O tribunal aplicou o termo de identidade e residência e entrega do passaporte e quando precisar de viajar para o estrangeiro pede o passaporte", disse à agência Lusa o advogado de defesa da antiga candidata às presidenciais de Timor-Leste, Paulo Remédios.

Segundo Paulo Remédios, a entrega do passaporte foi iniciativa de Ângela Freitas para "não se falar de hipótese de fuga" e a medida de coação foi imposta no âmbito da resolução do parlamento timorense.

A defesa informou também que Ângela Freitas foi detida sábado no aeroporto de Díli quando chegava de Bali, Indonésia, onde esteve a receber tratamento médico.

O parlamento de Timor-Leste aprovou em março uma resolução em que pede à polícia para fazer cumprir a lei e a condenar o classifica como tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas pelo Conselho de Revolução Maubere e pelo Conselho Popular da Defesa da República de Timor-Leste (CPD-RDTL).

No âmbito da operação desencadeada pela polícia, na sequência da resolução do parlamento, foram detidos preventivamente Paulino Gama (Mauk Moruk), ex-comandante das Brigadas Vermelhas, e o comandante Labarik, também ex-comandante das Falintil.

Vários outros indivíduos ficaram sob termo de identidade e residência.

Na sexta-feira, o governo timorense aprovou, também no âmbito da resolução do parlamento, uma missão conjunta, entre a polícia nacional e as forças de segurança, para restabelecer a estabilidade pública no distrito de Baucau, a leste de Díli, para "prevenirem focos de instabilidade".

"O empenhamento operacional das Forças de Segurança e das Forças de Defesa foi aprovado pelo Governo para restabelecer a estabilidade pública em Laga, Quelicai, Baguia e Wato-Lari. Esta medida foi tomada após um ataque armado à PNTL, a 10 de março, no distrito de Baucau, durante uma ação de policiamento comunitário para controlar grupos ilegais", sublinha o governo.

O Conselho de Revolução Maubere, liderado por Mauk Moruk, exige a dissolução do parlamento, a demissão do Governo, a convocação de eleições, a restauração da Constituição de 1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.

O CPD-RDTL é um grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que se encontra sob termo de identidade e residência, que, após a restauração da independência, realizou várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento da independência proclamada em 1975, bem como a saída das organizações internacionais do país.

A semana passada, o primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, disse que a operação que a polícia timorense está a realizar contra grupos acusados de desestabilizar o país decorre sem problemas, mas só termina com a entrega de armas.

"A operação feita pela polícia continua a decorrer por todo o território. Não há ameaças de violência, não há ameaças de confrontos físicos e armados. A população tem reagido bem e as pessoas que receberam fardas têm cooperado e entregado", afirmou Xanana Gusmão.

"A operação só acabará quando vierem entregar as armas", salientou Xanana Gusmão, que acumula também a pasta da Defesa e Segurança.

Segundo a imprensa timorense, Ângela Freitas será alegadamente secretária-geral do Conselho de Revolução Maubere.

MSE// APN - Lusa

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